Seul, Coréia do Sul - 01:35 a.m.
Jungkook
-Acha que eu não sei das suas táticas para trapacear, não é seu idiota do caralho? Sabe que se jogar limpo comigo perde - cuspi as palavras, peitando Min Yoongi, que me encarava com um sorriso no rosto.
O maldito tinha espalhado nitrogênio por todo o caminho, deixando o carro sem controle e deslizando mais do que tudo na pista. Graças a isso, ele ganhou de mim. Geralmente, eu também trapaceio nessas merdas de corrida, contudo, hoje eu só queria vir pelo território, pelo maldito território que seria importante para novos negócios.
- Não aceita perder, Jungkook? O mundo é dos espertos - disse ele, abrindo a maleta de dinheiro que também fazia parte do prêmio.
- Cuidado com essa esperteza, um dia ela vai te jogar no buraco - apontei a pistola para o peito dele, batendo com força.
- Você por acaso está me ameaçando? - Yoongi me empurrou de volta, não ia ficar nesse empurrãozinho como se fosse um menino da quinta série. - Porra - xingou ele assim que sentiu a ardência preencher o interior do seu nariz depois do meu soco.
- Jungkook, não é uma boa hora - escutei Hoseok dizer ao meu pé do ouvido. Já era de se esperar que desse alguma merda aqui.
- Agora você vai ver, seu desgraçado! - Yoongi pulou em cima de mim, devolvendo o soco no nariz, já não sentia dor alguma pelas milhares de vezes que o quebrei em brigas assim. Enquanto ele tentava acertar mais vezes o meu rosto, foquei na sua barriga, dando chutes e o fazendo ficar sem ar.
Ninguém ali ousava se intrometer na briga, assistiam como se fosse um jogo da Copa do Mundo ou um show do Justin Bieber. Saía sangue tanto de mim quanto dele, e nenhum de nós se importava com isso.
Só iríamos parar quando alguém estivesse no chão.- Ninguém vai fazer nada? - Escutei a voz de Jane de longe, desesperada com a situação. Provavelmente com medo do que poderia acontecer ali, um tiroteio ou algo pior.
- Não podemos fazer nada, Jane. É uma briga de líder, ninguém ousa atrapalhar - escutei Areum explicar, ainda focado nos meus chutes em Yoongi, que estava quase desacordado.
- Jungkook vai matar o cara - uma raiva me consumiu por inteiro ao pensar que ela estava do lado dele, além de estar brava comigo por uma atitude idiota e por conta da merda de um ataque de raiva.
Foi o suficiente para conseguir me levantar e deferir diversos chutes no estômago dele, fazendo-o cuspir sangue e parar de me atacar de volta, ficando completamente grogue. Limpei de forma desengonçada o sangue que descia do meu nariz e cuspi no rosto de Min Yoongi.
- Espero que da próxima vez você consiga ao menos ter palavra, seu merda - me virei, puxando os meninos comigo. - Essa merda de festa acabou, quero todo mundo fora daqui - gritei, vendo alguns já se desesperarem.
Na verdade, pouco me importava se iriam ou não ficar ali, já que eu iria para uma das boates tentar ao menos relaxar a cabeça. Entrei na minha Porsche e logo a porta do acompanhante foi aberta também, Jane entrou sem me olhar e colocou o cinto, permanecendo calada.Eu tinha me arrependido. Depois de muito tempo, eu tinha me arrependido por bater em uma mulher. Em alguém que estava ali querendo me ajudar, mesmo sabendo que não tenho salvação alguma e que sou um merda que não consegue controlar as emoções.
Contudo, não pediria desculpas. O maldito do meu orgulho ainda é muita coisa para mim, para simplesmente pedir desculpas por algo que sequer tenho controle. Depois de tudo que já passei, foi algo que simplesmente prometi a mim mesmo: nunca pedir desculpas por qualquer coisa que eu faça.
- Pensei que iríamos para casa - ela falou pela primeira vez ao me ver entrar na rua da boate.
Como sempre, as filas iam até o outro quarteirão. A música era tão alta que podia fazer uma festa do lado de fora mesmo. Alguns vizinhos até mesmo chegaram a reclamar com a polícia, mas eu mesmo dei um jeito nisso, nada com uma amostra de arma ou coisa do tipo.
- Só preciso foder e beber, se quiser, peça a algum segurança para te levar - disse bruto, descendo do carro e entregando as chaves ao manobrista que sempre cuidava dele.
- A sua vida é só foder, não sei como ganha todo esse dinheiro - bufou ela, agarrando minha cintura. Assim que adentramos a boate, senti suas unhas me arranharem mais uma vez.
- Porra, desgruda. Assim as mulheres não vão vir até mim - reclamei.
- Eu sou sua "esposa", se quer ficar com outras mulheres ao menos me deixe num lugar apresentável, essas mulheres dançando nuas não são nada legais para mim - revirei os olhos, subindo até o meu escritório, tendo a vista do andar de baixo por um vidro escuro onde só se permitia ver quem estava aqui dentro.
Jane retirou os saltos, jogando-os de lado e se deitando no sofá que tinha ali dentro.
- Se soubesse quantas vezes já transei neste sofá, não estaria deitada aí - disse, me sentando em minha poltrona confortável e relaxando, fumando um maço de maconha.
- Eu até levantaria, mas estou cansada demais e meus pés estão doendo desses saltos - soltei uma risada nasal por sua reclamação. De fato, seus pés pequenos e gordos estavam até vermelhos pelas alças do salto.
- Você quem quis ir a um racha com um salto alto, se acha a primeira dama - devolvi.
- Eu não me acho a primeira dama, eu sou - ela voltou a me encarar e vi ela abrir as pernas, apoiando a outra nas costas do sofá, fazendo suas pernas ficarem totalmente à mostra e apenas o fino pano do vestido cobrir a área da sua calcinha.
- É dama na sua cabeça - Lambi os lábios, encarando aquelas coxas grossas e imaginando coisas eróticas que poderiam ser feitas ali mesmo naquele sofá. - E então, Jane... - Levantei-me da minha cadeira e fui até o sofá, passando a ponta dos meus dedos pelos pés alheios e pelas pernas depiladas e grossas. - Você já está de boa comigo ou ainda está brava pelo empurrão? - Perguntei, indo até a parte interna de sua coxa.
- O que acha idiota? Você nem me pediu desculpas, queria poder nunca mais olhar na sua cara - Vi ela tentar ignorar os sinais do seu corpo cedendo aos meus.
- Entendi, uma pena que você vai ter que me aturar pelos próximos longos meses - sorri, passando minha mão por cima da calcinha alheia, sentindo o tecido de renda. - Mas assim, quem sabe... Eu poderia fazer algo para deixarmos quites. Não sei... - Alisei por cima de sua calcinha, mas na mesma hora ela se sentou, retirando minha mão de lá e dando um sorriso de leve.
- Tudo bem. Te perdoo por aquilo se me contar mais sobre sua infância.
Revirei os olhos ao escutar aquilo. Queria uma noite de sexo e não relembrar a merda do meu passado. Por mais que me fizesse bem conversar sobre isso... com ela. Nunca foi bom para mim reviver isso, eu podia sentir na pele cada sensação, cada tapa e cada agressão que já sofri, mas falar com ela sobre isso e escutar dela que eu não tinha culpa e que eu não merecia me fazia sentir leve por dentro.
- Caso contrário, nada feito. Não se esqueça de que eu sei muito bem que sua insônia melhorou com as nossas conversas. Não minta para você mesmo, Jungkook. Sabe que isso é bom para você. Posso tentar te entender, posso tentar ajudar você a se controlar, mas para isso, preciso que você queira e esteja disposto a aceitar isso. Ou então, tudo que conversamos não servirá de nada quando for embora.
Quando for embora. Daqui a um ano esse contrato estaria no fim, as brigas, as conversas e a rotina estariam a mesma novamente. Sem esposa, sem contrato e com insônia. Será que iria valer a pena isso tudo quando eu, no final, seria a mesma pessoa?
Ou eu mudaria apenas por ela?
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DANGER | Livro I • JJK
Fiksi PenggemarNuma vida torbulenta Jane se vê em uma encruzilhada, a morte de sua avó vem num momento repentino onde a faz ter que tomar uma decisão. Continuar em seu país natal ou ir ao outro lado do mundo morar com seu pai e tentar uma nova vida. Entre desavenç...