O plantão da noite já estava acabando acompanhado pelo nascer do sol em Teskir até um pequeno grupo invadir a sala de espera carregando uma pessoa desacordada e gritando por ajuda. O enfermeiro chefe suspirava, afinal, as pessoas pareciam se esquecer de que silêncio era uma coisa fundamental em um hospital pra não assustar as que estavam na sala de espera, apesar de que naquele amanhecer não havia ninguém ali, então ele ficava um pouco mais calmo, mas ainda assim pediu silêncio para o grupo enquanto chegava para que ele avaliasse a situação. Ele indicava uma maca para deitarem o jovem desacordado e colocava o estetoscópio no ouvido para conferir os batimentos cardíacos dele.
— O que aconteceu com ele? - perguntou o enfermeiro.
— Passamos por umas dificuldades e ele ficou assim. - respondeu um garoto moreno que parecia estar extremamente cansado e com um olhar sem vida.
— Eu preciso que sejam mais exatos pra poder dar um tratamento adequado. Aqui é um hospital, é seguro, não vou julgar o que fizeram. Só preciso que me digam.
Ele notava que os braços do garoto estavam enfaixados por baixo das mangas da camisa, então retirava cuidadosamente algumas das ataduras e notava as queimaduras e cortes. Ele franzia a testa pois aquilo era estranho, parecia mais um caso de auto mutilação, mas os batimentos dele estavam fracos como pôde constatar e isso deveria ser resolvido logo.
— Pode ter sido por causa de uma descarga do poder dele em uma confronto contra um mercenário e depois que aconteceu, ele apagou e ficou com essas feridas... O senhor vai conseguir ajudar ele né? - perguntou o cara mais alto.
— Tenho que analisar o caso com cuidado, mas é provável que sim. Qual é o tipo de poder dele?
— Luz. - responderam todos em uníssono.
— Tá bem, acho que tem como dar um jeito. Como é o nome dele?
— Angelo.
— Angelo do quê?
— Ele nunca disse o sobrenome pra gente, então só sabemos que é Angelo.
O enfermeiro esfregava as têmporas com os dedos da mão esquerda e suspirava. Pelo menos ele não seria mais um indigente na enfermaria, mas a quantidade de pessoas que não sabiam o nome completo de alguém do seu grupo parecia estar aumentando a cada dia que passava e isso o incomodava.
— Esperem por aqui. Eu vou levar ele pra iniciar os exames e fazer o tratamento. Tentem descansar enquanto isso, vocês parecem estar exaustos.
— Posso acompanhar os exames? - O mais alto perguntava.
— Só não tente me impedir de fazer meu trabalho. Vá com ela pra fazer uma descontaminação e troque de roupa, não vou deixar que contamine outros pacientes. Enfermeira! - ele se virava para uma moça que estava passando e indicava o homem alto para fazer uma descontaminação. — Ele vai acompanhar esse aqui. Seja rápida, estou levando o paciente.
O enfermeiro chefe ia levando a maca com o enali desacordado pelo corredor até atravessar portas duplas que levavam para a área de exames e tratamentos intensivos, enquanto o outro era levado para a sala dos enfermeiros. Os outros três iam para a sala de espera, mas só a garota e o experimento se sentavam juntos, o outro se afastava um pouco e pegava um jornal com palavras cruzadas pra fazer, claramente pra evitar alguma conversa. Cristine percebia que os olhos de Drake pareciam estar sem vida e isso a deixava muito preocupada, mas entendia que ele precisava de um tempo depois de uma experiência traumática, e ela se pegou pensando na quantidade de experiências traumáticas que haviam passado naquela viagem. Ele já foi quase morto por ela, quase devorado por uma serpente gigante, teve as costas queimadas por um cara que tinha problemas com ela, por mais que ela não se lembrasse dele, por uma sacerdotisa no templo Ushi, por ela de novo e então... Aquilo. Muita coisa em muito pouco tempo. Rey também estava mais quieto que de costume, mas dava pra perceber o que estava o incomodando, já que não parava de olhar para as portas da ala de exames. Ela passava a mão pela cabeça dele, fazendo um carinho para tentar o acalmar.
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Herança de Sangue - Parte Um
FantasiNem sempre uma boa aventura começa bem. Nem sempre ela termina bem. Mas a verdade, é que não existem aventuras boas ou ruins, apenas aventuras. E esta... Bem, esta é uma aventura. Talvez a felicidade espreite pelas páginas desta história, mas talve...