𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖔𝖓𝖟𝖊

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Seul, Coreia do Sul - 01:45 a.m.
Jane

Cocei meus olhos, rolando pela cama pela milésima vez.

A insônia me atacara com força, e eu necessitava do meu remédio para ansiedade de volta. Infelizmente, sintomas como este não me fazem bem; sono mal dormido significa um dia ruim.

Bufei, levantando-me e prendendo o cabelo em um coque. Resolvi descer, vendo alguns seguranças espalhados pela casa. Estava tudo claro, como se todos estivessem acordados, quando na verdade estavam no vigésimo sono.

Fui até a cozinha, peguei um copo d'água e saí andando pela casa, bebendo a água enquanto observava o longo corredor cheio de quadros. Alguns eram coloridos, outros bastante estranhos, e alguns extremamente significativos.

Chegava a ser interessante ver todas aquelas pinturas; algumas tinham muito sangue e talvez combinassem perfeitamente com a vida de quem morava ali. De repente, uma porta enorme preta com detalhes de prata chamou minha atenção.

Muito luxuoso. Luxuoso até demais.

Curiosa, abri a porta silenciosamente, suprindo minha curiosidade ao encontrar Jungkook fumando. Seus olhos estavam avermelhados, as veias salientes, e a boca aparentemente seca. Na mesa de vidro, havia fileirinhas de um pó branco. O ambiente seria confortável se não tivesse cheiro de bebida e drogas.

— Mas o que você está fazendo aqui? — Ele não se levantou.

Na verdade, ignorou minha presença, cheirou uma fileirinha e relaxou na cadeira.

Já devia estar tão acostumado com a droga que nem fazia diferença a queimação no nariz, ou melhor, a maneira como aquele pó agia como caco de vidro na pele sensível do seu nariz era imperceptível para ele. Ele estava sem camisa e claramente não tinha tomado banho.

Sem ser convidada, sentei-me na poltrona confortável em frente a ele, observando as prateleiras e armários ao redor.

Uma biblioteca, diria eu.

A coloração dos livros chamava minha atenção. Coloquei o copo vazio em cima da mesa e me acomodei, soltando um longo suspiro antes de voltar a olhar para ele.

— Estava sem sono. Pelo visto, você também está com insônia — o mafioso não tinha olheiras, o que significava que não conseguia dormir e arranjava outras coisas para fazer.

Ele desviou o olhar, encarando pela enorme janela de vidro a lua crescente.

— Vá dormir — vi ele retirar sua arma da cintura e colocá-la em cima da mesa, provavelmente se lembrando dela depois de bastante tempo.

Parecia cansado; normalmente, ele não deixava isso transparecer com seus trajes pretos e armas pelo corpo inteiro. Ele estava com sono, mas algo o impedia de dormir.

— Você não consegue dormir, Jungkook? — Perguntei. Ele me encarou de forma torta, a maneira como seus olhos pareciam aéreos era estranha e incandescente.

— Por quê? — Sua respiração também estava pesada, como se estivesse dormindo acordado. Ele esfregava o queixo com frequência, na mesma medida que encarava a droga desejando mais.

— Você parece estar cansado, mas algo o impede de dormir — Jungkook coçou a garganta incomodado. Peguei na boca da botija.

— Não durmo direito há dezessete anos — sua fala saiu como um sussurro, mas no cômodo silencioso foi alto o suficiente para eu ouvir.

— Já experimentou tomar remédios? — Ele negou com a cabeça, voltando a cheirar outra fileirinha.

— Não preciso de remédios — bufou. — Eu não costumo falar duas vezes, Jane. Vá embora.

Sorri, lembrando de todas as pesquisas escondidas que fiz no computador do Taehyung. Eu necessitava saber mais sobre a vida dele.

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora