Capítulo Onze

26 1 0
                                    

De repente as paredes do quarto pareceram encolher, minha garganta ficou seca e a única coisa que podia ouvir era o meu coração disparando no peito.

Procurei alguma coisa em que pudesse me apoiar e quando não encontrei, desabei no chão mesmo.

Vivienne estava grávida.

E se estava aqui, então significava que aquele bebê só poderia ser de uma pessoa.

Charlotte e ela ficaram paradas lado a lado, com medo em seus olhos sem saber o que fazer.

Respirei fundo, sequei as lágrimas e me fiz parar de tremer, até me levantar e correr para os braços dela. A barriga ficava no meio, mas não a via há meses e precisava daquele abraço. Nós nos apertamos com força, chorando toda a perda juntas pela primeira vez.

-Você está... - Minha voz morreu mais uma vez.

-Vou deixar vocês duas conversarem. - Charlotte disse e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

-Quando você descobriu? - Me surpreendi quando ouvi a minha voz perguntando.

-Um mês antes de ele morrer. - Respondeu, devagar.

-Como foi?

-Foi a coisa mais assustadora que já senti na vida. - Ela admitiu. - Eu sabia que ele estava doente, sabia que podia ir embora a qualquer momento e que teria que fazer isso sozinha.

Estendi a mão para ela, apertando de leve, antes de ela continuar:

-Eu não tinha ninguém além de vocês. Eu não tinha família, morava em um apartamento minúsculo que mal conseguia pagar o aluguel e trabalhava mais do que vivia. Sabia que não podia ter uma criança daquele jeito, tanto quanto sabia que não podia não tê-la. Quando contei, Mason caiu no chão do meu apartamento do mesmo jeito que você fez agora e chorou por umas três horas. Não sei se era pelo medo do que aconteceria, ou se era por tudo o que perderia depois que morresse, acho que era um pouco dos dois, na verdade.

-Por que você não me contou?

-Eu quis contar, mas Mason... - Balançou a cabeça. - Foi um mês bem difícil pra ele. E para explicar o motivo pelo qual ele estava tão preocupado, teria que te contar toda a verdade. Acho que ele precisava de mais um tempo pra assimilar tudo.

Suspirei.

Aquela era provavelmente a quinta ou sexta vez que via alguém falando como tudo havia sido difícil para Mason nos últimos tempos, como se eu simplesmente não estivesse lá. Era como se eu tivesse desaparecido, parado de fazer parte da vida dele no segundo em que ele começou a piorar. Porque eu, a pessoa mais próxima que ele tinha, não vi nada, não soube de nada.

Respirei fundo e, por um segundo, pensei no que Giovanna tinha falado na vinícola. Seguir em frente exigia perdão. Mas como eu poderia fazer isso?

Ele não só mentiu durante todos os dias da nossa amizade. Ele fez com que as outras pessoas que eu amava mentissem para mim também. O meu pai, Elliot, Vivienne, Jace, Charlotte e Bennett. E, pra piorar, ainda tinha escondido esse bebê de mim.

-Então, depois de um mês, ele disse que ia contar tudo. - Ela apertou os olhos, e respirou fundo, como se fosse difícil de continuar. - No dia, você disse que ia sair mais cedo para encontra-lo no Lodge's, e soube que tudo ia ficar bem. Mason ia contar pra você e ia ficar tudo bem. - Ela repetiu. Lágrimas inundaram os seus olhos apertados e ela demorou um tempo antes de conseguir falar de novo. - Duas horas depois, Logan me ligou e disse que Mason sofreu um acidente. Saí correndo de pijama rua a fora, entrei em um táxi e passei a viagem inteira com as mãos na barriga rezando. O seu grito foi a primeira coisa que ouvi quando entrei no Hospital e, naquela hora, soube que já era tarde demais. É engraçado, sabe? Como você passa a vida inteira convencida de que pode ficar sozinha, então conhece a sensação de não estar, e quando a perde, não suporta mais.

Encontro você nas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora