Epílogo

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Treze anos depois


-Faça um pedido, Ellie.

Foi o que Aurora disse, arremessando uma moeda na minha mão.

-É o seu aniversário, Rory, o que significa que é o seu dia de fazer um desejo, não meu.

-É uma fonte. - Ela disse. - Qualquer um pode fazer um pedido aqui quando quiser. Inclusive você.

Dei de ombros.

-Pode até ser. Mas não seria tão especial desse jeito, não é?

-E precisa ser especial?

-É, precisa.

-Quem disse?

Sorri, passando o braço pelos seus ombros.

-O seu pai disse.

Ela deu um sorriso gigante, e seus olhos azuis se iluminaram.

-É sério? Ele acreditava em desejos?

-Claro que sim. - Respondi. - Mas, ele também acreditava que nós tínhamos um número limitado deles. E que só deveríamos usá-los em momentos especiais, dias especiais e lugares especiais.

-E o que é hoje? - Ela perguntou, curiosa.

-Os três. - Falei. - Hoje é um dia especial porque é o seu aniversário. É um lugar especial porque era o lugar favorito do seu pai. E é um momento especial porque eu tenho um presente dele pra você.

A primeira carta da caixa azul que Jace havia me entregado no dia em que ela nasceu, estava identificada como "para o seu aniversário de treze anos". E não havia lugar mais apropriado que a Bethesda Fountain para que ela lesse a sua primeira carta.

Rory pegou o envelope, curiosa, e leu o verso.

-Ele escreveu uma carta pra mim? - Perguntou, com os olhos marejados.

Assenti.

-Mas ele nem me conheceu. Por que ele escreveria uma carta pra mim?

Senti o coração apertar.

-Ele amava você, Aurora. Mais do que tudo, mais do que qualquer pessoa no mundo. Ele te amou no segundo em que a sua mãe disse que estava grávida. Ele chorou e se culpou por não poder fazer parte da sua vida, e por não poder ser o pai que você merecia. E ele teria sido um ótimo pai. Por isso, ele me pediu para cuidar de você, e para garantir que você soubesse o quanto ele te amava, e o quanto ele sentia muito por não estar aqui para dizer isso pessoalmente. Acho que é o que você vai descobrir quando ler essa carta.

Ela limpou os olhos, cheios de lágrimas, e assentiu.

Observar Rory indo até a escadaria, e se sentar em um degrau, com a carta na mão e os olhos apertados, foi como um déjà-vu.

Ainda que ela tivesse os cabelos vermelhos de Vivienne, o resto todo era do Mason. Desde os olhos azuis, a covinha no sorriso, a mania de morder o lábio quando estava concentrada, até o jeito de andar, e a capacidade de encantar qualquer pessoa que estivesse perto. Ela também era inteligente, e sarcástica, e perspicaz. E continuava sendo a criança mais linda que eu já vi na vida, ainda que, neste momento, não fosse mais de fato uma criança. Ela e Vivienne se mudaram da casa dos Maxfield quando ela fez um ano, quando Vivvie finalmente conseguiu convencer Charlotte que elas ficariam bem sozinhas, e passaram a morar no apartamento que Mason morava antes de morrer. Assim como o pai, ela tocava piano, e ouvi-la tocando no mesmo lugar em que ele tocava, na sala do apartamento, me fez sentir como se ele estivesse aqui de novo. Até hoje, o seu melhor amigo no mundo era Elliot, e, ainda que seu pai não estivesse aqui, ele e Jace deram tudo de si para preencher o máximo do vazio que puderam, o que incluiu todos os eventos de pais no colégio, as caronas para o shopping com as amigas, e até um interrogatório com o menino que a levou no cinema no mês passado. Independente de tudo o que tinha acontecido, nós todos éramos uma família, e era ela que nos mantinha unidos.

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