Capítulo Cinquenta e Três

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No final de tudo, Blake resolveu cozinhar.

E me perguntei se era porque ele não queria dizer que não gostava de comida chinesa, nem japonesa, ou porque queria impressionar o meu pai e Elliot.

Papai e eu estávamos sentados na mesa, contribuindo da melhor forma que podíamos para o almoço, o que poderia ser resumido em ficar fora do caminho enquanto Blake tirava panelas e ingredientes dos armários que nem eu mesma sabia que estavam lá, como se já fizesse parte da casa.

Elliot apareceu um tempo depois, de banho tomado e um sorriso nos lábios bem diferente da carranca que tinha meia hora atrás.

-Você está estranhamente feliz. - Papai disse, servindo uma taça de vinho para Elliot, que se sentou na cadeira do lado da minha. - O que houve?

Meu irmão deu de ombros.

-Eu não posso simplesmente estar feliz?

-Depois do show que você deu agora a pouco? - Perguntei. - Improvável.

Elliot passou o braço pelos meus ombros e sorriu.

-Não foi um show, eu só estava protegendo a minha irmãzinha. - Ele olhou para Blake. - E agora todos nós estabelecemos que o Blakey não vai magoa-la de novo, certo Blakey?

Blake assentiu, com a expressão mais séria que consegui, enquanto fatiava pedaços de pão.

-Isso mesmo.

-Viu? Não tenho mais com que me preocupar. Podemos ser uma grande família feliz agora. - Elliot disse, com uma alegria exagerada. - Especialmente se isso significar quem não precisamos mais pedir comida todos os finais de semana.

-Vocês não cozinham nunca? - Blake perguntou.

Elliot fez que não com a cabeça.

-Nunquinha. - Ele disse.

-Não sabia nem que tínhamos panelas em casa. - Completei.

-Os entregadores já chamam eles pelo nome. - Papai disse.

Blake abriu uma das panelas em cima do fogão e o cheiro de molho de tomate preencheu a cozinha. Levando em consideração a falta de aptidão que Elliot, meu pai e eu tínhamos na cozinha, os ingredientes que tínhamos na cozinha eram apenas o suficiente para fazer macarrão com molho de tomate, pão de alho e alguma sobremesa com muito chocolate — que era provavelmente o único ingrediente que nunca estava em falta na residência Heyward.

-Então, Blake, de onde vocês são? - Meu pai começou a rodada de perguntas que sabia que viria mais cedo ou mais tarde.

-Meu pai e eu nascemos em Cardiff, minha mãe é de Amsterdam e minha irmã nasceu em Copenhagen. - Blake respondeu.

-Seus pais moram aqui?

Blake balançou a cabeça.

-Eles não conseguem ficar muito tempo no mesmo lugar. A base da nossa empresa é em Londres, então é aonde eles estão agora. Eu fico no escritório de Nova York e a minha irmã faz faculdade em Copenhagen.

-E você tem algum plano de voltar para o Reino Unido?

Blake tirou os olhos da comida e olhou para mim, com um sorriso.

-Não, senhor. Eu não vou a lugar nenhum.

Uma garfada no spaghetti de Blake e eu soube que tinha feito a escolha certa em trazê-lo aqui. Mesmo com a precariedade de ingredientes, ele fez um molho suculento de tomate e ralou queijo Grana Padano em cima, acompanhado do melhor pão com alho amanteigado que eu já comi na vida. Nem conseguia me lembrar qual tinha sido a última vez que comemos comida caseira aqui. Na geladeira da casa em Port Townsend nunca tinha muito mais que uma garrafa de vinho e frutas, e aqui mantínhamos somente o que a nossa cozinheira, Sra. Wynwood, comprava para fazer o café da manhã e um jantar leve antes de sair.

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