Capítulo Dezesseis

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Na segunda-feira, quase no fim do dia, recebi uma mensagem de que meu pai queria me ver em sua sala.

Atravessei o corredor, onde avisei que Hannah podia ir embora, e entrei na sala do meu pai. Me joguei na cadeira atrás de sua mesa enquanto esperava, olhando a cidade se formar do lado de fora.

Ouvi o barulho de uma batida na porta, vi uma fresta de luz refletindo na parede quando ela foi aberta e em seguida, ouvi a voz que não ouvia há mais de seis meses. A voz que em poucos segundos fez cada célula do meu corpo estremecer.

-Sr. Heyward?

Virei a cadeira lentamente, como se estivesse me preparando lentamente para o que veria.

Seus olhos foram a primeira coisa que vi, então a barba, que tinha deixado crescer um pouco e como ele parecia mais velho. E percebi que, por mais que sentisse como se fosse um completo estranho, o cara parado na porta com o olhar surpreso e as palavras presas na garganta, ainda era o mesmo.

-Jace. - Falei com a voz fria.

-Eleanor? - Jace disse de novo e veio na minha direção.

-O que você está fazendo aqui? - Ele perguntou, parando a poucos centímetros da mesa.

-Meu pai queria me ver. - Respondi.

-Não sabia que você estava de volta. - Ele disse. - Elliot disse que você estava na casa de Port Townsend.

Assenti.

Era estranho como as nossas conversas, que costumavam ser tão fáceis, pareciam tão calculadas e frias agora. Era como se não nos sentíssemos mais a vontade perto do outro.

Olhei no relógio. Sabia que a reunião do meu pai ainda demoraria algum tempo, mas não conseguia mais ficar aqui. Ele entenderia.

-Preciso ir. - Falei e levantei da cadeira, andando até a porta.

-Nós temos que conversar. - Ele disse, me segurando pelo pulso.

-Não, não temos. - Respondi e me desvencilhei do seu toque. - Já dissemos tudo o que tínhamos para dizer, Jace.

Ele me segurou mais uma vez e implorou com os olhos para que eu ficasse.

-Não. - Ele disse. - Você só me deu um tapa naquele dia, gritou comigo e pediu que eu fosse embora. Não chamaria isso de conversa.

Por um momento me senti tentada a deixa-lo explicar, mas, como sempre acontecia quando pensava em Jace, me lembrei do que ele me contou na última vez em que de repente me senti tão enjoada quando naquele dia.

-Só uma chance. - Ele tentou mais uma vez. - É tudo o que eu peço. Se depois disso me pedir para ir embora da sua vida, vou respeitar, mas precisamos conversar, Elle.

Suspirei alto.

-Uma chance, Jace e depois você desaparece.

Ele só assentiu derrotado.

Não deixei que ele se explicasse até que tivesse descido todos os andares do prédio. O que quer que tivesse a dizer, não podia permitir que alguém ali escutasse acidentalmente e soubesse o que ele tinha feito.

Senti a brisa fresca no momento em que pisei no estacionamento.

Há essa hora, a maior parte das pessoas já tinham ido embora, e só alguns carros estavam parados ali. Sabia que aquele era o máximo de privacidade que teria, sem que tivesse que entrar no carro com Jace.

-Sinto muito. - Foi a primeira coisa que ele disse. - Não só pelo que aconteceu na Califórnia, mas por todo o resto. Sinto muito por ter machucado você. Acredite ou não, essa nunca foi a minha intenção.

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