Capítulo Três

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De uma hora para a outra tudo o que importava só... Deixou de importar.

Não me lembro de como sai do hospital, nem de como cheguei em casa. Em algum momento, quando finalmente abri os olhos, eu já estava no meu quarto, enrolada nos lençóis, me escondendo do mundo.

A verdade é que eu não queria me lembrar de nada. Não queria sair do quarto. Não queria nem existir. Tudo o que eu queria era me esconder e bloquear tudo ao meu redor. Queria dormir por dias, dormir até que tivesse passado tempo o suficiente para a dor ir embora.

Mason me disse uma vez que tudo passava, que era só uma questão de tempo. Então, se fosse realmente só uma questão de tempo, eu poderia dormir. Por dias. Por meses. Por anos. Poderia dormir o maior tempo possível, dormir até ficar dormente. Porque qualquer coisa parecia melhor que suportar mais um dia. Porque, aparentemente, é melhor não sentir nada do que sentir isso.

No dia do funeral de Mason, eu não conseguia sair da cama. Não queria sair da cama. Não queria enfrentar o mundo lá fora.

Não sabia se ainda tinha o direito de fazer algum pedido, mas talvez se estivesse em posição de querer alguma coisa, então queria que pelo menos aquele dia passasse o mais rápido possível e que terminasse logo.

Eu não dormi naquela noite.

Não dormi quando o barulho das pessoas conversando e o cheiro das bebidas do Lodge's ainda estavam claros demais na minha cabeça. Não dormi quando o som da sua voz e a sensação da sua mão entrelaçando a minha pareceram tão reais que tive que piscar umas três vezes para ter certeza que ainda estava deitada sozinha na minha cama, olhando para o teto branco. Não dormi quando o meu coração disparou a milhares de batidas por segundo quando me lembrei dele, quando me lembrei daquele dia e de todos os outros dias antes daquele e quando desacelerou tanto que tive que checar se ainda tinham batidas o suficiente quando a perspectiva de nunca mais ter dias assim ficou real de mais.

E agora, quando vi que o céu não estava mais escuro e um raio mínimo de luz mostrava que o sol estava nascendo, percebi que agarrava firme nas cobertas e que nem o aquecedor era capaz de me manter quente.

-Lena?

A porta do meu quarto abriu, revelando mais luz do que tinha me acostumado. Tapei os olhos com as mãos e cobri meu rosto inteiro com o lençol.

-Vamos. Você precisa se arrumar.

Senti um peso afundando na cama e logo depois as mãos firmes de Elliot estavam puxando o cobertor de cima dos meus olhos.

Por vários minutos ele não disse nada. Ficamos sentados em silêncio ouvindo a respiração um do outro.

-Sinto muito. - Ele disse depois de um tempo.

Assenti, sem saber o que dizer.

Lágrimas começaram a despencar dos meus olhos e meu irmão as secou com a ponta dos dedos.

-Mason sempre disse eu ficava feia quando chorava. - Disse distraidamente, com uma risada. - Ele dizia que os meus olhos ficavam grandes de mais e que meu rosto tinha um tom horrível de vermelho, porque parecia que eu estava sendo asfixiada, ou alguma coisa parecida. - Toquei o pingente do diamante em forma de lágrima que pendia no meu pescoço - No dia que o Jace foi para a Califórnia, Mason me deu esse colar pra me lembrar de que aquela era a última lágrima que eu precisaria derramar na vida e que não deveria mais chorar. - Pausei, recuperando o ar. - Não sei o que fazer.

Admiti.

-Queria... - Elliot começou a dizer, mas parou e colocou o rosto das mãos, apoiando os braços nos joelhos. - Queria saber... Queria dizer... - Ele disse, enfim. - Queria saber dizer a coisa certa, ou só alguma coisa, qualquer coisa que a fizesse se sentir melhor.

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