Encontro você nas Estrelas

Capítulo Trinta

Da Bethesda Fountain, o caminho até o apartamento de Blake era bem mais longe do que até a minha casa.

No entanto, era exatamente onde eu estava nesse momento.

Não pensei muito no que eu faria quando chegasse aqui. Na verdade, nem sabia que era para onde eu estava indo, até ver Charles — o porteiro que estava de serviço da última vez em que estive aqui — parado na entrada do lobby. Não tinha ligado. Não tinha mandado mensagem. Não sabia nem se ele estava em casa.

Olhei para o relógio e vi que já era quase meia-noite.

-Charles, não é?

Ele assentiu e ajeitou a gravata.

-Sim, senhora. Amiga do Sr. Vice, certo?

-Isso mesmo. Eleanor. O Blake está em casa?

-Está sim. Devo avisa-lo que a senhorita está subindo?

Alternei o peso entre os pés e sorri.

-Não será necessário, obrigada.

Charles assentiu e indicou o caminho até o hall de elevadores.

No silêncio do elevador, com a carta de Mason pesando na bolsa, percebi que sabia exatamente o que estava fazendo aqui.

Desde que tinha voltado para Nova York, apenas três coisas conseguiram espairecer a minha cabeça: trabalho, álcool e Blake. Com o meu pai e Elliot, parecia que eu sempre tinha que me esforçar dobrado para provar que eu era uma pessoa diferente. Com Vivienne, eu tinha que me esforçar para parecer forte para ela e o bebê. Com Logan, eu tentava parecer ao menos um pouco menos bêbada e patética quando sentava na banqueta do bar. Blake, no entanto, era quem sempre aparecia para me aliviar de tudo isso.

E era exatamente o que eu estava procurando hoje.

Ele já estava na porta quando o elevador chegou no andar, usando apenas um par de calças de moletom e os braços cruzados na frente do peito descoberto. Imagino que Charles tenha ligado para ele, afinal de contas.

-Eleanor. - Disse, com a sobrancelha arqueada.

-Blake. - Respondi, com um sorriso.

Vê-lo esticado no batente da porta, com as tatuagens que emolduravam praticamente todo o peito e os braços, fazia com que uma onda de ansiedade, pânico e excitação circulasse por mim. Eu sabia o que queria quando cheguei aqui. E, pelo olhar desafiador de Blake, ele sabia também. Repeti quantas vezes foram necessárias que, por mais que a tentação fosse quase irresistível, eu não podia me perder naqueles olhos verdes. Lembrei do que disse para ele na noite em que nos conhecemos e me recusei a dar um passo a frente enquanto não acreditasse que eu estava , sob todos os aspectos, emocionalmente indisponível.

-Pensei que estava ocupada demais. - Ele disse, ainda parado na porta.

-Eu estava. Ontem.

-E hoje não? - Blake se aproximou um pouco.

Ficamos parados frente a frente no corredor vazio. Não estávamos no tocando, mas com certeza estávamos perto o suficiente para que eu sentisse a onda de calor que ele emitia.

-Não, não hoje.

-O que está fazendo aqui, então?

Ele podia ser bem mais alto que eu, alto o suficiente para que eu precisasse esticar a cabeça para cima e quase ficar na ponta do pé, mas não seria isso que me intimidaria hoje.

-Você sabe o que eu estou fazendo aqui.

-E se eu estivesse com alguém, como você sugeriu?

Dei de ombros.