Capítulo Cinquenta e Dois

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-Você tem certeza disso? - Perguntei.

Ele me olhou de lado, antes de voltar a atenção para a rua.

-Sim, Eleanor, eu tenho certeza. Do mesmo jeito que tinha certeza das últimas cinco vezes que você me perguntou.

Uma de suas mãos estava entrelaçada com a minha, em cima do descanso de braço do Porsche, e a outra estava no volante.

Depois do café da manhã, Blake disse que já estava na hora de conversar com o meu pai e Elliot. O que no começo não pareceu uma ideia tão ruim assim, já que, levando em consideração que eu havia saído com ele ontem a noite e não tinha dado notícias até agora, eu precisaria me explicar de qualquer jeito. No meio do caminho, no entanto, eu já não tinha mais tanta certeza assim.

Como se percebesse o meu nervoso, Blake colocou a mão na minha perna e deu um aperto de leve.

-Com o que você está tão preocupada? - Ele perguntou, com a voz leve.

-Elliot. - Disse, sem rodeios.

-Eu posso lidar com o seu irmão.

-Sei que sim, só não queria que tivesse que ser assim.

Blake suspirou.

-Olha, eu fui um idiota com você. Eu sei disso, você sabe disso e o seu irmão sabe disso. Seja lá o que ele fale, eu provavelmente mereço, de qualquer forma. Vamos só ver o que acontece.

-Você é sempre confiante assim?

-Bom, eu fiz você gostar de mim. Não sei se da pra ficar mais difícil que isso.

-Foram as tatuagens. - Dei de ombros.

-Ah foram?

Suas mãos começaram a subir na minha perna.

-E o sotaque.

Quando o sinal ficou vermelho, ele se esticou pelo encosto de braços e seus lábios tocaram um ponto sensível no meu pescoço.

-Só isso? - Sussurrou no pé do meu ouvido.

Me limitei a assentir, já que todas as palavras pareciam ter magicamente desaparecido da minha cabeça.

-É uma pena. - Ele disse e na mesma hora voltou para o próprio banco, deixando uma corrente de ar fria em seu lugar.

-Idiota. - Dei um empurrão de leve em seu ombro.

Meu pai estava no escritório com pilhas de papéis espalhados pela mesa e o telefone grudado no ouvido quando chegamos em casa. Pela expressão em seu rosto, o jeito como ele estava afundado na cadeira, com uma mão apoiando a cabeça e a outra desenhando círculos em uma folha de papel, dava pra ver que ele já estava de saco cheio.

Sentei na cadeira do outro lado da mesa e deixei os olhos correrem pela sala.

Desde que nós éramos crianças, Elliot e eu sempre tivemos os nossos lugares ali. No começo eram mesas dobráveis de plástico onde desenhávamos, brincávamos com massinha, e pintávamos todo tipo de coisa — a maioria ainda estava exposta em molduras na estante, e o resto ficava guardado dentro de uma das caixas no armário. Quando estávamos na escola, foram colocadas duas mesas bem parecidas com a dele, onde estudávamos e fazíamos deveres de casa. Hoje, as três mesas eram quase como três escritórios, com suas próprias estantes e armários, onde nós três trabalhávamos quando estávamos em casa. A casa ainda tinha um quarto extra que poderia ter facilmente se tornado em uma sala separada para mim e Elliot, mas meu pai dizia que gostava de nos ter por perto quando éramos crianças e assim ficou.

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