Involuntary (XiCheng/ABO)

23

– Boa noite Lan Xichen! – O visitante desejou ainda no batente da porta.

– Boa noite Jiang Cheng. Entre. – O ômega pediu dando espaço para que o mais novo entrasse.

         O alfa sorriu e entrou indo até o cercadinho vendo os bebês dormindo.

– Ele deu trabalho? – Sussurrou olhando para o ômega que se aproximou.

– Não, eles dormiram praticamente desde a hora que você saiu. Pude até arrumar a casa tranquilamente.

– Eu não sei o que seria de mim sem você Lan Xichen. – O Jiang comentou seguindo o outro até o sofá.

            O ômega sorriu e eles ficaram ali em silêncio apenas se observando, parecia que uma energia os conectava e os puxava um para o outro. Jiang Cheng percebeu que estava encarando demais e mudou sua visão para outro ponto.

– Então, você sabia que seu irmão e Wei Wuxian são os mais novos sócios da empresa Jiang? – Jiang Cheng perguntou tendo um início de uma crise de riso ao lembrar do evento pretérito.

             Lan Xichen deu uma risada nervosa e fingiu tossir.

– Na realidade eu sabia, eu meio que também estou envolvido na compra. Meu tio Qiren veio até mim para autorizar a negociação entre as empresas Jiang com as empresas Lan, já que sou um dos sócios.

– Bem eu fiquei surpreso, mas a minha mãe ficou mais ainda. Por um momento achei que o Wei Wuxian iria explodir só sob o olhar dela, mas isso não aconteceu. – Jiang Cheng comentou lembrando da cena.

            O Lan riu imaginando o que seria um cenário de guerra entre seu cunhado e Madame Yu.

– Só que eu conheço o Wei Wuxian, tinha outra coisa o incomodando. Até mesmo seu irmão sabe o seu irmão, o Lan Wangji, ele estava rindo. Rindo. Eu estava apavorado. Ele estava quase dando gargalhadas, eu consegui ver os dentes dele, quase que fiquei cego, mas você entendeu onde eu quero chegar. – WanYin comentou totalmente expressivo como se estivesse contanto uma notícia que fosse revolucionar o mundo.

          O ômega não aguentou-se emitindo sonoras gargalhadas que logo tentou controlar colocando as mãos contra os lábios. O alfa se apaixonava a cada som ouvido, cada expressão e cada olhar do outro.

– Ele realmente pode ser bem assustador quando sorri. – Lan Xichen comentou olhando para os bebês que se mexiam levemente.

             Eles ficaram em silêncio por um tempo, porém não era desconfortável, a presença de um preenchia o outro.

– A-XiChen... digo Lan Xichen. – Jiang Cheng se corrigiu nervoso por ter tratado o outro tão informalmente.

– Não tem problema me chamar assim, mas tem uma condição. – O ômega avisou seriamente.

– Qual? – O alfa quis saber pronto para acatar.

– Que eu possa te chamar de A-Cheng.

           O alfa sorriu envergonhado e acenou em concordância.

– Eu queria te falar uma coisa que é bem óbvia entre nós. Por favor não ache que estou querendo algo em troca ou forçando algo. – JC comentou nervoso. – Eu tive um imprinting em você e a cada dia que passa eu tenho sentido algo bom crescer dentro de mim...

– A-Cheng, eu... – Lan Xichen começou a tentar dizer algo, mas foi impedido ao ver o alfa erguer a mão em um pedido para que o escutasse.

– Eu sei que você passou por uma perda que ainda é recente, pouco menos de 7 meses, eu também perdi a mãe do meu filhote e sei que onde quer que esteja, ela torce por nossa felicidade. Eu respeito completamente você e seu luto, assim como respeito a memória de Nie MingJue. Saiba que eu vou esperar por você o tempo que for, eu já tenho um sentimento profundo por você e pelo seu filhote Zizhen. Se algum dia você estiver pronto, eu espero que o irmão mais velho Nie, um dia possa abençoar e proteger todos nós. Eu tenho certeza que ele foi um grande alfa e te tratou como a mais bela jade que eu sei que você é. Eu estou falando demais porque estou muito nervoso, desculpe. – Jiang Cheng explicou quase sufocando com as próprias palavras.

             Lan Xichen tomou as mãos do alfa entre as suas e abaixou seu rosto até elas, uma forma de distrair o outro para que não visse suas lágrimas, mas o Jiang não era tão bobo. Ergueu o rosto do ômega e limpou as suas lágrimas com os polegares.

– Tão lindo! – Jiang Cheng sussurrou e delicadamente deixou um beijo na testa do ômega.

             Eles foram interrompidos pelos bebês rindo e um deles espirrou fazendo o outro dar um riso. Jiang Cheng sorriu e levantou indo até o cercadinho, quando viu aquela cena seus olhos se arregalaram. Ele se virou para o ômega e o chamou, imediatamente Lan Xichen chegou até os bebês se surpreendendo.

             No narizinho de XuanYu havia uma borboleta branca pousada, o garotinho estava rindo de modo fofo e tentando olhar para o animal, enquanto isso Zizhen ria do amiguinho. Logo, da pequena fresta aberta da janela, uma segunda borboleta branca surgiu, ela voou em torno do alfa e do ômega antes de pousar nos cabelos de Zizhen.

              Os soulmates se entreolharam, para pessoas normais poderiam ser apenas borboletas, mas para eles era como uma benção, afinal para alguns esses animais podem ser considerados como mensageiros espirituais.

           Jiang Cheng estendeu sua mão e Lan Xichen colocou a sua sobre a do alfa que logo cruzou seus dedos.

– Obrigado Nie Mingjue, eu juro cuidar do Xichen e do Zizhen com minha vida. Mo Liang, eu juro cuidar do nosso filho até meu último suspiro. – Jiang Cheng sussurrou abaixando a cabeça em respeito diante das borboletas.

              Zizhen tentou pegar a borboleta no nariz do outro bebê e logo as duas voaram pousando novamente em um porta retratos.

– A-Jue. – Lan Xichen suspirou lacrimejando. – Eu sinto sua falta. Eu vou ser feliz, é uma promessa.

          Os pequenos animais voaram novamente e deram algumas voltas pela sala antes de saírem novamente pela fresta da janela. Jiang Cheng rapidamente se apressou a ir até ela e a abrir, porém não havia mais nenhum sinal delas mais.

           Ele fechou a janela e voltou até os bebês, pegou XuanYu e Xichen apanhou Zizhen. Quando seus olhares se encontram, era como se a paz os enchesse e seus olhos tinham um brilho diferente.