Capítulo Cinquenta e Quatro

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Já estava quase de noite quando os telefones começaram a tocar.

Elliot não tinha ido embora para o seu apartamento, mas também não apareceu pelo resto da tarde. Não tinha ideia do que ele ainda ia fazer. Quando nós éramos crianças, eu sempre fui a mais explosiva, e não precisava de muito para que estivesse metida em alguma briga. O meu irmão era diferente. Assim como o meu pai, Elliot era calmo, controlado, pensava bem antes de fazer qualquer coisa, e não brigava por qualquer coisa também. E eu esperava que dessa vez não fosse diferente.

Enquanto isso, pelo resto do dia, meu pai, Blake e eu ficamos na sala, conversando. Ele contou à Blake o que pareciam ser todas as histórias embaraçosas possíveis sobre a nossa infância, e quanto estas não foram o suficiente, ele mostrou as fotos embaraçosas que as acompanhavam.

Blake, por sua vez, contou sobre como foi crescer em tantas cidades. Falou como os seus pais viviam encontrando lugares diferentes para morar, como se fossem hippies ao invés de economistas donos de uma empresa multinacional de capital de risco. Então falou sobre Lucy, e a adoção.

E foi só quando o sol se pôs que o nome de Bennett acendeu a tela do telefone do meu pai. E, um segundo depois o meu tocou também, exibindo o nome de Charlotte no identificador de chamadas. No segundo seguinte, Elliot desceu as escadas ruidosamente, com o celular também preso ao ouvido.

No final, nós três nos entreolhamos.

-Ai meu Deus.

-O que houve? - Blake perguntou, confuso.

-O bebê... - Disse, desligando o telefone. - O bebê da Vivvie está nascendo.

Depois disso, o tempo passou em uma fração de segundo.

Nós quatro saímos correndo, enquanto Elliot dirigia o carro bem acima da velocidade permitida, e chegamos ao Mount Sinai Hospital em menos de sete minutos.

Charlotte e Bennett estavam do lado de fora do quarto quando chegamos, com as mãos entrelaçadas e a cabeça apoiada uma na outra.

-Como ela está? - Perguntei, assim que eles nos viram.

-Bem. - Charlotte disse. - Assustada, mas bem.

-Os médicos estão lá dentro avaliando-a. - Bennett completou.

Assenti.

Demorou um tempo até que os médicos saíssem do quarto e, antes que eu corresse para dentro, apresentei Blake à Charlotte e Bennett, que o cumprimentaram com um abraço e um sorriso enorme no rosto, como se, alguns meses atrás, eu não estivesse namorando com o filho deles.

-Ellie! - Vivienne falou, no segundo em que passei pela porta enorme do quarto de hospital.

Corri até ela e passei os braços ao redor do seu corpo.

-Uau, isso está acontecendo mesmo. - Me peguei dizendo, quando me sentei na beirada da cama. - Como você está?

-Apavorada. - Ela disse, apertando a minha mão. - É um bebê, Eleanor. Uma criança de verdade.

-Você não precisa ter medo. - Falei, ainda que eu estivesse completamente apavorada também. - Nós estamos aqui por você.

-Fácil falar. Não é de você que vai sair um ser humano daqui a pouco.

Nós duas rimos.

-Talvez não seja tão ruim assim. Talvez ela seja uma dessas crianças que nascem em dois segundos.

-Ou talvez ela seja teimosa, como o pai dela era. - Vivienne falou, tirando uma lágrima dos meus olhos.

-Talvez ela seja agitada e apressada, como a mãe dela é. - Falei, com um sorriso. - Talvez ela seja curiosa também, como o Mason, e não veja a hora de sair para ver o que esse mundo tem a oferecer. Seja como for, você vai ficar bem. Vocês duas vão.

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