Capítulo Trinta e Seis

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Acordei com o barulho do celular vibrando no criado mudo.

No visor do celular, uma foto de Blake — que não fazia ideia como tinha ido parar lá — apareceu e iluminou o quarto escuro.

-Oi. - Disse, sonolenta.

-Eleanor! - Sua voz estava desperta e alegre, como se fosse o meio do dia.

-O que você quer? - Perguntei, sem nem me dar ao trabalho de ver a hora no relógio do criado mudo. Conhecendo os hábitos noturnos dele, e pelo azul escuro do lado de fora, podia imaginar que já estava tarde.

-Eu... Não sei direito, na verdade. Não achei que fosse atender.

-É o que as pessoas costumam esperar quando ligam para outras pessoas, Blake.

-Eu não consigo dormir. - Ele disse, simplesmente.

-Você nunca consegue dormir. - Rebati.

-Eu consigo quando você está aqui.

Sorri, mas sem querer. Eu odiava quando ele fazia isso, e odiava mais ainda o que isso fazia comigo. Odiava o jeito que ele achava que podia simplesmente me ligar no meio da noite porque não conseguia dormir direito sem mim e odiava a vontade que eu tinha de jogar as cobertas para o lado e correr até ele.

-Existem remédios para isso, você sabe.

-É, Eleanor, eu sei.

Droga.

Sim, ele sabia. Me lembrei dos vidros laranjas escondidos no armário do banheiro do seu quarto e da noite depois do Mad Alley em que ele surtou completamente quando eu os encontrei sem querer. No final, ele pediu que eu pegasse um deles e disse que não conseguia dormir sem eles.

Aquela tinha sido a única vez que eu o vi tomando as pílulas. Em todas as noites que passamos juntos desde aquele dia, ele simplesmente dormia.

-Desculpa, eu esqueci.

-Eu quero te levar em um lugar. - Blake disse, do nada.

Dessa vez, me obriguei a olhar para as letras fluorescentes do relógio do lado da cama.

-São meia noite e vinte de uma segunda-feira, aonde você possivelmente quer me levar a essa hora?

-Você vai precisar confiar em mim, se quiser descobrir. - Ele disse.

-Eu não confio em você. E não quero saber.

Ele riu.

-Mentirosa.

É, eu era.

-Vamos lá, Eleanor! É uma surpresa e vai ser divertido, eu prometo. Você sabe que quer.

Esfreguei os olhos e me sentei na cama, segurando o celular com uma mão e apoiando a cabeça com a outra.

Era incrível a habilidade que ele tinha de fazer o mundo real parecer... Menos real. Como se o fato de nós dois termos que trabalhar amanhã cedo, de estar tarde e termos família em casa, de que era uma noite no meio da semana que não requeria nenhum plano a não ser passa-la dormindo, descansando para o dia seguinte, não fosse tão importante assim.

-Eu odeio você. - Reclamei, mas já estava em pé, indo até o closet procurar alguma coisa para vestir.

-Tenho certeza disso. Te busco em vinte minutos?

Depois da matéria da Page Six, parte de mim ainda estava insegura de sair assim com ele no meio da noite. Durante todo o dia recebei pelo menos cinquenta mensagens de garotas da minha turma na Columbia me perguntando sobre Blake. Até mesmo Elara, que não falava comigo desde que me recusei a assinar o documento da venda do Dakota, me enviou um e-mail de quase vinte palavras me parabenizando por "fazer alguma coisa que preste na vida".

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