𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖛𝖎𝖓𝖙𝖊 𝖊 𝖚𝖒

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Seul, Coréia do Sul – 22:10 p.m.
Jungkook

Q

uando levei Jane de volta para o quarto, já havia uma calcinha vermelha dela em cima da cama. Pedi para as empregadas trocarem os lençóis e trazerem roupas íntimas para ela.

Como trouxeram apenas a calcinha, coloquei uma camisa preta minha nela e vesti a calcinha. Liguei o aquecedor, pois estava frio lá fora, e cobri todo o seu corpo.

Sorri pelo trabalho bem feito. Ela nunca saberia que cuidei dela dessa forma, já que quando acordar só vai lembrar do que aconteceu enquanto eu fazia a sutura. Voltei para o banheiro, retirei minha camisa encharcada pela bagunça e tirei toda a minha roupa antes de entrar na ducha fria.

Tinha me acostumado a tomar banho de água fria; parecia aliviar mais o estresse, especialmente porque estou sempre lidando com problemas. Na nossa casa, quando pequeno, não tínhamos água quente porque não havia chuveiro. Isso me lembra um pouco da infância, quando eu costumava amar tomar banho de balde.

Às vezes, imagino como seria minha vida se tudo isso não tivesse acontecido. Se meu pai não fosse um alcoólatra, se minha mãe não sofresse tantas crises.

Possivelmente, seríamos uma família comum.

Enquanto molhava meus cabelos e passava shampoo, meus pensamentos voltaram para Jane. Ainda era estranho para mim tudo isso. Acho que apenas quando era muito pequeno desejei ter uma mulher, uma esposa para dividir tudo comigo e ter uma família. Mas sabemos que na vida não somos nós que planejamos isso tudo.

O destino já traça todos os caminhos e cabe a nós saber por onde ir. Poderia dizer que não me orgulho das coisas que faço, mas estaria mentindo completamente. É errado, é ilegal. Mas é o que me sustenta. É o que me dá mais dinheiro a cada dia, é o que me faz crescer ainda mais nesse mundo de merda.

Nunca contaria a ela que aquela foi uma das transas mais impressionantes que já fiz. Não costumava experimentar coisas novas, sempre comandava e, assim que gozava, dispensava a puta.

É claro que, quando eu queria caprichar, eu fazia. Ao longo da minha vida, devo ter chupado umas sete mulheres, de milhões que já transei. Sou seletivo demais com a buceta que fodo e ainda mais com a que coloco a minha boca.

Já houve um tempo em que eu preferia transar o dia inteiro, com diversas putas. Mas assim que percebi que, infelizmente, transar não me daria grana, passei a fazer uma vez por dia ou coisa assim.

Retirei todo o shampoo do meu cabelo, já ensaboando meu corpo. Ainda precisava descer para o escritório e ver se Namjoon conseguiu rastrear alguma coisa pelos vestígios da dinamite que mandei encontrarem.

Na máfia, você pode desconfiar de qualquer coisa ao seu redor: um brinco, um anel, um chip. Nunca se usa coisas tão óbvias, mas também não se usa coisas absurdas.

Depois que terminei o banho e vesti uma roupa mais confortável, desci todas as escadas até o meu escritório, encontrando Hoseok, Taehyung e Namjoon ao redor de uma caixa preta.

Eu conhecia bem aquelas caras e aquela caixa.

— Chegou agora há pouco, antes de trazerem os vestígios da dinamite — disse Namjoon.

Me aproximei, respirando fundo, sabendo o que me esperava ali dentro, algo nada bom. Abri a caixa e vi manchas de sangue por dentro. Por fora, era preta de veludo, mas por dentro era completamente branca. Havia um envelope junto com uma mão recém- arrancada de um corpo, certamente por tortura.

Sem nojo algum, meti a mão pegando o envelope e abrindo-o. Eram fotos. Fotos do nosso dia a dia. Inclusive de Jane. Tinha fotos minhas nas boates, de Namjoon e Taehyung no treinamento, de Jane enquanto fazia academia ou andando pela mansão.

A realidade da situação me atingiu como um soco no estômago. Alguém estava nos vigiando de perto, mais perto do que jamais imaginei. Precisava proteger Jane a qualquer custo, e isso significava descobrir quem estava por trás dessas ameaças antes que fosse tarde demais.

— Temos um infiltrado — disse, cerrando os dentes. — Precisamos resolver isso agora.

— Isso foi tirado por alguém próximo a gente. — Taehyung enfatizou mais uma vez.

— Espere aí. — Observei no canto da última foto, notando uma grafia mal feita e pequena demais para ser lida a olho nu. Puxei minha lupa da gaveta e coloquei sobre a inscrição. "Tomem cuidado" era o que estava escrito.

— Esperem, algo está errado. — Olhei pela janela e vi tudo normal. Os seguranças permaneciam no mesmo lugar, de costas para a entrada da casa.

Até que um indivíduo de boné e roupa toda preta, com uma arma de fogo, passou correndo em direção à entrada da mansão. Na mesma hora, saquei minha arma e escutei as dos garotos sendo destravadas.
— Vamos pegar esse desgraçado.

Estava claro que aquele ali não era o infiltrado; o infiltrado não seria tão burro de atravessar assim, de forma tão explícita, num lugar tão vigiado. Ali estava alguém que queria invadir a mansão e causar um assassinato. Seja de uma empregada, seja de um segurança, seja de mim.

Como já sabíamos que ele abriria a porta com todo cuidado para não fazer barulho, nos posicionamos atrás das colunas que faziam um arco em volta da enorme porta de entrada.

Ouvimos ele colocar algo na porta, certamente para ajudar a não fazer barulho algum.

Acenei para Namjoon, que segurava uma arma de chumbinho.

Assim que o maldito entrasse, ele deveria atirar na coxa. A fresta da porta foi aberta, o maldito entrou, e percebi que ele usava boné, e a gola de sua camisa estava até em cima do nariz, deixando apenas os olhos à mostra.

O homem fechou a porta devagar e, assim que ousou dar o primeiro passo, Namjoon puxou o gatilho.

Na mesma hora, o invasor caiu no chão, deixando a arma escapar das mãos. Hoseok foi rápido em pegar a arma e imobilizá-lo, garantindo que ele não tivesse outras surpresas escondidas pela roupa. Retirei o boné do sujeito, revelando seus cabelos tingidos de loiro. Abaixei a gola preta, expondo a maldita face delicada e raivosa.

— Park Jimin.

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora