Quando cheguei em casa naquela manhã, não passaram mais que duas horas até que acordasse com um peso afundando na cama.
Abri os olhos, vendo que o sol já brilhava alto no céu, e nem precisei me virar para descobrir de quem aquele peso pertencia. Eram coisas como o cheiro do perfume Prada, a textura do cabelo preto perto da minha nuca e a suavidade ao deitar para não me acordar, que me fariam reconhecer Elliot até de olhos fechados.
-Você não tem uma cama? - Brinquei, sussurrando baixinho.
-Desculpa, não quis te acordar.
Me espreguicei, ao mesmo tempo me virando e dando de cara com ele.
Pela forma como estava vestido, imagino que já estava pronto para trabalhar. A camisa social branca estava aberta no colarinho e dobrada nos cotovelos, o cinto pendia nos jeans escuros e o relógio estava firme no pulso.
Olhar para Elliot era quase como olhar no espelho.
Podia ver os mesmos olhos grandes azuis, a mesma boca, o mesmo nariz e as mesmas covinhas do lado esquerdo da bochecha.
-Não me acordou. - Menti. - Senti sua falta.
Elliot me puxou para si, me apertando com força, como se assim pudesse recuperar todos aqueles meses que passamos longe um do outro em um único abraço.
-Senti sua falta também, irmãzinha. - Falou, com os lábios pressionados no meu cabelo.
-Que horas são? - Perguntei, apertando os olhos.
-Cedo. Volta a dormir. Só queria te ver antes de sair hoje.
Me mexi na cama, na tentativa de voltar a dormir, mas há essa altura já me sentia completamente acordada.
-Tudo bem, eu já estou acordada.
-Como estão as coisas? - Ele perguntou, com a voz despreocupada.
O jeito despreocupado de perguntar como estavam as coisas de Elliot fazia quase parecer que ele estava perguntando como estava o clima, ou como estavam as coisas na escola. Quando, na verdade, era muito mais do que isso. "Como estavam as coisas" significava como eu estava de verdade, era como um passe livre para dizer a verdade, mesmo que não fosse o que ele iria querer ouvir.
-Bem, eu acho. - Respondi, enrolando um cacho na ponta do dedo. - Não sei direito.
-Por causa da Viv e do bebê? - Ele perguntou, devagar.
Assenti.
-Como você sabe?
-É o meu trabalho saber. - Ele disse, com uma risada cansada.
-Cuidar de mim não é o seu trabalho, Elliot, nunca foi o seu trabalho. - Respondi, limpando uma lágrima no canto dos olhos.
Ela passou o polegar pelo meu rosto.
-Não é o seu trabalho também, mas você sempre fez isso. É o que nós fazemos, Lena, nós cuidamos um do outro.
A pior parte de perder alguém é imaginar como viver o resto da sua vida sem essa pessoa. É pensar em cada passo que teria que dar sem ela. É saber que nunca mais vai poder olhar em seus olhos, ou ouvir sua voz. É se lembrar de todas as coisas que costumavam ser tão normais e que nunca mais aconteceriam de novo. Mais do que tudo, a pior parte em perder alguém é o medo de se perder também e não ter ninguém para te puxar de volta.
Por meses pensei que nunca mais pudesse me encontrar, que teria sido mais útil ter ido embora com Mason. Então Elliot segurou a minha mão e me puxou de volta.
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Encontro você nas Estrelas
Romance"Eles disseram que tinha que parar. As bebidas. As apostas. Os amigos. Disseram que me dariam um tempo para provar que conseguiria me virar, que poderia continuar trabalhando, porque era o que ele queria que eu fizesse. Mas eu me perdi. Apostei...