𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖙𝖗𝖊𝖟𝖊

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Seul, Coreia do Sul - 09:08 a.m.
Ponto de vista Jane


Acordei sentindo dor nas costas; certamente, havia dormido numa posição nada favorável para alguém tão inquieto na cama. A luz do sol bateu em meus olhos devido à grande abertura que deixei na cortina na noite anterior; a brisa era boa, mas o sol matinal, não.

Tinha esquecido de fechar a maldita cortina, detesto quando isso acontece.

Parada no meio do quarto, com os cabelos despenteados, lembrei-me do que aconteceu ontem no escritório do Jungkook. Foi definitivamente um grande avanço; eu poderia começar a entendê-lo a partir daquele momento.

Quero dizer, posso estar falando sobre algo íntimo demais, no entanto, não posso ser hipócrita ao dizer que não gostei, pois foi uma visão belíssima e tentadora para os meus malditos hormônios.

Podia imaginar o quanto ele já viu e passou por coisas que, numa vida normal, ninguém passaria. Se ele diz que não dorme direito há dezessete anos e começou a ter insônia aos dez, é muito tempo.

Imagine o que ele passou dos seis aos dez.

Chego a me arrepiar ao pensar no que pode ter acontecido.

O sexo oral que fiz nele foi um dos mais gostosos que já experimentei; o pênis rosado e latejante faz você salivar e desejar colocá-lo todo na boca.

Ele também era um dos maiores homens que já conheci, grosso o suficiente para fazer inveja a uma boneca inflável; mal cabia em minha boca.

Escovei os dentes e vesti uma roupa confortável qualquer, saindo pelo corredor com a barriga roncando enquanto terminava de fazer um coque, arrumando o cabelo sem me preocupar em manter uma postura.

— Jane — escutei Taehyung me chamar do seu quarto, voltei alguns passos e entrei.

— Que droga é essa? — ele me mostrou seu computador e vi minha face na tela enorme.

— Eu... — O maldito computador tirava fotos? Como eu ia imaginar isso? Quando disse que pesquisei secretamente no computador dele, foi isso que quis dizer, que ele também não sabia disso. No entanto, felizmente, não pesquisei nada grave.

— Você anda pesquisando sobre fugas? — Taehyung estava mais sério do que o normal.

— Não, Tae. Claro que não! Eu pesquisei sobre ataques de raiva e o que leva uma pessoa a ser tão antipática como o Jungkook — fiz uma careta e relaxei ao ver o Tae dar um pequeno sorriso.

— Eu sei. Só estava te testando. Você nem apaga o histórico, não que fosse fazer diferença — ele retirou minha foto dali e se virou novamente. — Mas da próxima vez que for usar, por favor, peça permissão. Poderia estar aberto em um arquivo importante e você poderia ter feito besteira — concordei.

— Então ele tem um sistema de segurança forte?

— Todos da casa têm; o meu faz reconhecimento facial. Todos os outros ele detecta e remove alguns arquivos, caso alguém tente invadir e pegar — concordei, surpresa.

Era complicado ser mafioso, não é como nos filmes. Nos filmes, parece demasiadamente fácil fugir dos inimigos e da polícia.

— Entendi. Então posso usar quando quiser? — Taehyung levantou uma sobrancelha.

— Está tão interessada assim no Jungkook? — Bufei ao ouvir o nome dele.

Interessada? Estava interessada em entender os traumas dele e em ajudá-lo a tornar-se alguém um pouco melhor, mas fora isso, quero que ele se dane.

— Até parece, Taehyung. Me interesso pelos problemas internos dele, já que enquanto os outros julgam, eu apenas escuto. Não sabia que a infância dele tinha sido tão traumática assim — comentei, abraçando Taehyung.

Seus braços estavam mais musculosos; certamente, ele havia aumentado o peso dos braços. E eu certamente estava notando demais isso.

— Entendi. Ninguém nasce assim, tem a ver com a criação — Taehyung suspirou.

— Jane?

— Oi?

— Me deixa fazer uma coisa que estou querendo há muito tempo? — Taehyung me empurrou na cama antes mesmo de eu responder.

— O que quer tanto fazer? — Perguntei provocativa, apesar de saber o que ele queria. Oh céus, essa não era a maneira correta, mas de alguma forma eu precisava tirar Jungkook da cabeça.

Nem que seja da maneira mais idiota, ridícula e reprovável.

Taehyung me calou ao meter sua língua em minha boca; senti minhas pernas serem abertas e colocadas em sua cintura enquanto ele afundava o beijo. Não era rápido, nem lento; era numa velocidade suficiente para curtirmos as sensações e sentirmos os gostos um do outro.

— Quer dizer que você queria fazer isso? — Perguntei quando separamos o beijo, ofegantes; a boca dele estava mais vermelha e inchada, muito mais bonita que o normal.

— Você pensa que não é tão gostosa, mas não sabe o quanto qualquer coisa que você faz é extremamente sexy! — Ele se jogou ao meu lado, rindo.

— E quem disse que eu não sei? O que eu mais sei é que sou sexy e gostosa, anjo — me gabando, vi o olhar estranho dele, me encarando como se eu fosse uma doida. — Mas assim... Você não gosta de mim, não é? — Perguntei.

Ele não podia gostar de mim romanticamente; primeiro, porque eu o via como o gostoso que ele era e como meu amigo, e segundo, eu estava aqui por causa de um maldito contrato e casada com o melhor amigo dele.

Pelo menos é isso que parece, que eles são melhores amigos. Que têm profissões iguais, quer dizer, um trabalha para o outro.

— O que? Claro que não, Jane. Não estou nem doido de gostar de alguém tão imprevisível como você. É só atração mesmo — me tranquilizei. — Quando quiser me procurar para dar uns beijos, estou disponível. Sei que o Jungkook não faz nada com você mesmo, e você tem essa aparência de safada.

— Mas o que é isso? — Fingi surpresa. — Eu tenho cara de safada, Taehyung.

— Tem sim, tem cara de quem tem um desejo enorme e que na primeira oportunidade já quer transar — Zombou ele.

— Ah, seu bobo! — Levantei da cama e saí do quarto escutando sua risada e desci até a cozinha.

A maldita da empregada escutava música com os fones nos ouvidos.

Confesso que ter uma vida como a dela deve ser ótimo; ela passa o pano sobre os móveis tantas vezes que eles estão descascando e quase prontos para serem trocados. Peguei uma maçã começando a comer. Uma idosa adentrou a cozinha com uma cesta de amoras.

— Olá, minha querida, você deve ser a Jane — ela sorriu, e isso me fez sorrir vendo seu rosto simpático.
— Sou sim. Nunca vi a senhora por aqui.

— Ah, sou a governanta. Digamos que estava de férias com meu marido — disse lavando as frutas.

— Ah, entendi. Prazer conhecê-la. Tenho certeza de que me darei bem com a senhora, ao contrário dessa outra ali — apontei para Somi, que estava vestindo uma roupa mostrando o umbigo.

— Pode me chamar de Hana — Ela terminou de lavar as frutas, continuando lavando alguns pratos que tinha ali. — Estranhei o fato de que o Jungkook não levantou cedo hoje; geralmente, às cinco da manhã, ele já está no escritório.

Ela pareceu comentar consigo mesma, mas ainda assim ouvi.

— Ele ainda não levantou? — Geralmente, eu acordava às dez; sempre que eu acordava, ele nem estava mais em casa.

Olhei no relógio quadrado da parede; eram quase dez da manhã. Sorri lembrando de que consegui fazer ele soltar pelo menos uma lembrança do seu passado para mim. Precisava fazer ele se sentir seguro e confiar em mim, para que eu pudesse ajudá-lo com esses traumas.

Mas se ele dormiu tanto assim, isso significa que a conversa fez efeito, certo?

DANGER | Livro I • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora