𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖘𝖊𝖎𝖘

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Seul, Coreia do Sul - 22:55 p.m.
Jane

— Se quiser ir com a gente para a boate esteja pronta em quarenta minutos!

Pensei nessa frase em exatos cinco minutos sentada na minha cama, olhando para o nada. Esse foi, definitivamente, o aniversário mais deprimente de toda a minha vida, pois não tinha nada para fazer além de deitar e dormir.

Acordar de mau humor, passar o dia chateada por não ter recebido um parabéns e sair para comprar lingeries num shopping não era algo comum no meu dia, até agora. Odiava me sentir assim, vulnerável e sensível demais. Já tinha passado por isso uma vez, há oito anos, e não esperava passar por isso de novo. Meu problema era ser intensa demais, aproveitar demais, curtir demais e gostar demais, o que me fazia, no fim, sofrer mais.

Apesar de ter tido um péssimo dia, ainda podia melhorá-lo. Afinal, ainda era o meu aniversário, certo? Suspirei, me levantando da cama. Se dissesse que nunca tinha ido a uma boate, estaria mentindo. Fui algumas vezes no Brasil quando ainda não morava com a minha avó, aos quinze anos. Sim, quinze anos. Não era lá essas coisas e parecia mais uma rave.

Já tinha tomado banho; depois que cheguei do shopping, relaxei na banheira e saí ficando apenas de roupão pelo quarto. O que me faltava agora eram apenas a roupa, a maquiagem e o cabelo. Para o cabelo, me apressei a arrumar alguns cachos, deixando-o mais volumoso e solto, como eu gostava. Para a maquiagem, optei por algo mais neutro, mas ainda assim marcante. Fiz uma maquiagem que destacava meus olhos castanhos, deixando-os mais intensos e intimidantes, e escolhi um batom vermelho para destacar meus lábios carnudos, tornando-os ainda mais atraentes.

Sendo alguém muito segura de mim, eu precisava me vestir dessa forma. Apenas de lingerie, me encarando no espelho enorme do quarto, maquiada, com o cabelo arrumado e todos esses acessórios, eu claramente me sentia gostosa. Para mim, gostosa é aquela mulher que se sente bem com seu próprio corpo, que se olha no espelho e pensa “eu me fodia”.

Antes de vestir a roupa, adiantei-me a passar perfume em todas as áreas estratégicas e apliquei um óleo nas pernas para deixá-las brilhantes e suaves. Em seguida, coloquei todos os meus acessórios: vários piercings nas orelhas, colares de várias camadas, braceletes e anéis.

Algumas mulheres preferem algo mais básico e simples, mas eu não. Amo estar adornada com todos esses acessórios, acho que ficam ainda mais bonitos assim. Minhas mãos, com unhas bem feitas, ficam chamativas, e meu colo ganha um charme especial com o contraste entre a roupa, a pele desnuda e os colares.

Me olhei no espelho. Iria sim a essa boate. Faria essa noite minha, faria meu nome! Enquanto me preparava, senti a antecipação crescendo. Essa noite seria diferente.

Queria sentir a energia da música, o calor da pista de dança, a liberdade de ser quem eu realmente sou. Cada acessório que colocava, cada detalhe da maquiagem, era uma forma de me reconectar comigo mesma, aquela que havia se perdido no dia do casamento.

Esta era a minha noite, uma celebração do meu jeito. No espelho, a imagem refletida era de uma mulher determinada, pronta para transformar a própria história, começando por uma noite inesquecível, completamente diferente da garota indefesa de horas atrás.

Depois que tudo estava pronto, vesti um cropped preto rendado que parecia um sutiã, deixando meus seios bastante destacados. Em seguida, coloquei uma saia branca com detalhes rendados e um blazer preto que acompanhava um cinto dourado. Finalizei o look com um salto plataforma preto médio.

Suspirei e sorri, me olhando pela última vez no espelho e passando a mão pelo cabelo ondulado. Saí do quarto e percebi um certo movimento na sala. Os meninos estavam arrumados e muito cheirosos, tanto que o perfume deles chegava até as escadas.

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora