𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖉𝖊𝖟𝖊𝖘𝖘𝖊𝖙𝖊

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Seul, Coreia do Sul - 22:10 p.m.
Jungkook


— Isso foi tudo que achou? — Perguntei a Namjoon, vendo as pastas amarelas espalhadas sobre a minha mesa.

— Foi sim, senhor. Não conseguimos descobrir ainda para quem o Saem está trabalhando, mas também acho que não é para o Min — Namjoon respondeu, enquanto eu analisava os documentos.

Reli as informações pela terceira vez. Saem Park, seu nome verdadeiro. Quarenta e dois anos, cinco passagens pela polícia. Sem parentesco conhecido. Sua família havia morrido em um acidente de carro anos atrás, e ele fora casado com Mili Romo, uma brasileira que morou na Coreia desde os três anos até retornar ao país natal, onde deu à luz a filha deles, Jane Jung Saem.

Como ele não poderia ser o pai dela? Tudo parecia se encaixar perfeitamente: a viagem para o Brasil, a separação, Jane vivendo com a mãe até a idade atual, quando retornou para a Coreia após perder toda a família.

Revisei cada página e foto ali presente. Havia a impressão digital de Saem, fotos de suas passagens pela cadeia e até mesmo registros de seus furtos. Mas uma foto em específico chamou minha atenção.

Nela, estavam Saem, Mili e um homem de terno. Sorriam para a câmera, em uma fotografia em preto e branco que ainda assim revelava muitos detalhes.

O homem de terno tinha cabelos que lembravam os de Jane, não completamente lisos, mas com cachos nas pontas, que, em um cabelo longo como o dela, se transformariam em cachos.

Suas bocas eram semelhantes, e a pinta no pescoço estava exatamente no mesmo lugar. Mili havia traído Saem com esse homem. Esse homem era o verdadeiro pai de Jane.

— Namjoon! — Chamei-o, entregando-lhe a foto assim que ele apareceu na porta.

— Ele é dono de uma empresa de carros usados. Não investiguei muito a fundo, mas posso fazer isso, se necessário — Namjoon respondeu.

Uma empresa de carros usados não parecia tão suspeita quanto deveria.

— Claro que vai ser necessário. Preciso que investigue absolutamente tudo sobre ele — concordou e saiu da sala.

Coloquei todas as informações de volta na gaveta, trancando-a com chave. Eu precisaria delas depois. Fechei a gaveta para evitar qualquer possibilidade de roubo e esperei Saem chegar.

Minha vontade era matar aquele desgraçado por aquela missão ter dado completamente errado. Deveria saber que não podia confiar tão facilmente na palavra daquele merda. A porta do escritório foi aberta sem bater, revelando Saem, com um cigarro na boca e a roupa suja de terra e pó. Aquele vagabundo parecia ter saído de um buraco.

— Me chamou, chefe? — Revirei os olhos. Chefe? Que piada. Sentia tanto nojo desse velho que me perguntava como ainda não o tinha matado.

— Não senta na minha poltrona, você está todo sujo, porra — disse, quando ele ousou pensar em se sentar ali. — Não temos 'chefe' aqui. Não sou seu genro, Saem, você é apenas um bastardo — preparei minha arma com chumbo, pronta para atirar. — Me mandou ir para aquele galpão alegando que não tinha ninguém, e meus homens foram atacados, inclusive eu — disparei na sua coxa sem hesitar, vendo o chumbo criar um buraco visível em sua pele.

Ele caiu no chão, ajoelhado e gemendo, com uma expressão de ódio que logo se transformou em dor. O maldito estava mesmo do outro lado.

— Que merda, Jungkook. Não sabia que tinham homens lá. A informação que recebi foi de que estava tudo vazio — Ele se levantou com dificuldade.

— Não sabia ou não quis me falar? Acha que não sei que você não é o pai de Jane, seu merda? — Vi a surpresa em seu rosto e soltei uma risada, ele ainda não tinha visto minha paciência se esgotar. — Quero que saia daqui e me traga uma informação que preste. Da próxima vez, acabo com a sua vida — empurrei-o novamente para o chão. Com esforço, ele se levantou e saiu da minha sala. Era melhor ele não me testar novamente.


Seul, Coreia do Sul - 22:22 p.m.
Jane


— Onde você está, Jimin? — Perguntei, colocando os fones nos ouvidos enquanto me conectava através do site pirata de videochamadas que havia descoberto. Taehyung não tinha nenhum aplicativo baixado no computador.

Enquanto conversávamos, eu observava o cenário atrás de Jimin, com pinturas e colunas de ouro, ficando curiosa para saber se meu novo amigo era rico.


— Estou no meu escritório, Jane. Qualquer dia te trago aqui para você conhecer

— ele sorriu, organizando alguns papéis. Passamos um tempo conversando sobre coisas aleatórias, como Jimin me contando sobre sua primeira vez.

— Senhor, os papéis sobre o JJK já estão disponíveis, foram enviados para o seu e-mail — escutei uma voz mais grave ao fundo. Quem seria JJK? Vi Jimin dar um sorriso discreto e logo dispensar a pessoa.

— Então, vai estar ocupado agora? — Brinquei, vendo Jimin concentrado no notebook, ele ficava ainda mais atraente assim, sério e de terno cinza.

— Eu vou estar fazendo algumas anotações sobre as vendas e respondendo alguns e-mails. E você, Jane?

— Bem, eu... — Interrompi minha fala quando ouvi Taehyung abrir a porta. Encerrei a chamada imediatamente, completamente nervosa. Não sabia o que ele faria se descobrisse que estou fazendo amizade com um homem que nunca vi na vida.

— Estou aqui, Taehyung, mas que susto! — Reclamei, voltando a abrir a página do Youtube.

— Eita, mas que pacote de grosseria. Estava falando sozinha? — Perguntou Taehyung, chegando mais perto e beijando minha bochecha.

— Esse é um dos meus dons — ri, admitindo minha mania de conversar sozinha para passar o tempo. — E você? Acabou o treino dos seguranças?

Taehyung sempre ficava encarregado dessa parte, treinava os novos seguranças para as missões e ensinava outras modalidades como tiro ao alvo, arco e flecha e boxe.

— Acabou sim, estou a fim de fazer outra coisa agora — Taehyung me levantou, abraçando minha cintura e beijando meu pescoço, fazendo-me rir com suas cócegas e acariciando seu cabelo úmido de suor, o que o tornava ainda mais charmoso.

— Você está todo suado, Taehyung! Que nojo, vai tomar um banho! — Comentei brincalhona, enquanto ele começava a passar seu pescoço suado em meus seios. Puxei-o para um selinho, quando a porta foi aberta novamente.

Desta vez, revelando Jungkook vestido todo de preto, suas botas de sempre e uma pistola na mão. Ele parecia vir chamar Taehyung para alguma boate, algum carregamento de drogas ou até mesmo uma missão. No entanto, seu foco pareceu desaparecer completamente ao se deparar com a cena, seu rosto uma mistura de surpresa e raiva.

— Que porra é essa...?

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora