Capítulo 22 - Histórias Paralelas, parte 2

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Vilter ficava cada dia mais perto e ela dormiu, comeu e falou muito pouco. O silêncio havia se tornado incômodo, mas a voz de outra pessoa também a incomodava bastante. Isso era chato, muito chato, pois além do silêncio e da voz do homem que a ofereceu uma passagem relativamente segura, ainda estava começando a ouvir vozes por não dormir direito.

— Saco.

— O que? - perguntava o homem, calmamente.

— Nada. Falta muito pra chegar? Eu tenho uma certa pressa e... - ela parava, franzindo a testa.

— E...?

— Estamos sendo seguidos! Corra!

O homem olhava para trás e não via ninguém, então olhava para a mulher ao seu lado, que apertava os próprios braços e respirava rápido, como se estivesse sem ar. Ele não queria, mas atiçou os cavalos que puxavam a carroça para irem mais rápido e, depois de pouco tempo, uma flecha zuniu e se fincou na carroça, despertando ele para a realidade: estavam realmente sendo seguidos. Ele sequer cogitaram perguntar como ela descobriu, só tentou atiçar os cavalos para irem mais rápido, por mais que eles estivessem cansados... Mas como já parecia óbvio, eles foram emboscados. O homem ainda tentou puxar alguma coisa do que ele carregava na carroça, mas uma lâmina foi colocada em seu pescoço antes que pudesse fazer alguma coisa. Foram abordados por seis pessoas, com uma mais atrás que apenas observava. Dois deles começavam a rir enquanto se aproximavam da mulher.

— Parece que vamos ter um extra, rapazes! Quem quer se divertir com essa belezinha primeiro?

— Não ousem me tocar! Vão se arrepender disso!

— E ela ainda é brava! Do jeitinho que a gente gosta! Assim é mais gostoso, gracinha.

— A gente vai fazer muito mais do que só te tocar. Quantos de nós você acha que aguenta antes de desmaiar?

— Já disse pra não me tocarem.

E, enquanto os seis riam enquanto cercavam a carroça, o que falou primeiro agarrou o braço dela e, quase instantaneamente, caiu no chão se debatendo com a boca espumando. E, por alguns momentos, os risos cessaram e todos se afastaram dela. O único som que podia ser ouvido era o do homem que começava a sangrar pelas orelhas, olhos e nariz se debatendo e engasgando antes de morrer. MALDITA! Gritou um dos companheiros dele e ameaçava disparar uma flecha contra ela, mas depois de um olhar, ele largou o arco e enfiou a flecha no próprio pescoço. Depois disso, todos se afastaram mesmo do lugar onde ela estava e correram para perto do que estava afastado, que não havia esboçado nenhuma reação.

— Eu disse pra não me tocarem. Vão embora, eu tenho pressa.

— Quem é você, mulher? E que tipo de poder é esse?

— Não te devo satisfações.

— Deve. Seria muito fácil falar para os guardas do exílio que alguém saiu de lá.

Ela arregalou os olhos pela surpresa, assim como o homem que seguia ao seu lado na carruagem, que a esta altura estava pálido de medo. Mas logo depois a surpresa deu lugar à raiva.

— E por qual motivo acha que vim do exílio?

— Simples. Eu também saí de lá. Minhas pendências acabaram e eu decidi seguir essa vida, não consigo mais viver em sociedade. Você percebeu a gente chegando antes mesmo que eu desse a ordem de ataque. A menos que seu poder seja ler mentes a uma distância grande como a que estávamos, você com certeza veio do exílio. Pela sua cara de chocada, eu acertei. Agora, posso saber seu nome, ao menos? Vamos deixar vocês irem, não quero mais de meus homens mortos.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora