Capítulo 08

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- Reabriram esse caso dos infernos. - Entra na minha sala de cara amarrada praticamente jogando as pastas na minha mesa. - Da uma olhada nisso por que se não vou enlouquecer.

Reprimo a vontade louca de rir dessa situação rotineira e como essa mulher parece uma maluca no momento, provavelmente algum desavisado a irritou, e sinto dizer, coitado dessa pessoa.

- Estou indo para uma audiência. - Aviso de antemão colocando o blazer e recolhendo as pastas junto a minha bolsa escutando seu suspiro.

- Qual caso?

- Logan Yilmazer.

- Injúria não é? - Assinto. - Conseguiu todas as provas?

- E testemunha. - Falo depois de concordar mais uma vez.

- Então boa sorte. - Se vira começando a sair desfilando como se não tivesse deixado uma bomba na minha mesa. - Mas sei que não precisa. - Faz uma parada dramática na porta e me olha sob os ombros. - Afinal foi treinada por mim.

Já disse que amo e odeio Jéssica Parker? Por que sinceramente tem momentos que eu a amo demais e outros que a odeio com todas as forças.

Se tem uma coisa que não gosto nem um pouco é dirigir em Nova York, misericórdia. Não sei se é somente comigo mas sempre pego trânsito e os benditos não respeitam nada o que me irrita e somente uma musiquinha para me acalmar. Por esse motivo eu evito transitar com meu carro, o tenho mais por necessidade e facilidade mesmo por que se deixasse andava de táxi o dia todo por que ao menos teria tempo livre para fazer algo produtivo.

Encaixo o carro no estacionamento assumindo para mim mesma que até sei dirigir tranquila, mas a bendita baliza é uma parte que me persegue e sou péssima apesar do tempo que tenho carteira.

Podemos nos encontrar?

Suspiro para a tela do celular forçando o dedo sobre a temporã.

Vou entrar numa audiência, te encontro no café de sempre em três horas.

●●●

Como combinado as horas passaram, um caso ganho lindamente e eu estou sentada na cadeira tomando um café esperando ele chegar.

- Quanto tempo. - Levanto para lhe dar um abraço rápido antes de voltar a me sentar.

Uma coisa que não posso negar é que Victor Scott no auge dos seus trinta e seis anos é lindo e gostoso com seus cabelos grisalhos que dão um charme naquele rosto que está sempre numa expressão serena escondendo quaisquer sentimentos. Apesar de todos esses atributos é exatamente esquisito ter qualquer tipo de pensamento libidinoso sobre esse homem, são duas coisas que não se batem em nossa relação dos dois lados.

- Estava viajando a trabalho. - Asseno entendendo seu ponto.

- Então, o que tem pra mim? - Ele desvia o olhar para encarar a vidraça em direção a rua.

- Sem novidades. - Suspiro baixinho. - Vim para saber como você está.

- Tudo na mesma.

- Como sempre. - Fala me encarando.

- Como sempre. - Repito agora desviando de seu ohar inquisitorio. - Vamos marcar algo, mas agora preciso ir ou Jessica vai ficar louca.

Ele sabe que essa é apenas mais uma desculpa esfarrapada e apenas nega com a cabeça ao se despedir dizendo que se precisar é apenas ligar que ele resolve.

As vezes segredos nos corroem sabe, é difícil carregar algo assim nas costas, é duro... faz-me sentir imponente muitas vezes e passa a ser frustante em certos aspectos.

Foco apenas em meu trabalho por toda a tarde sem dar muita conversa para ninguém e em outro dia normal eu iria a Open e encontraria alguém que me faria usufruir de prazer noite adentro e esquecer um pouco de tudo, mas nem ao menos isso posso no momento.

Então quando anoite cai me encontro debaixo da água morna enquanto cantarolo uma música qualquer animada que fixou na minha mente com aquela voz bem mais ou menos por que cantar bem não é meu principal talento.

Dispenso qualquer lingerie vestindo um pijama de seda com camisa de botões junto ao short na cor azul escuro, ah, como eu amo isso. Meu dinheiro vai muito bem gasto nesses conjuntos, dos mais discretos como esse aos mais sexys por que tem dias que quero dormir apenas de calcinha, com um camisão, sem nada ou com um conjunto de seda.

Já na cozinha penso em fazer alguma salada por que malhei pela manhã e queria muito fazer jus ao meu esforço, porém, entretanto, todavia preciso descontar tudo em algo e como não tem sexo pra mim hoje vou ficar com a opção mais fácil que é me acabar na comida, então faço um belo bife bem passado com batatas fritas.

- Báilame como si fuera la última vez. Y enséñame ese pasito que no sé. Un besito bien suavecito, bebé... (Dance comigo como se fosse a última vez. E me ensine aquele passo que não sei. Me dê um beijinho gostoso, gata...) - Canto fingindo saber a letra enquanto embolo a língua saindo com toda certeza errado mas na intenção certa. - Ah porra.

A merda da campainha tocou na mesma hora que estava colocando as batatas no óleo quente e a droga espirrou em mim.

- Já vai. - Falo alto me embananando toda para chegar até a porta abrindo com tudo e dando de cara com Benjamin com uma camisa social rosa clara meio aberta e jeans.

- Porra, atende todo mundo assim? - Reclama de olhos esbugalhados encarando descaradamente meu corpo.

- Você apareceu aqui sem aviso e ainda quer falar da minha roupa? - Ele dá de ombros recobrando a consciência ao dessviar o olhar e simplesmente entra na minha casa como se fosse sua.

- Que seja. - Murmura invadindo minha cozinha provavelente por sentir o cheiro. - Estou numa crise recusando sexo ou até mesmo um boquete por causa dessa aposta maldita.

- É só dar o braço a torcer. - Digo partindo para o seu lado o vendo se jogar numa das únicas banquetas ali presentes no ambiente pequeno.

Como se fosse a coisa mais normal do mundo continuo o preparo da comida já temperando outro bife por que sei que esse homem nunca recusa comida.

- Meu orgulho fala mais alto baby. - Nego com a cabeça sabendo disso.

- O que faz aqui?

- Se preciso aguentar isso você vai precisar me aguentar. - Reviro os olhos para o drama desnecessário mas estou falando com Benjamin Connor, é impossível não ter um draminha ou piada.

- Vai comer?

- Óbvio que sim. - Responde com aquele sorriso convencido enquanto entra num assunto qualquer sobre gostos até eu terminar e estarmos comendo na pequena mesa.

E por sinal não o incomodou em nada o tamanho do meu apartamento, sinceramente Benjamin é um tipo de pessoa rara que vive no luxo mas não isso não é cabeça dele.

- Você não está bem com isso não é? - Exponho o que penso o vendo suspirar tristemente.

- Olívia é minha melhor amiga a anos, saber que ela estará tão longe é estranho apesar de ter noção que ela está feliz com suas decisões tento ficar assim também, feliz por ela.

Benjamin possui um espírito nitidamente leve apesar da tensão sexual que exala dele, em contrapartida é um homem um tanto quanto... emocionado eu diria, então essa situação deve ser um grande baque pra ele.

- Já que sexo está fora das nossas alçadas iria ver um filme, vai ficar?

- É claro baby, não precisa implorar pela minha presença.

- Babaca. - Rebato colocando os pratos sujos sobre suas mãos. - Só por isso você lava.

Quem diria que acabaria minha noite assistindo filme com Ben enquanto ouvia seus comentários irritantes mas que no final achava graça?

Querido Cafajeste - Série Poderosos e Irresistíveis 4Onde histórias criam vida. Descubra agora