-Você tem certeza disso? - Perguntei.
Ele me olhou de lado, antes de voltar a atenção para a rua.
-Sim, Eleanor, eu tenho certeza. Do mesmo jeito que tinha certeza das últimas cinco vezes que você me perguntou.
Uma de suas mãos estava entrelaçada com a minha, em cima do descanso de braço do Porsche, e a outra estava no volante.
Depois do café da manhã, Blake disse que já estava na hora de conversar com o meu pai e Elliot. O que no começo não pareceu uma ideia tão ruim assim, já que, levando em consideração que eu havia saído com ele ontem a noite e não tinha dado notícias até agora, eu precisaria me explicar de qualquer jeito. No meio do caminho, no entanto, eu já não tinha mais tanta certeza assim.
Como se percebesse o meu nervoso, Blake colocou a mão na minha perna e deu um aperto de leve.
-Com o que você está tão preocupada? - Ele perguntou, com a voz leve.
-Elliot. - Disse, sem rodeios.
-Eu posso lidar com o seu irmão.
-Sei que sim, só não queria que tivesse que ser assim.
Blake suspirou.
-Olha, eu fui um idiota com você. Eu sei disso, você sabe disso e o seu irmão sabe disso. Seja lá o que ele fale, eu provavelmente mereço, de qualquer forma. Vamos só ver o que acontece.
-Você é sempre confiante assim?
-Bom, eu fiz você gostar de mim. Não sei se da pra ficar mais difícil que isso.
-Foram as tatuagens. - Dei de ombros.
-Ah foram?
Suas mãos começaram a subir na minha perna.
-E o sotaque.
Quando o sinal ficou vermelho, ele se esticou pelo encosto de braços e seus lábios tocaram um ponto sensível no meu pescoço.
-Só isso? - Sussurrou no pé do meu ouvido.
Me limitei a assentir, já que todas as palavras pareciam ter magicamente desaparecido da minha cabeça.
-É uma pena. - Ele disse e na mesma hora voltou para o próprio banco, deixando uma corrente de ar fria em seu lugar.
-Idiota. - Dei um empurrão de leve em seu ombro.
Meu pai estava no escritório com pilhas de papéis espalhados pela mesa e o telefone grudado no ouvido quando chegamos em casa. Pela expressão em seu rosto, o jeito como ele estava afundado na cadeira, com uma mão apoiando a cabeça e a outra desenhando círculos em uma folha de papel, dava pra ver que ele já estava de saco cheio.
Sentei na cadeira do outro lado da mesa e deixei os olhos correrem pela sala.
Desde que nós éramos crianças, Elliot e eu sempre tivemos os nossos lugares ali. No começo eram mesas dobráveis de plástico onde desenhávamos, brincávamos com massinha, e pintávamos todo tipo de coisa — a maioria ainda estava exposta em molduras na estante, e o resto ficava guardado dentro de uma das caixas no armário. Quando estávamos na escola, foram colocadas duas mesas bem parecidas com a dele, onde estudávamos e fazíamos deveres de casa. Hoje, as três mesas eram quase como três escritórios, com suas próprias estantes e armários, onde nós três trabalhávamos quando estávamos em casa. A casa ainda tinha um quarto extra que poderia ter facilmente se tornado em uma sala separada para mim e Elliot, mas meu pai dizia que gostava de nos ter por perto quando éramos crianças e assim ficou.
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Encontro você nas Estrelas
Roman d'amour"Eles disseram que tinha que parar. As bebidas. As apostas. Os amigos. Disseram que me dariam um tempo para provar que conseguiria me virar, que poderia continuar trabalhando, porque era o que ele queria que eu fizesse. Mas eu me perdi. Apostei...