Capítulo 16 - Templo Ushi, Parte 1

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A luz do sol não ajudava a tornar o templo menos assustador. Pelo contrário, agora deixava claro a presença dos corpos do lado de fora, pelo menos uma dúzia de esqueletos e corpos em estado avançado de decomposição rodeavam a entrada do templo, ao lado do arco de entrada que agora parecia uma boca aberta com dentes pontiagudos. Era como entrar na boca da fera. E era assim que os três aventureiros estavam se sentindo. A cada passo que eles davam para entrar no templo de pedras arredondadas fazia cada centímetro de seus corpos ficarem tensos. Havia algo ali que os deixavam extremamente nervosos, além da preocupação com o Drake. Eles davam alguns passos mais para dentro e, por algum motivo, o lugar estava completamente escuro, como se as aberturas que formavam janelas estivessem vedadas, impedindo a luz do sol de entrar. Estava escuro de forma que eles não conseguiam enxergar muito à frente.

— Pessoal, eu vou na frente iluminando o caminho. - dizia Angelo, sacando sua espada. — Tomem cuidado, precisamos achar o Drake o mais rápido o possível.

Angelo iluminava sua espada, canalizando seu poder para a lâmina. O cheiro de carne podre e o barulho do bater de asas das moscas tomavam conta do local, e isso incomodava demais. Talvez fosse esse o cheiro da morte que tanto falavam que rondava aquele lugar. Mas não tinham tempo pra se preocupar ou voltar só por causa disso. Precisavam encontrar o Drake. Com a iluminação que Angelo fazia, dava para ver que as paredes do templo, que outrora eram lisas e cheias de vida, estavam com marcas profundas, golpes de espada ou até mesmo garras, talvez. E a cada seis passos, uma cabeça esquelética estava fincada na parede, com sua boca aberta como em um grito eterno de dor e agonia.

— E pensar que isso já foi um templo... - Cristine falava com certa tristeza.

— É... Uma falta de respeito com a história desse lugar. - Comentava Connor, entre sussurros.

Os aventureiros estavam andando em silêncio, fazendo o mínimo de barulho que conseguiam. Connor sacou sua espada curta, por conta do espaço daquele corredor de entrada não dar a ele mobilidade suficiente para usar a alabarda e Cristine estava preparando uma flecha no arco quando Connor pisou em algo no chão que emitiu um clique. Por sorte, ou talvez por puro reflexo, Connor se jogou para frente, esquivando de uma lâmina enorme que saiu da parede para o partir ao meio. A lâmina ainda estava cheia de sangue seco, pelo que conseguiram enxergar com a luz que Angelo emitia pela sua espada.

— Isso... Isso... - Connor custava a falar.

— Era uma armadilha! Ah cara! - Angelo passava a mão pelos cabelos. — Eu não acredito! Além de monstros que a gente vai acabar achando, armadilhas??? Quem projetou esse lugar??

— Meninos, tá tudo bem aí?? Se machucaram? - Cristine perguntava aflita.

— Tá tudo bem com a gente! - dizia Connor. — E você?

— Acho que nós vamos acabar morrendo aqui. - Angelo disse, distraidamente.

— Cala a boca, Angelo! Nós vamos achar o Drake e sair!

A lâmina ia se recolhendo de volta para a parede e tanto Connor quanto Angelo conseguiam ver Cristine muito irritada com o comentário do enali. Connor saía da frente quando ela começava a andar e Angelo deu dois passos para trás, ouvindo mais um clique que o chão tinha feito quando ele pisou. Ele iluminou melhor o lugar a tempo de ver pequenas aberturas dos dois lados da parede se revelarem e se jogou, derrubando Cristine, antes que várias agulhas começassem a ser disparadas continuamente de um lado para o outro da parede. Connor ia abaixado e pegava uma dessas agulhas já disparadas e percebia que ela estava úmida.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora