𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖛𝖎𝖓𝖙𝖊 𝖊 𝖈𝖎𝖓𝖈𝖔

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Seul, Coréia do Sul – 00:35 a.m.
Jane


Me sentia poderosa, apesar de estar de salto alto e um vestido longo, eu me via como uma figura de autoridade em meio àquela multidão. Enquanto todas as outras mulheres estavam quase nuas, usando shorts curtíssimos e saltos baratos, eu me destacava com minha elegância.

Não era justo me comparar a essas mulheres, mas era evidente o que cada uma ali representava. A maioria estava ali para conseguir algum dinheiro no final da noite, cedendo aos desejos dos traficantes ou fazendo sei lá o que para eles.

Então sim, eu tinha o direito de me achar e me elevar acima delas.

Os olhares de todos os homens presentes percorriam meu corpo, mas eu não estava vulgar como as outras, eu era sexy. Jungkook tentou demonstrar posse ao colocar a mão em minha cintura, mas eu me esquivei e fui para o lado de Areum, que vestia seu traje de couro característico.

Jungkook fez uma careta, surpreso por eu não ser como as outras mulheres que o obedeciam cegamente.

— Você está incrível hoje com essa roupa — elogiou Areum.

— Não queria vir, mas já que estou aqui, vou fazer valer a pena — respondi, dando de ombros e tentando abafar o som ensurdecedor da música e os movimentos sensuais das mulheres ao redor.

— Não é a roupa mais adequada para um racha, mas você está provocando muito bem. O Jungkook não consegue tirar os olhos de você — observou Areum.

— Ele é um idiota — retruquei.

Em seguida, outro homem se aproximou, seus cabelos negros caíam sobre sua testa, enquanto ao seu lado havia outro homem um pouco maior, de cabelos loiros e lábios carnudos e chamativos. Jungkook assumiu uma postura desafiadora, posicionando-se como se estivesse prestes a enfrentá-los.

— Ora, ora. Pensei que não iria aceitar o meu convite — disse o moreno, dando um sorriso de lado. Areum estendeu um pirulito para mim, e sem me importar com sua procedência, retirei o papel e coloquei-o na boca.

— Claro que aceitei, Yoongi. Não seria para ganhar de você? — Escutei a risada de Jungkook, então o nome dele era Yoongi.

— Ganhar? Jungkook... Você é bom, mas sabe que ainda está em segundo lugar — zombou Yoongi, e percebi os dedos de Jungkook ficarem brancos e seu maxilar se contrair de raiva.

— É o que veremos, Min — retrucou Jungkook, indo em direção ao seu Porsche, que estava ao lado de outro carro amarelo extremamente luxuoso, provavelmente pertencente a Yoongi. — Vamos acabar logo com isso, a noite está apenas começando.

Pela primeira vez, o tal Yoongi olhou para mim, deu um leve sorriso de lado e caminhou em minha direção, sendo interceptado por Jungkook.

— O que foi, JK? Não vai nem me apresentar sua esposa? — Desafiou Yoongi. Me desencostei da moto de Areum e me aproximei dos dois, chupando o pirulito de forma lenta, atraindo o olhar de Jungkook.

— Prazer, Jane — sorri, passando a língua nos lábios. Yoongi beijou a minha mão e sorriu, demonstrando educação.

— Muito prazer. Não podia imaginar que você seria tão bonita assim — piscou ele. Jungkook voltou a puxar minha cintura com força, e eu apertei firmemente seu antebraço com minhas unhas, sentindo o sangue escorrer.

— Vamos à corrida, Min — ele riu e seguiu para o carro dele. Estranhei quando vi que Jungkook me conduziu até o veículo e abriu a porta para mim.

— Mas o que é isso? Ficou louco? — Me recusei a entrar, já antecipando a loucura que aquilo seria. Se em filmes aquilo já me parecia assustador, imagine na vida real.

— Entra na porra do carro — percebi seu tom de voz mais grosso, ele ainda estava desconfiando de mim e eu já não sabia mais o que fazer. O medo falou mais alto então eu simplesmente entrei e pus o cinto, preparada para colocar as mãos nos olhos. — Da próxima vez que ousar tirar sangue de mim, eu te mato — disse ele, limpando o sangue que escorria do antebraço na calça preta. Ele abriu os dois vidros e vi Yoongi acenar.

— Pode tentar, eu te mato antes mesmo de você tentar, babaca — retruquei no mesmo nível, observando um sorriso de lado saindo de seus lábios.
Os carros foram ligados, uma moça de saia e sutiã ficou entre os dois.

— Estão prontos? — O resto da galera que estava presente ali gritava, eram gritos que qualquer pessoa não drogada ficaria com problemas. A mulher tirou o sutiã na frente de todos, revelando seus seios claramente siliconados e levantou o sutiã para cima. — 3... 2... 1!

Assim que a mulher abaixou o sutiã, os carros voaram. Era uma velocidade que eu sequer pensei que pudesse existir. Tudo passava ao meu lado como um vulto de luz enquanto eles competiam para ver quem tomava a frente para ganhar a corrida.

Minhas mãos se prenderam às laterais do banco, certamente eu os furaria, mas não estava nem aí. Meu coração faltava sair pela boca e, quando chegaram as curvas, cogitei um desmaio.

Jungkook ia muito rápido, não sei o que deu na cabeça dele para me colocar dentro dessa merda. Eram curvas curtas que qualquer pessoa em sã consciência viraria a 30 km/h, e não a quase 350.

Minha boca ficou seca assim que vi Yoongi tomar a frente e derrubar algo na pista. Jungkook xingou e cortou o caminho por uma bendita mata que havia ali.

Eu sentia alguns galhos baterem contra meu rosto maquiado, e certamente eu ficaria toda arranhada depois.

Ele estava com sangue nos  olhos,  queria  acelerar  mais  e  mais.  Depois  que voltamos para a pista, parecia estarmos em um foguete em velocidade da luz. Fechei os olhos ao ver três curvas seguidas à frente.

Não quero morrer. Eu não quero morrer.

Senti meu corpo ser chacoalhado em cada uma delas, minhas unhas doíam por apertar o couro do banco, e nem sentia o cinto mais. Era tão rápido, mas para mim parecia que tinham se passado mil horas. O pirulito que eu chupava já tinha caído no chão do carro, o vento batia tão forte contra meu rosto que eu sentia as lágrimas descendo.

O grito das pessoas voltou a ser audível, foi aí que percebi que aquilo iria acabar. Respirei fundo, vendo Jungkook parar o carro de vez. Ele bateu com força no volante e eu nem me mexi ou abri os olhos, me recuperando de tudo aquilo.

— Merda. Merda! Aquele filho da puta não jogou limpo — escutei novamente Jungkook esmurrar o painel do carro.

— Por acaso você tem merda na cabeça? — Gritei, abrindo os olhos. Jungkook me olhou sem saber o que dizer pelo grito alto demais. — Você por acaso tem merda aí dentro, caralho? Por que me colocou nesse carro? Por que diabos me colocou dentro dessa merda? Tem ideia do medo que eu senti, porra? — Esmurrei com toda a força o peito alheio, devolvendo toda a minha indignação.

— Porra, você tem a mão pesada! — Ele segurou as minhas mãos. Percebi que agora toda a galera estava ao redor de Yoongi, já que ele tinha ganhado a corrida.

— Eu devia dar na sua cara, assim como você fez quando me chamou de vadia!

— Devolvi, tentando me soltar, mas é claro que ele é mais forte. As lagrimas queriam sair, mas eu não iria permitir.

— Olha só, não queria ter feito aquilo, entendeu? Foi por impulso, na hora da raiva — ele riu do seu argumento. — Estou falando sério, porra, nós somos amigos, você precisa ter paciência comigo.

— Ah, amigo? — Perguntei com ironia. — Agora você quer falar disso? — Tentei me soltar mais uma vez, mas o aperto em meu braço era forte demais, não forte para me machucar, contudo forte para não me deixar sair. — Me solta agora ou eu juro que corto o seu pau fora e você nunca mais entra em uma buceta na vida!
Jungkook soltou minhas mãos e voltei a limpar o resto de lágrima que restava do vento forte.

— Estou falando sério, você precisa ter paciência se quiser que continuemos assim.

— Jungkook pareceu desabafar. — Acha que eu não sei que sou insuportável? Acha que é fácil para mim me abrir para alguém? Em dois meses, você conseguiu saber coisas que nem os meninos que vivem comigo há anos sabem!

— Ainda estou esperando ao menos um pedido de desculpas — disse, encarando a festa que rolava logo lá na frente, ele ainda tinha autoridade ali, mas agora o alvo central era o vencedor da corrida.

— Não vou pedir desculpas — ele também virou para frente, seu maxilar estava travado e suas mãos fechadas.

— Então vai se foder — devolvi, descendo do carro. Certamente minha maquiagem estava um pouco borrada, mas não liguei tanto.

Voltei ao lado de Areum e dos meninos que agora bebiam e seguiram para falar com Jungkook, que chegou a sair do carro também. Me encostei na picape que tinha ali, velha e que eu nem sabia de quem era.
Puxei a bebida colorida que Areum bebia e tomei todo o resto que tinha.

Ao menos um pouco da noite eu teria que aproveitar.

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora