Herança de Sangue - Parte Um

Capítulo 23 - Jornada até Arath

Arath era muito distante de Tormin, cidade de onde eles partiram. Mesmo com as carruagens, levariam algumas semanas para chegar lá e o barulho dos cascos dos cavalos na estrada cansava o pequeno grupo. Drake havia pago uma taxa extra para levarem Connor, Cristine e Rey, além de comprarem o silêncio deles para que Undin não soubesse dos viajantes conjuntos, já que ele que pagou tudo para levar ele e Angelo para Arath em segurança. Graças a isso, o grupo precisou de dividir de acordo com o que os condutores quiseram e acabou que Connor e Angelo, muito a contragosto, foram na mesma carruagem, enquanto que Drake, Cristine e Rey foram juntos.

Mas não foi de todo o mal, pois graças a isso eles descobriam coisas em comum. Por exemplo, Connor e Angelo detestavam comer fígado, Drake e Cristine gostavam de frutas mais cítricas e perceberam que Rey tinha medo de ficar sozinho. Então, eles revezavam para que Rey dormisse com pelo menos um deles todas as noites, mas o jovem Experimento acabou preferindo dormir com Cristine e vez ou outra com Drake, que contava histórias pra ele pegar no sono. Até mesmo na hora de dormir havia uma certa divisão, pois as tendas eram para uma, no máximo duas pessoas e eles também decidiam quem ia dormir com quem, apenas Rey que podia em qualquer uma das tendas.

— Drake... Já está dormindo?

— Não... Está desconfortável comigo?

— Não é isso... É que eu queria entender uma coisa.

— Pode perguntar.

— Porquê você se fecha quando a gente pergunta dos seus poderes?

— Porque eu não tinha. É complicado... Não sei bem como reagir e não sei quanto tempo vai durar e se vai ter algum efeito colateral, sabe?

— Entendi... - ela se vira, ficando de costas pra ele. — Drake... Eu ouvi a sua conversa com Angelo outro dia, sobre sua família...

— Tudo bem. - ele também ficava de costas para ela. — O assunto te incomodou?

— Não, é só que... - ela suspirava. — Minha família é o Connor. Ele evita falar sobre as nossas mães e eu entendo que seja pra me proteger de alguma forma, não sei... É o que ele diz. Mas sabe... Eu fico triste porque não tenho nenhuma lembrança delas, ou da voz delas, ou do carinho delas, eu não lembro de nada... Era muito pequena quando aconteceu... - ela colocava a mão no peito. — Dói muito quando tento lembrar delas porque eu não consigo sequer lembrar do rosto delas! Eu... Você acha que eles ficam tristes com isso?

— Não. Acho que elas estão com vocês o tempo todo. E como você é a caçulinha delas, com certeza estão te protegendo.

— Você lembra que a gente quase morreu algumas vezes né?

— E sempre ficamos no quase. Elas estão com você, Cristine. Se não ao seu redor, no seu coração. Não se culpe por não lembrar, você não tem culpa do que aconteceu.

Drake logo sentia que ela o abraçava, encostando a cabeça em suas costas. Não demorava pra que percebesse que ela estava chorando, então se virou para retribuir o abraço da garota e a acalentar.

— Vai ficar tudo bem. Estamos aqui com você e não vamos te deixar sozinha.

— Promete?

— Prometo.

Enquanto isso, Connor e Angelo também estavam conversando, mas sobre outro assunto e Rey estava acordado com eles.

— Mas é como eu estava te dizendo, você precisa treinar mais o seu poder. Ou então você só vira uma luminária ambulante.

— E como eu vou fazer isso, faísca nervosa? Você tem noção de como se manipula luz?

— E você tem de como se manipula eletricidade? A base pode ser parecida, olha só.