𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖙𝖗𝖎𝖓𝖙𝖆 𝖊 𝖖𝖚𝖆𝖙𝖗𝖔

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Seul, Coreia do Sul - 21:55 p.m.
Jane


— Eu vou sair daqui, Jungkook! — Gritei mais uma vez, desesperada para ir em direção aos carros. Não suportava ficar nem mais um segundo naquela casa.

Estava exausta de segurar tudo sozinha. A morte recente da minha avó ainda doía profundamente, e a solidão que se instalava em meu peito era insuportável. Não tinha mais ninguém para recorrer, e a sensação de abandono me consumia.

Nunca pensei que o suicídio pudesse ser uma solução para qualquer problema, mas, pela primeira vez, a ideia passou pela minha mente. Talvez houvesse pessoas enfrentando situações piores que a minha, mas lidar com tudo isso parecia além das minhas capacidades.

— Você não vai sair assim, Jane! — Jungkook tentava me conter, sua voz soava preocupada. Ele era mais forte, e suas tentativas de me segurar eram eficazes. Mas eu não queria sua preocupação naquele momento.

Apesar de nunca ter nutrido afeto por ele, a figura de uma figura paterna que ele representava tornava tudo ao meu redor uma ilusão dolorosa.

A imagem de Jungkook atirando na cabeça de Saem se repetia incessantemente em minha mente. Eu sabia que ele tinha um passado sombrio, mas sempre acreditei que fosse meu verdadeiro pai.

Descobrir que era fruto de uma traição me deixou em conflito. Lembrei das noites em que minha mãe levava surras por chegar tarde em casa, enquanto Jungkook pouco se importava em ajudar ou sequer pagar as contas.

— Me deixa sair — parei de lutar, minhas pernas fraquejaram e meu corpo cedeu.

Jungkook me segurou nos braços.

Eu não tinha mais forças para lutar contra seu afago. Mesmo que nunca tivesse sido quem eu desejava, neste momento, ele era o único apoio que eu tinha. Areum tentou se aproximar para falar comigo, mas foi afastada por Taehyung. Jungkook começou a andar, e logo me vi no banco de trás de uma SUV.

Encolhi-me no banco, como se pudesse me esconder dos sentimentos turbulentos que me inundavam. Respirei fundo, sentindo a queimação nos olhos pela quantidade de lágrimas derramadas.

— Para onde estamos indo? — Perguntei entre soluços, enquanto Jungkook dirigia rapidamente para longe da mansão. Sua roupa ainda estava manchada com o sangue de Saem, e suas mãos, levemente sujas de terra.

— Para um lugar mais calmo.

Encostei minha cabeça na janela, sentindo a exaustão pesar sobre mim. Como minha vida havia chegado a isso? Como deixei tudo isso crescer tanto? Meus olhos pesaram, e, enquanto o vento batia em meu rosto, deixei o sono me envolver.




Acordei sentindo minhas costas doloridas e me espreguicei, ainda meio sonolenta, percebendo o macio atrás de mim. Lentamente, minha mente começou a processar o ambiente ao redor. Era uma casa.

O lugar parecia perdido no meio do mato, com uma aura de tranquilidade que contrastava com a agitação que eu carregava dentro de mim. A casa era toda branca, assim como seus móveis.

A sala, onde eu me encontrava, era pequena e aconchegante, com uma lareira crepitante que amenizava o frio do lado de fora. Levantei-me, coçando os olhos e sentindo meu rosto pegajoso pelas lágrimas que derramei.

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora