Meu pai já estava esperando na minha sala quando cheguei no escritório na segunda-feira. As malas da viagem que tinha feito para Los Angeles, estavam no canto, perto da porta e a bolsa tira colo estava jogada do seu lado no sofá.
-Chegando antes das nove da manhã, Sr. Heyward? Está tentando dar algum exemplo?
Ele olhou para o relógio no pulso e sorriu.
-Por que? Você precisa de um?
Balancei a cabeça.
-Não acho que você seria o melhor deles mesmo se eu precisasse.
Ele deu de ombros e me deu um beijo no rosto antes de se sentar na cadeira do outro lado da minha mesa.
-Como foi a Califórnia? - Perguntei.
-Você sabe... Sol, calor, palmeiras, o de sempre.
-E Georgina?
Arqueei a sobrancelha.
-É, Georgina estava lá.
-É claro que estava. - Ironizei.
Georgina Waldorf era a chefe do departamento de Publicidade, de trinta e poucos anos, que parecia sempre conseguir um jeito de estar exatamente onde o meu pai estava. Dessa vez, quando meu pai precisou ir para Los Angeles para uma reunião com um cliente em potencial, Georgina passou pelo menos meia hora na última reunião convencendo os dois que ela deveria ir junto para começar a trabalhar na campanha.
Ela era, como eu e Mason graciosamente gostávamos de apontar, a versão mais nova e com menos classe de Elara. Pelo menos a minha mãe ainda se dava ao trabalho de não se vestir como uma prostituta de luxo bem paga, ao contrário de Georgina que nunca usava mais do que um vestido bandagem, sempre com dois ou três centímetros a mais de decote que o apropriado.
-Então, você conseguiu dar uma olhada no projeto novo do seu irmão? - Ele mudou de assunto.
-Do centro comunitário?
Ele assentiu.
-O que você acha?
Depois que cheguei da casa de Blake no sábado de manhã, decidi que trabalhar seria a única coisa que me impediria de reviver mentalmente tudo o que tinha acontecido, desde estar claramente com ciúmes da mulher no Lodge's, a ter acordado do lado dele mais uma vez e tomar café com irmã mais nova dele.
Em cima da pilha de papéis que tinha trazido do escritório, estava uma pasta com um briefing e um projeto de um centro comunitário no Harlem, assinado por Elliot.
Desde que se formou em arquitetura na Columbia, meu irmão não tinha desenvolvido nada além de prédios luxuosos em Manhattan. O primeiro prédio em que trabalhou de verdade, o Empire, era uma torre gigante, com dois apartamentos por andar, segurança, spa, piscina, academia, garagem subterrânea, e é claro, uma cobertura que cobria os últimos dois andares, para onde, de acordo com ele, iria finalmente se mudar.
Os outros prédios não foram muito diferentes, por isso foi uma surpresa quando peguei o projeto de um centro comunitário simples, em uma vizinhança pobre, que ofereceriam algumas aulas e cursos profissionalizantes para pessoas carentes, que nem em um milhão de anos parecia coisa do meu irmão.
-Os números são ruins, mas a publicidade é boa. - Falei e mostrei a planilha em que tinha trabalhado o final de semana inteiro. - O que deu nele, afinal de contas? Desde quando Elliot faz esse tipo de coisa?
Meu pai riu, enquanto analisava os números.
-Não fala assim. Ele é uma pessoa... Do povo.
-Do povo? O Elliot? O mesmo Elliot que dirige uma Lamborghini? Que se deu um helicóptero de presente porque o da empresa era apertado demais? O mesmo Elliot que...
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Encontro você nas Estrelas
Romance"Eles disseram que tinha que parar. As bebidas. As apostas. Os amigos. Disseram que me dariam um tempo para provar que conseguiria me virar, que poderia continuar trabalhando, porque era o que ele queria que eu fizesse. Mas eu me perdi. Apostei...