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           Era tarde quando Lan Xichen acordou aos poucos sentindo sua cabeça latejar, o barulho repetitivo e profundo cortava o silêncio do ambiente, o cheiro de álcool e água sanitária estava impregnado em cada parte do quarto, a claridade invadia por entre as persianas e se refletia naquelas paredes claras.

          O fluido aos poucos escorria pela sonda até adentrar sua corrente sanguínea por meio do acesso preso em sua pele fixo por uma agulha. Em seu dedo um aparelho estava preso monitorando seus sinais vitais, tal como os fios com suas respectivas bases colocadas em seu peito estrategicamente. Uma cânula jogava oxigênio em suas narinas e consequentemente ele absorvia uma maior e melhor qualidade de oxigênio. Seu corpo estava em um estado de dormência como se tivesse pairando no ar, mal conseguia sentir a firmeza do colchão abaixo de si.

          Seu olhar perdido em todo aquele ambiente parecia agarrar algum foco, lentamente ergueu seu braço esquerdo vendo que havia algum esparadrapo na pele mantendo os equipamentos médicos presos. Mais ao lado ele pode notar seu irmão sentado de mal jeito em uma cadeira amarelada feia e não parecia nada confortável, ele dormia de alguma forma, talvez sentisse dor mais tarde pela possível ruim que estava. O ômega notou o aparelho na lateral da cama e o apanhou verificando que ele movia a cama, então acionou eles até descobrir como funcionava até que enfim conseguiu deixar a parte de cima erguida levando junto seu corpo, após fazer isto colocou o aparelho no seu lugar.

           Voltou sua cabeça para frente e mirou seus olhos para sua barriga, lentamente deslizou suas mãos para aquela elevação, demorou um pouco para que seu filhote se mexesse, era como se ele soubesse como seu pai ômega se sentia.

        Bastou se lembrar daquele sentimento, que se apoderou dele a ponto dele saber que algo errado havia acontecido com seu alfa e seu peito se apertou, além de que o seu semblante voltou a ficar deprimido. A dor ainda estava ali e nenhum remédio poderia afasta-la. Seu abdômen se contraia várias vezes enquanto ele tentava segurar o choro, seus olhos não pareciam concordar com sua mente e passou a chorar, com as mãos abafava os soluços para que seu irmão não o ouvisse.

       Lan Wangji, por sua vez, acabou acordando um som mínimo que o irmão emitia. Esfregou ao redor dos olhos sem muita força e se levantou até ficar ao lado do mais velho.

– A-Huan. – A segunda jade chamou buscando o olhar quebrado do outro.

– A–Zhan. O Nie... Meu alfa, onde ele está?

     O alfa não sabia como responder aquilo, Wei deveria estar ali com ele, pois saberia como lidar com aquela situação, mas agora ele estava cuidando do seu irmão em outra cidade. Olhou para Xichen e cuidadosamente puxou sua mão esquerda pressionando sem muita força os dedos dele.

– Irmão, eu não sei como te dizer isso. – Comentou sentindo o ômega pressionar com força sua mão.

– Ele morreu? É isso que você quer dizer? – O Lan mais velho perguntou esperando no mais profundo de sua alma que aquilo fosse mentira.

– Eu sinto muito irmão. 

– MingJue. – Lan Xichen sussurrou para si mesmo puxando suas pernas e se embalando como uma bolinha o máximo que sua barriga permitia.

          O ômega estava sofrendo tanto e ver seu irmão daquele jeito acabava com Wangji.

– Xichen, o médico disse que você vai precisar ter mais cuidado daqui em diante. Suas emoções podem afetar diretamente o bebê. – Pronunciou o mais novo alisando as costas do outro.

– Como você quer que eu me sinta? Meu alfa acabou de morrer! Como acha que você ficaria se o Wei Wuxian morresse? – O ômega retrucou afastando o toque do irmão.

Involuntary (XiCheng/ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora