Na segunda-feira, quase no fim do dia, recebi uma mensagem de que meu pai queria me ver em sua sala.
Atravessei o corredor, onde avisei que Hannah podia ir embora, e entrei na sala do meu pai. Me joguei na cadeira atrás de sua mesa enquanto esperava, olhando a cidade se formar do lado de fora.
Ouvi o barulho de uma batida na porta, vi uma fresta de luz refletindo na parede quando ela foi aberta e em seguida, ouvi a voz que não ouvia há mais de seis meses. A voz que em poucos segundos fez cada célula do meu corpo estremecer.
-Sr. Heyward?
Virei a cadeira lentamente, como se estivesse me preparando lentamente para o que veria.
Seus olhos foram a primeira coisa que vi, então a barba, que tinha deixado crescer um pouco e como ele parecia mais velho. E percebi que, por mais que sentisse como se fosse um completo estranho, o cara parado na porta com o olhar surpreso e as palavras presas na garganta, ainda era o mesmo.
-Jace. - Falei com a voz fria.
-Eleanor? - Jace disse de novo e veio na minha direção.
-O que você está fazendo aqui? - Ele perguntou, parando a poucos centímetros da mesa.
-Meu pai queria me ver. - Respondi.
-Não sabia que você estava de volta. - Ele disse. - Elliot disse que você estava na casa de Port Townsend.
Assenti.
Era estranho como as nossas conversas, que costumavam ser tão fáceis, pareciam tão calculadas e frias agora. Era como se não nos sentíssemos mais a vontade perto do outro.
Olhei no relógio. Sabia que a reunião do meu pai ainda demoraria algum tempo, mas não conseguia mais ficar aqui. Ele entenderia.
-Preciso ir. - Falei e levantei da cadeira, andando até a porta.
-Nós temos que conversar. - Ele disse, me segurando pelo pulso.
-Não, não temos. - Respondi e me desvencilhei do seu toque. - Já dissemos tudo o que tínhamos para dizer, Jace.
Ele me segurou mais uma vez e implorou com os olhos para que eu ficasse.
-Não. - Ele disse. - Você só me deu um tapa naquele dia, gritou comigo e pediu que eu fosse embora. Não chamaria isso de conversa.
Por um momento me senti tentada a deixa-lo explicar, mas, como sempre acontecia quando pensava em Jace, me lembrei do que ele me contou na última vez em que de repente me senti tão enjoada quando naquele dia.
-Só uma chance. - Ele tentou mais uma vez. - É tudo o que eu peço. Se depois disso me pedir para ir embora da sua vida, vou respeitar, mas precisamos conversar, Elle.
Suspirei alto.
-Uma chance, Jace e depois você desaparece.
Ele só assentiu derrotado.
Não deixei que ele se explicasse até que tivesse descido todos os andares do prédio. O que quer que tivesse a dizer, não podia permitir que alguém ali escutasse acidentalmente e soubesse o que ele tinha feito.
Senti a brisa fresca no momento em que pisei no estacionamento.
Há essa hora, a maior parte das pessoas já tinham ido embora, e só alguns carros estavam parados ali. Sabia que aquele era o máximo de privacidade que teria, sem que tivesse que entrar no carro com Jace.
-Sinto muito. - Foi a primeira coisa que ele disse. - Não só pelo que aconteceu na Califórnia, mas por todo o resto. Sinto muito por ter machucado você. Acredite ou não, essa nunca foi a minha intenção.
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Encontro você nas Estrelas
Romance"Eles disseram que tinha que parar. As bebidas. As apostas. Os amigos. Disseram que me dariam um tempo para provar que conseguiria me virar, que poderia continuar trabalhando, porque era o que ele queria que eu fizesse. Mas eu me perdi. Apostei...