DANGER | Livro I • JJK

𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖛𝖎𝖓𝖙𝖊 𝖊 𝖘𝖊𝖙𝖊

Seul, Coréia do Sul - 03:40 a.m.

Jane

Jungkook se sentou do outro lado do sofá e relaxou, embora tenso. Isso parecia estranho, mas mesmo relaxado, seus ombros estavam elevados e sua expressão parecia mais pálida do que o normal.

Pegou a garrafa de uísque sem se importar em beber diretamente dela, enquanto encarava o teto, perdido em pensamentos sobre o que iria falar.

Definitivamente, aquilo parecia uma terapia. Tanto para mim quanto para ele. Ficar conversando assim, como se fôssemos amigos de longa data, me fazia compreender melhor o seu lado bruto e abria a mente dele para pensar de forma mais ampla e menos fechada.

Não que isso fosse tão bom assim; era apenas uma maneira de entender a mente de alguém que fazia tantas coisas, mas que também sofrera tanto.

- Jungkook, não precisa ficar tão tenso assim. Relaxe - acariciei o braço dele com as costas da minha mão, aproximando-me dele.

- Não é fácil para mim falar sobre isso, mas há algo que vem me incomodando nos últimos dias, especialmente desde nossa última conversa - surpreendi-me com a sua franqueza e suspirei fundo, encostando minha cabeça em seu ombro.

- Pode dizer, não vou te julgar - era ruim? Sim.
Queria julgar e dizer que era errado? Também. Mas isso mudaria algo? Definitivamente não. Só iria piorar minha estadia aqui.

- Eu tinha dezesseis anos na época. Estava começando
na máfia e trabalhava para uns caras barra pesada. Tinham fases que precisava passar para entrar em certos grupos ou para realizar certos trabalhos e conseguir ganhar uma grana extra - Jungkook jogou a cabeça para trás, fechando os olhos. - Uma dessas fases era torturar. Não queria aquilo, lembro-me da garota se esperneando e pedindo para parar. Não queria fazer aquilo; os caras me agrediram até que eu cedesse. Já sabia que era fazer isso ou morrer de vez.

FLASHBACK JUNGKOOK ON

- Não quero fazer isso, Sam. Por favor! - Pedi, segurando as lágrimas, enquanto a garota loira estava amarrada a uma estrutura de madeira, sem delicadeza alguma e com medo. Por que fazer aquilo? Era como um teste de humanidade, e entre isso e ser humano, eu preferia ser humano.

- Cala a boca, seu moleque! Você não quer ganhar mais grana? Não quer ter poder? Acha que a vida é um mar de rosas? - Dois socos seguidos foram desferidos no meu rosto, me deixando meio zonzo.

Senti o sangue escorrer pelo meu nariz e uma dor forte perto dos olhos. Ele havia quebrado meu nariz. Talvez isso não fosse a primeira vez e eu sequer notasse.

Neguei, sentindo o aperto nos meus braços aumentar ainda mais. Certamente, mais tarde ficaria roxo. Aquele cara podia facilmente me matar; uma vida pela outra.

- Anda logo, garoto! Ou você faz isso ou morre! Vamos, pegue a arma e mire!

- O outro cara que o acompanhava disse, me empurrando no chão. Recebi um soco como se fosse um saco de batatas.

Levantei-me, controlando o choro na frente daqueles homens que viam graça na situação. Engoli seco, ouvindo os gritos da menina, uma moça inocente que só queria voltar para casa depois da escola, mas agora estava nessa situação.