Capítulo 37 - Histórias Paralelas, parte 5

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Aquela taberna estava sem muita agitação naquela noite e o taberneiro estava olhando com estranheza para o último cliente que havia entrado. Desde que chegou, ele não tirava os olhos do quadro da Alura que estava pendurado ali. Ele se incomodava com aquilo, pois não sabia dizer o que se passava atrás daqueles olhos puxados. Talvez ele tivesse percebido, pois desviou o olhar e começou a comer com certa classe, como se tivesse tido aulas de boas maneiras desde a infância. Não muito tempo depois dele terminar, a bibliotecária da cidade apareceu na taberna e foi diretamente até a mesa dele. O taberneiro estranhava ainda mais, pois não era do feitio daquela pessoa simplesmente aparecer nos lugares assim. Como não estava tão perto, não conseguiu ouvir a conversa, ainda mais porquê um viajante chegou pedindo bebida.

— Livia Blake. Quanto tempo, não é? - disse ele, com um sorriso cínico no rosto.

— Oi, Nestus. Espero que tenha passado por maus bocados.

— Nossa, que jeito de tratar um velho amigo...

— O que te trouxe aqui hoje? Quer mais algum livro raro que não vai me devolver nem pagar?

— Na verdade, vim devolver os seis. Só dei uma parada aqui antes pra poder comer, afinal, O Grande Nestus também precisa se alimentar.

— Oh... Deu sorte no que procurava?

— Não... Na verdade, descobri uma coisa interessante! Toma, é o pagamento pelo atraso pra devolver os livros.

Ele tirava da sua bolsa com cuidado uma espécie de tubo cilíndrico, que a entregava com um sorriso de satisfação. Livia sempre desconfiava desse sorriso dele, mas também sabia que ele conseguia encontrar coisas muito difíceis. Ela tirou a tampa do tubo e retirou com cuidado um pergaminho muito antigo e custava a acreditar no que estava vendo. Depois de enrolar com muito cuidado e guardar novamente no tubo, ela o encarou espantada.

— Como você conseguiu isso??

— Eu, O Grande Nestus, sempre tenho um jeito de conseguir as coisas. Interessante que isso estava tão mal protegido, acho que não sabem a importância que isso tem.

— Com toda certeza não. Bem, já que me trouxe isso, talvez eu possa te ajudar com uma coisa. Eu descobri uma coisa sobre as crianças que você tá procurando.

— Mesmo? - ele fazia uma cara de descrença e tédio.

— É. Mesmo. Mas se não quiser saber, eu pego os livros que você trouxe de volta e vou pra casa. - ela fazia menção de se levantar e ele a impedia.

— Não. Se a informação for segura, fique.

— É segura. - ela dizia com um sorriso de satisfação. — Tem uma cidade chamada Andora, acho que já ouviu falar. Um guarda de lá foi morto há quinze anos por insubordinação e por dar uma surra no seu capitão. Engraçado, né? Apagaram todas as informações sobre o motivo da briga e deram um jeito de silenciar os que apoiavam o tal guarda.

— Com silenciar, você quer dizer que foram enterrados. Tá enrolando demais, Livia.

— A informação completa precisa de todo o plano de fundo de informações, agora continue escutando. Um dos apoiadores conseguiu fugir de lá antes que sua pena fosse executada, ele era um bom médico do exército de campanha. Depois que ele fugiu, ninguém mais soube pra onde ele foi ou o que aconteceu, então deram ele como morto. Mas é este quem você precisa achar.

— Um cadáver?

— Não. Ele ainda está vivo. E sabe... Uma fonte muito segura me indicou uma cidade um tanto quanto longe daqui como o paradeiro dele. Só ir a Teskir e procurar no hospital.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora