Capítulo Trinta e Um

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-Esqueceu o caminho de casa? - Elliot perguntou no dia seguinte, quando cheguei na sala de reuniões, dois minutos atrasada.

Perdi a hora naquela manhã e tive que me arrumar correndo com o pouco de itens aproveitáveis no apartamento de Blake para chegar a tempo de trocar de roupa - que por sorte tinha um par no armário da minha sala - e fazer uma maquiagem rápida para que parecesse no mínimo apresentável na reunião.

-Não sabia que voltar para Nova York significava ganhar uma babá nova. - Comentei e desviei a atenção para os papéis espalhados pela mesa logo após vê-lo revirar os olhos. - Pensei que tomar conta de mim fosse trabalho do papai.

Ele ajeitou a gravata e se fez ainda mais confortável na cadeira.

-Deus sabe como já desisti disso há muito tempo. - Meu pai disse, entrando na sala. - Você é duro demais com a sua irmã.

-E você não é nem um pouco. - Elliot rebateu.

Meu pai deu de ombros e deu um beijo na minha cabeça, antes de se sentar na cadeira da ponta. Como sempre, Elliot ficava na cadeira à sua esquerda e eu na cadeira à direita.

-Ela não passou a noite em casa. - Meu irmão continuou resmungando.

-Ela tem vinte e quatro anos. - Papai disse, com um sorriso. - Você também, pelo que eu me lembro.

Desde que éramos crianças, Elliot sempre tinha sido superprotetor. Por mais que Mason e eu fôssemos ainda mais inseparáveis que Elliot e eu, era o meu irmão que sempre lutava as minhas brigas por mim, e que brigava comigo por entrar nelas, em primeiro lugar. Nós podíamos ser gêmeos, mas os poucos minutos que o faziam mais velho que eu, pareciam anos para ele.

-Eu me preocupo, só isso. - Elliot continuou.

Bufei.

-Tudo bem, Elliot, o que você quer saber? - Disse, por fim, quando olhei no relógio e vi que os clientes do Empire chegariam a qualquer momento.

-Com quem você estava?

Meu pai soltou uma risadinha e meu irmão olhou feio pra ele.

-Stormi. - Menti. - Só isso.

-Pensei que você tivesse dito que Stormi era garçonete. - Ele comentou.

-Sim, e daí?

-Como ela tem um Porsche Panamera?

Dessa vez, papai gargalhou alto.

-Você realmente ficou olhando para o carro que a sua irmã saiu hoje de manhã? - Ele perguntou, ainda rindo.

Elliot alternou o olhar entre nós dois, mas teve que interromper sua enxurrada de perguntas, quando a minha secretária, Hannah, anunciou que os clientes tinham chegado.

Assim, como em um passe de mágica, desligamos tudo que não envolvessem projetos, plantas e orçamentos.

O que no meu caso, incluía desligar todo e qualquer pensamento que orbitasse ao redor de manhãs preguiçosas na cama e conversas no meio da madrugada.

Será que eu tinha me acostumado com isso? Essa era a terceira vez na semana que acordava com ele e durante aquele dia, me peguei pensando uma vez ou outra em como não queria que fosse a última. Desde que ele me pediu para não fugir em Atlantic City, não fui mais capaz de fazer. Ao invés disso, ficava o observando a dormir e memorizando cada pedacinho coberto por tinta, traçando as linhas com o indicador, até ele acordar.

No fim da reunião, liguei o meu telefone e vi que tinha uma mensagem dele:

Blake: Stormi, Cash e Mars querem sair para beber depois do trabalho hoje. Quer vir?

Encontro você nas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora