Capítulo 7 - Perigo Noturno

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– Todo o resto da cerimônia foi continuado com um clima estranho. É mais do que raro isso acontecer, sabe? Mas o Chefe me chamou pra falar com ele no gabinete e me disse pra fugir. A Oráculo me disse que ninguém que teve essa marca conseguiu sobreviver, e o que sobreviveu mudou de nome e se exilou por frustração com o fracasso.

Angelo deu um longo suspiro nessa hora. Drake ouvia atentamente cada palavra que o enali lhe dizia e anotava algumas coisas em seu caderno.

– Mas e o que aconteceu depois? Você simplesmente fugiu? – Perguntou Drake com curiosidade e estranhando Undin ter aparecido nessa história.

– Não, eu ainda fui em casa. Olhei essa marca no espelho e me senti um homem amaldiçoado. Daí quando meus pais chegaram, eles disseram que eu ia conseguir e que tomasse cuidado, que eles estariam me esperando. Mas o pior foi encontrar Rosie quando eu estava saindo de casa.

– Por que?

– Ela me deu um abraço pedindo desculpas, dizendo que queria que isso tivesse acontecido a ela e não a mim, então eu fiquei sem saber o que dizer e... – Ele respirou fundo com os olhos fechados, como se lhe doesse lembrar disso. – E eu disse que ia ficar tudo bem, mas que agora nós não íamos mais nos ver por muito, muito tempo. Eu saí correndo, deixei ela plantada na porta de casa e encontrei aquele velho.

– Undin?

– Sim. Ele me disse pra vir nessa direção, que eu ia achar uma cidade chamada Tormin e uma floresta e que eu podia começar meu trabalho encontrando alguém. Mas acho que vim muito rápido, então cansei de fazer nada e vim dar uma volta por aqui quando vi uns animais estranhos e alguns monstros, então pensei que podia fazer o meu feito heróico aqui.

– Ah, foi por isso... Bem, então eu estou indo pra mesma cidade que você. Agora durma, vamos montar turnos de vigia. Você deve estar muito mais cansado que eu, afinal, tudo isso acontecendo de uma vez! É difícil imaginar como você realmente está.

Angelo passou um curto tempo olhando para Drake, como se pensasse em alguma coisa que ele tivesse dito.

– Eu tenho uma espada. Seria melhor eu ficar de guarda primeiro.

Drake suspirou e fez que sim com a cabeça, mas disse para ele o acordar quando a lua estivesse alta no céu, o que Angelo concordou. Drake se deitou com as costas apoiadas na árvore e começou a cair em um sono leve. Depois de um tempo, Angelo desembainhou sua espada e ficou olhando para o reflexo de seu rosto na lâmina, vendo a marca que havia tirado seus sonhos, sua família, seu amor e sua tribo. A marca que o acompanharia pelo resto da vida iluminada pelas chamas da fogueira, deixando uma aparência mais macabra. A maldita marca que ele recebeu.

– Eu não entendo... – Sussurrou ele consigo, passando a mão em seu reflexo. – Por quê eu? Eu me contentaria com qualquer coisa, mas eu recebi logo uma missão que vai me matar...

Então após um suspiro, ele se levantou e foi até o rio, devagar, olhando para uma ninfa que colocava sua cabeça para fora da água, olhando pra ele com curiosidade. O garoto se aproximou para olhar ela melhor, mas esta saltou pra dentro d'água novamente. O jovem enali suspirou e iluminou sua espada o suficiente para iluminar uma pequena área, para manter os espíritos da noite afastados. A luz era sua aliada desde que ele havia descoberto que podia a utilizar, mas não havia treinado tanto quanto gostaria. Não tivera esse tempo por causa do que acontecera na tribo. Em sua mente, as palavras de Rosalie ecoavam. As palavras que ele não tinha contado a Drake.

– Talvez o seu destino seja grande demais pra você ser mantido aqui dentro da Tribo. Eu vou esperar você voltar, Angelo. Eu vou esperar por você, mesmo que isso leve a vida toda.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora