Capítulo 19

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Tem momentos na vida adulta que precisamos enfrentar o grande elefante branco que está empacado bem em nossa frente. Entretanto muitas vezes nós o contornados e seguimos a vida como se ele nunca estivesse existido fazendo de conta que a grande muralha não está presente ali no meio.

Quando vim morar com meus tios minha vida estava uma grande e fodida catástrofe e foi quando resolvi mudar por fora e por dentro. Ainda sim uma parede sempre nos separava principalmente emocionalmente e foi um trabalho árduo para sermos uma família quase normal como a de hoje em dia.

Eu fujo de sentimentos, precisei ser assim, então sempre os deixo como uma caixa de pandora no fundo do subcosciente se enchendo dia após dia, sempre acumulando até que em algum momento ela simplesmente estoura como um balão de ar precisando apenas da agulha afiada e alguns desses sentimentos transbordam sem nenhuma permissão da minha parte.

Estou me sentindo em um momento como esse e por isso continuo evitando um certo alguém para fingir que tudo está normal.

Sentada na cadeira do salão enquanto retoco meu loiro continuo assobiando baixinho insistindo em deixar o elefante branco que já ultrapassou a sala e agora está me esperando no tapete da entrada de tão significativo que está ficando.

Isso tudo por que não consigo voltar a ver aquele olhar, o mesmo que vi durante a nossa transa a três noites atrás ou aquele sorriso estranho porém muito feliz que me acompanhou pela manhã enquanto tomávamos café e ele ainda me deixou na porta de casa como um galanteador de antigamente mas sem os pudores.

Olho para o espelho e sorrio nostálgica tendo noção que minha mãe me mataria se me visse hoje escondendo minha beleza natural, mamãe quando estava em casa amava pentear meus cabelos e eu não ficava para trás, eram poucos momentos mas sempre memoráveis e isso pra mim quando criança talvez não era tão relevante mas hoje sendo adulta noto que eram os momentos mais importantes e que tenho registrado fielmente em minha memória.

Ela com toda certeza não apoiaria meus cabelos loiros.

No começo também me sentia muito diferente mas faz tantos anos que ele vem me acompanhando que se tornou parte da minha identidade, meu melhor amigo capilar.

Me sentindo renovada após sair mais cedo do escritório e ter tido um banho de salão me encontro encurralado e quase patética por estar adiando algo desnecessário.

Com esses pensamentos envio uma mensagem de aviso e em vez de seguir o caminho para casa apenas dirijo até o endereço familiar pra mim, tanto que nem preciso de gps por que é automático chegar ao seu prédio que olhando de fora ninguém imagina o quão luxuoso pode ser por dentro e nem os carros em sua garagem que se juntar todos... jesus, dá uma grana.

- Ei baby. - Me recebe hoje na porta ainda de calça social estando apenas com ela o que julgo ser o significado de ter chego a pouco tempo do trabalho.

- Oi, meus dias estão tão ocupados. - Reclamo tentando seguir o rumo como se nada tivesse acontecendo.

- Imaginei. - Ele me puxa firme para dentro de seus braços dando-me um beijo de tirar o fôlego, apertando meu quadril antes de me soltar sorrindo como sempre. - Com fome?

- Faminta. - Sussurro tendo pensamentos nada puros e sei que ele também mas ainda sim nos guia até a cozinha.

Cumprimento dona Abby que estava de saída avisando que tem uma travessa de carne assada no forno antes de se despedir seguindo seu caminho.

- Meu almoço hoje foi em péssima companhia. - Reclama nos servindo e como sempre jantamos apoiados na ilha da cozinha por que as banquetas são confortáveis e gostosas de se sentar.

- Reunião?

- Sim, Dave agora também não gosta de almoço de negócios e sempre joga pra mim. - Apesar do clima no última dia conseguimos manter uma conversa natural até por que somos dois faladores e sempre tem algo a se comentar.

- Quer beber? - Concordo me sentando em seu sofá arfando pelo conforto. - Aquele vinho que gostou?

- Yeah. - Ben tem uma dúzia de garrafa do mesmo vinho branco que não fiz questão de decorar o nome mas é uma delícia e sempre que posso aproveito para o tomar.

Com duas taças em nossas mãos ele levanta meus pés para o seu colo ocupando o lugar anterior enquanto beberico sentindo o gosto delicioso na língua antes de a deixar sobre a mesa de centro.

- Você é realmente muito mais do que eu esperava. - Engulo em seco notando que aquele olhar voltou e suas palavras sopram enquanto acaricia minhas pernas. - Sabe Dafne, eu sinceramente não sei como aconteceu mas porra, eu simplesmente me apa...

- Por favor, não termina. - Sinto minha voz tenebrosa e o coração acelerado.

- Dafne, me deixa falar. - Seu olhar magoado me quebra por inteiro e meus olhos se enchem de lágrima.

Me levanto dando as costas pra ele tentando me controlar e falhando miseravelmente enquanto escuto o farfalhar mostrando que ele também deve estar de pé.

Não Benjamin, você não pode me amar, eu sou uma pessoa errada e não me conhece por inteiro, não deveria amar alguém quebrado assim querido.

- Por favor. - Suplico e tenho quase certeza que uma lágrima escorreu quando me virei encontrando aqueles olhos que nunca pensei em gostar tanto.

- O que está acontecendo Dafne. - O sinto preocupado apesar de não entender a situação e achar que eu estou o rejeitando.

Eu não vou conseguir o rejeitar, não agora e se ele falar o que eu sei que vai falar vou cair aos prantos nesse chão e não posso colocar ele nessa posição.

- Ben...

- Baby, eu t...

Não posso fazer isso e deixar tudo virar mais real do que está sendo, não posso.

- Não, por favor. - Imploro o interrompendo. - Minha vida é muito mais do que deixo todos verem Benjamin, você não deveria sentir isso por mim. Ficar longe é o melhor que faz, você ficará seguro e o mais longe de todos os problemas que me cercam.

- Dafne, mas eu...

- Eu também. - Falo triste não querendo dizer em voz alta tudo que sinto e nem posso o ouvir dizer.

- Eu não entendo baby, por favor. - Ele está nitidamente arrasado e essa imagem estará gravada na minha mente pela eternidade.

Benjamin estaria muito melhor se nunca ao menos tivesse gostado de mim, se continuasse sem ter nenhum sentimento para com a minha fodida pessoa.

Eu não consigo o rejeitar nem de mentira e não posso correr o risco de permanecer com ele, então faço o impensável e simplesmente fujo como uma covarde que jurei nunca ser em toda a vida.

Fujo fazendo a mensagem piscar no meu cérebro em meio a dor que não pensei que poderia passar ao fazer isso, em meio as lágrimas que escorre livremente continuo me lembrando do mais importante.

Isso é para a segurança dele!

Eu vou sofrer mas ele se manterá seguro, sempre seguro!

●●●

Estou sofrendo!

Infelizmente a história é muito mais embaixo, então aguardem pessu, aguardem... quando descobrirem tudo poderemos entender os dois lados da história.

Agora me contém, quem achou que Benjamin faria algo babaca? Pode falar a verdade que sei que imaginaram isso.

Mas ainda não acabou e ele ainda tem chance de fazer merda assim como ela... nunca se sabe.

Temos teorias???

Novidade! Agora temos um Instagram e vou postar spoiler no final de semana, sigam e curtem bastante.
https://www.instagram.com/escritoraapdutra/

Querido Cafajeste - Série Poderosos e Irresistíveis 4Onde histórias criam vida. Descubra agora