Capítulo 17 - Templo Ushi, parte 2

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Drake abria os olhos. Sua vista ainda estava embaçada, ele sentia uma dor lancinante em suas costas e na parte de trás de sua cabeça. A última lembrança que tinha era de ter visto mortos se mexendo na entrada do templo carregando armas e ter se virado pra avisar aos seus companheiros quando sentiu um golpe em suas costas e outro na sua cabeça. Ele piscava algumas vezes enquanto seus olhos se adaptavam à meia luz e então percebia um grande cristal à sua frente. Aquilo brilhava em um tom enegrecido de verde, parecendo pulsar. E ele estava se sentindo muito, muito mal.

— Confortável, aventureiro? - perguntava uma voz feminina.

Drake olhava para os lados, só então percebendo que estava acorrentado pelos pés e via que estava atrás de uma espécie de grade. Ele estava preso. Mas percebia que do lado de fora da cela havia uma pessoa. Não era uma pessoa alta, estava com um manto cobrindo seu corpo e um capuz escondia suas feições.

— Desculpe, mas... O que aconteceu? Por que estou sendo mantido preso? O que é esse cristal? Onde estão meus amigos?

— Você costuma fazer tantas perguntas ao mesmo tempo? É irritante.

— Desculpe é que...

— Shhh... Não gosto de desculpas vazias de aventureiros.

— Eu não sou um aventureiro.

— Ah não? Andando em grupo, acampando na frente do templo, carregando armas e montando guarda. Se não é um aventureiro, o que você é?

— Só estou de passagem.

— Sei... E o que isso aqui quer dizer?

Ela tirava de suas vestes uma carta. Drake a reconheceu imediatamente e suspirou. Se ela já sabia, era melhor não arriscar alguma história inventada.

— Tudo bem, eu confesso. Mas não sou um aventureiro, não menti quanto a isso. Eu vim procurar um colar de contas aqui a mando de um senhor de idade, que disse que precisa disso. Não faço ideia do que isso seja ou faça, mas fiz um acordo com ele.

— Hm. Isso te torna um aventureiro e um mercenário. E um mentiroso. Mentiu quando disse que não era aventureiro. E agora está dizendo que não sabe o que é o colar.

— Eu realmente não sei... Olha... Acho que começamos errado.

— Não vou te soltar daí.

— Não pedi pra me soltar. Eu conheço bem pouco da história desse lugar, mesmo tendo lido algumas vezes sobre ele e bem... Você está viva em um lugar cheio de monstros, convenhamos que isso não parece ser muito normal.

A mulher cruzava os braços e encarava o garoto acorrentado, como se estivesse medindo o que pensava em falar.

— Estou viva pois eu controlo os monstros daqui. Infelizmente, nasci com o poder da necromancia.

— Isso é... Impressionante, na verdade. São poucos os que nascem com esse poder.

— É um poder ruim.

— Não acho. Até por-

— Não ligo pros seus achismos, eu sei o que passei por causa disso.

Herança de Sangue - Parte UmOnde histórias criam vida. Descubra agora