-Esqueceu o caminho de casa? - Elliot perguntou no dia seguinte, quando cheguei na sala de reuniões, dois minutos atrasada.
Perdi a hora naquela manhã e tive que me arrumar correndo com o pouco de itens aproveitáveis no apartamento de Blake para chegar a tempo de trocar de roupa - que por sorte tinha um par no armário da minha sala - e fazer uma maquiagem rápida para que parecesse no mínimo apresentável na reunião.
-Não sabia que voltar para Nova York significava ganhar uma babá nova. - Comentei e desviei a atenção para os papéis espalhados pela mesa logo após vê-lo revirar os olhos. - Pensei que tomar conta de mim fosse trabalho do papai.
Ele ajeitou a gravata e se fez ainda mais confortável na cadeira.
-Deus sabe como já desisti disso há muito tempo. - Meu pai disse, entrando na sala. - Você é duro demais com a sua irmã.
-E você não é nem um pouco. - Elliot rebateu.
Meu pai deu de ombros e deu um beijo na minha cabeça, antes de se sentar na cadeira da ponta. Como sempre, Elliot ficava na cadeira à sua esquerda e eu na cadeira à direita.
-Ela não passou a noite em casa. - Meu irmão continuou resmungando.
-Ela tem vinte e quatro anos. - Papai disse, com um sorriso. - Você também, pelo que eu me lembro.
Desde que éramos crianças, Elliot sempre tinha sido superprotetor. Por mais que Mason e eu fôssemos ainda mais inseparáveis que Elliot e eu, era o meu irmão que sempre lutava as minhas brigas por mim, e que brigava comigo por entrar nelas, em primeiro lugar. Nós podíamos ser gêmeos, mas os poucos minutos que o faziam mais velho que eu, pareciam anos para ele.
-Eu me preocupo, só isso. - Elliot continuou.
Bufei.
-Tudo bem, Elliot, o que você quer saber? - Disse, por fim, quando olhei no relógio e vi que os clientes do Empire chegariam a qualquer momento.
-Com quem você estava?
Meu pai soltou uma risadinha e meu irmão olhou feio pra ele.
-Stormi. - Menti. - Só isso.
-Pensei que você tivesse dito que Stormi era garçonete. - Ele comentou.
-Sim, e daí?
-Como ela tem um Porsche Panamera?
Dessa vez, papai gargalhou alto.
-Você realmente ficou olhando para o carro que a sua irmã saiu hoje de manhã? - Ele perguntou, ainda rindo.
Elliot alternou o olhar entre nós dois, mas teve que interromper sua enxurrada de perguntas, quando a minha secretária, Hannah, anunciou que os clientes tinham chegado.
Assim, como em um passe de mágica, desligamos tudo que não envolvessem projetos, plantas e orçamentos.
O que no meu caso, incluía desligar todo e qualquer pensamento que orbitasse ao redor de manhãs preguiçosas na cama e conversas no meio da madrugada.
Será que eu tinha me acostumado com isso? Essa era a terceira vez na semana que acordava com ele e durante aquele dia, me peguei pensando uma vez ou outra em como não queria que fosse a última. Desde que ele me pediu para não fugir em Atlantic City, não fui mais capaz de fazer. Ao invés disso, ficava o observando a dormir e memorizando cada pedacinho coberto por tinta, traçando as linhas com o indicador, até ele acordar.
No fim da reunião, liguei o meu telefone e vi que tinha uma mensagem dele:
Blake: Stormi, Cash e Mars querem sair para beber depois do trabalho hoje. Quer vir?
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Encontro você nas Estrelas
Romansa"Eles disseram que tinha que parar. As bebidas. As apostas. Os amigos. Disseram que me dariam um tempo para provar que conseguiria me virar, que poderia continuar trabalhando, porque era o que ele queria que eu fizesse. Mas eu me perdi. Apostei...