𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖛𝖎𝖓𝖙𝖊 𝖊 𝖖𝖚𝖆𝖙𝖗𝖔

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Seul, Coréia do Sul – 23:05 p.m.
Jane


Deitada em minha cama, encarava a lua através da porta da varanda aberta. Deviam fazer umas vinte e quatro horas que eu estava aqui desde aquele acontecimento. Não fazia diferença estar aqui ou estar do lado de fora, já que pelo visto ninguém dentro dessa casa acreditava mais em mim.

Todas as refeições que recebi continuavam intactas ao lado da cama. Não senti nem um pouco de fome hoje.
A cena de Jungkook me empurrando se repetia a cada segundo que eu não me via concentrada na Lua.

Eu era a única pessoa dessa casa que tentava dialogar com ele, que tentava acalmar a merda daqueles pensamentos ruins que o rondavam.

E é justamente eu quem ele joga no chão.

Se disser que não fiquei chateada estarei mentindo. Não é como se fizesse muita diferença em minha vida, mas porra, foi mancada. Ainda fazia questão de compreender o lado dele, mas quem sabe se estivesse mesmo do lado do Jimin ele teria me espancado ali mesmo. Talvez ele ainda, mesmo que no fundo, acreditasse em mim.

Está bem que eu fui burra de querer bancar a detetive e tentar me aproximar do Jimin para descobrir algo de útil e aí sim falar para o Jungkook. Porém, olhando por esta visão, ele também ficaria bravo vendo que eu conversava com o sei-lá-o-que-o-Jimin-é dele.

Escutei a porta do quarto abrir e fechei os olhos. Se fosse a empregada trazendo minha janta, ela deixaria e sairia novamente. Mexi-me tentando ficar parada numa só posição. Fingir dormir não é para mim.

— Você não está dormindo — escutei a voz dele. Bufei e continuei virada de costas. — Você é péssima nisso, consigo ver os seus olhos de um canto a outro se mexendo e a respiração está descompassada e leve.

Abri os olhos, tentando não transparecer todas aquelas informações que ele tinha percebido. Como alguém prestava atenção nessas coisas? Qualquer um cairia facilmente.

— Levante-se e se arrume. Iremos sair em alguns minutos — foi tudo que ele disse, e escutei o barulho dos talheres.

— Não quero sair — puxei a coberta e me cobri por inteiro, sem me importar se estava apenas com a parte de cima de um baby doll e calcinha.

— Não comeu nada o dia inteiro? Quer passar mal? — Devolveu ele. Ignorei sua pergunta quando senti ele puxar com força todo o edredom.

— Mas que porra! — Xinguei, me virando para ele. — Será que não pode sair daqui e me deixar em paz? Não foi você quem disse que iria me deixar aqui presa? — Jungkook coçou a cabeça, e o vi perder a fala.

— Nós vamos para um racha daqui a uns quarenta minutos. Você precisa estar lá. Se arrume — foi tudo que ele disse, e em seguida saiu do quarto. Foi só impressão ou ele tinha ficado sem jeito?

— Nem sabia que isso existia na vida real — comentei bufando e indo até o banheiro.
Infelizmente, seria mais uma chance de sair de casa.


Seul, Coreia do Sul - 00:02 a.m.
Jungkook


Adentrei o escritório, questionando-me por que tinha observado tanto ela naquele estado, deitada de costas apenas com um fino baby doll cobrindo sua pele enquanto encarava a Lua como se fosse sua única companheira. Fechei a porta e voltei a me sentar na poltrona, colocando mais um pouco de uísque no copo quadrado.

Já estava com a roupa meio formal e meio despojada de sempre. Uma camisa social dobrada até os cotovelos e uma calça jeans preta colada, minhas armas também já estavam no lugar. Cintura e coxa, o resto colocaria na jaqueta na hora de sair.

Tudo que tinha se passado desde o último acontecimento, quando fui na sala onde o idiota do Jimin estava, se repetia em minha mente por algum motivo.

Meu dia tinha sido corrido: carregamento de drogas, ver os novos seguranças e verificar o lucro de cada boate minha. Porém, sempre que acabava algum desses, a agressão vinha à mente.

Nunca fui de bater ou empurrar mulher alguma, mas também, com certeza, já fiz isso em pessoas do mesmo nível que eu. Uma policial corrupta ou uma mafiosa que tenta entrar no meu caminho, e até assassinas de aluguel contratadas para me matar.

Mas nunca em alguém inocente.

A porta do escritório foi aberta, revelando um Namjoon com uma expressão diferente do que estou acostumado. Ele se sentou e colocou os papéis na minha frente; a primeira foto era do suposto pai da Jane.

— Eu consegui terminar essas pesquisas, fui fundo o máximo que consegui. Mas não sei se as notícias vão te deixar satisfeito — foi tudo que ele disse enquanto se servia também com uísque.

Abri os papéis começando a ler as informações presentes ali. Min San-Ju

52 anos

Dono da empresa de doces "Gill", fundada em 1999 no centro de Daegu Tinha parentescos com a senhora Romo, falecida esposa do Park Saem.

No dia 25 de março de 1991, quando Saem, pela primeira vez, foi preso, sua esposa foi encontrada andando pelos arredores da casa, causando dúvidas de que eles supostamente estavam tendo um caso.

A Senhora Romo tinha uma boa relação com o único filho que restou a San-Ju do antigo casamento. Min Yoongi.

Reli aquelas informações, pensando em como aquilo poderia ser verdade. Podia dizer que estava tudo mais claro do que nunca e que a minha esposa é irmã do meu maior inimigo, mas precisava de provas mais claras.

Precisava de informações que apenas o próprio pai do Yoongi ou o Yoongi tenham em casa.
Como testes de paternidade, documentação ou até mesmo cartas entre o San-Ju e a mãe da Jane.

Sem querer continuar a fuçar aquilo e já olhando o horário, terminei de beber o uísque, que passou queimando na minha garganta, e me deixando um pouco mais acordado.

— Eu quero que você guarde bem estes documentos e não deixe ninguém saber sobre isso por enquanto. Nem os meninos e muito menos a Jane. Nem sequer toque no assunto família — Namjoon apertou os papéis concordando. — Verei o que podemos fazer para conseguirmos algo mais claro, uma prova que me dê uma certeza.

— Olha, eu fiquei sabendo que haverá uma festa na empresa Gill em comemoração aos vinte anos de sucesso. Nós podemos planejar algo para conseguirmos os documentos do cofre ou até mesmo um fio de cabelo dele, para um teste de paternidade.

Não sei.

Concordei na mesma hora e me levantei colocando a minha jaqueta. A porta foi aberta e agora um Hoseok todo arrumado com roupa de couro e bolsa na cintura apareceu.

— Vamos cara, a galera está nos esperando — concordei saindo da sala e olhando para Namjoon.
Ele já sabia o que fazer com aqueles papéis.

Cheguei na sala terminando de arrumar as pistolas dentro da minha jaqueta preta, encarei minhas botas mais uma vez e passei a mão no cabelo tendo a certeza de que ainda estava perfeito como antes. Mas algo que estava descendo a escada me chamou muito mais a atenção do que a minha própria vaidade.

Jane descia as escadas com um vestido longo vermelho, cujas fendas estrategicamente posicionadas em cada perna não só deixavam suas coxas à mostra, mas também revelavam uma cicatriz semi-curada.

O salto alto da mesma cor conferia-lhe uma postura imponente, enquanto seu cabelo, perfeitamente alinhado, exibia cachos sedosos que caíam elegantemente para trás, emoldurando seu rosto delicadamente.

E, para completar o conjunto, um decote profundo, capaz de fazer corações pararem e suspiros escaparem dos lábios de quem ousasse fitá-la por mais do que alguns segundos.

Ela queria me matar ou matar os meus inimigos com isso?

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora