DANGER | Livro I • JJK

𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖛𝖎𝖓𝖙𝖊 𝖊 𝖙𝖗𝖊𝖘

Seul, Coréia do Sul - 10:22 a.m.

Jane

Hoje faz exatos três meses que estou aqui. Definitivamente, não pensei que conseguiria suportar tudo isso. Nunca mais tentei conversar com o Jungkook da mesma forma que me aproximei de Areum, e agora compartilhamos tudo.

Ela chegou a perguntar se eu gostava do Jungkook, se sentia algo além de uma atração, mas é óbvio que não sentia. Tudo que eu sentia por ele era tesão, e nem isso, já que não tinha mais planos de transar com ele.

Acordei me virando de lado para evitar a enorme fresta de sol no meu rosto; eu nunca lembrava de fechar essa janela. Suspirei, já imaginando ir até o quarto do Taehyung para tentar falar com Jimin.

É claro que estava desconfiada, não sou tão burra assim. Talvez um pouco, mas não o suficiente para deixar tudo aquilo passar despercebido. Com muita preguiça, fui até o quarto dele, vendo que já estava vazio, tudo perfeitamente no lugar.

Acessei o computador, abrindo o Skype pirata e iniciando uma ligação. Coloquei os fones e me ajeitei na cadeira. Será que eu conseguiria ver mais alguma coisa hoje? Estranhei ao ver a tela completamente preta, escutando alguns murmúrios ao fundo, mas não conseguia identificar.

- Deixa ele atender, porra - escutei por fim, tendo a impressão de reconhecer a voz, mas neguei ao vê-lo.

Me assustei ao ver seu rosto sangrando e seus braços sendo apertados por uma corda; agora tinha certeza de que ele estava envolvido em algo ruim.

- Jimin? - Perguntei, assustada.

- Por que diabos está me ligando, Jane? - Disse ele, rude. Parecia outra pessoa. Seus olhos estavam escuros, o sangue descendo da testa e do nariz o tornavam ainda mais ameaçador, além dos sorrisos provocativos.

Até que de repente...

- Eu também quero saber, por que diabos você está ligando para ele?

Jungkook tomou a tela inteira da ligação e, na mesma
hora, desliguei a chamada. Como aquilo era possível?

Onde tinham conseguido pegar o Jimin? Tecnicamente, Jimin deveria ser um dos inimigos de Jungkook, considerando o que ele faz com cada um que cruza o seu caminho.

Meu coração acelerou pensando no que seria de mim. A porta do quarto foi brutalmente aberta minutos depois, enquanto eu me encolhia, vendo Jungkook puxar meu braço sem delicadeza alguma.

- Está me machucando, Jungkook - disse enquanto ele me arrastava pelo corredor e, em seguida, pelas escadas. Não fazia ideia para onde ele me levaria. Encarei Areum, que estava na porta de uma das áreas da mansão que eu nunca tinha conhecido; através do olhar, implorei para que ela o impedisse ou falasse alguma coisa.

- Você está muito ferrada - vi o olhar de indignação dela em mim e me entristeci.

É claro que agora todos pensariam que eu estava junto com Jimin em um plano contra eles, afinal, foi exatamente isso que pareceu.

Jungkook me jogou no chão numa sala escura, com paredes cinzas e o chão empoeirado. Assim que me levantei, pude ver Jimin na cadeira e os outros garotos mais atrás de Jungkook.

A visão de Jimin com todas aquelas feridas era intrigante, por mais que soubesse que ele era do lado oposto, não pude deixar de pensar em tratá-lo.

- Por favor, me deixem explicar, Jungkook! - Me aproximei dele, mas tudo que ele fez foi me empurrar, fazendo-me cair de volta no chão e sentir a ardência dominar toda a parte direita da minha mão que apoiou o solo antes de me receber.

Olhei para ele, indignada e com medo. Nunca imaginei que ele faria tal coisa.

- Você... - ele disse, se aproximando. - Não acredito que estava falando com esse desgraçado o tempo todo.

Conforme ele se aproximava, eu me afastava, até chegar na parede.

- Eu não estava! Já tinha desconfiado que ele estava metido em algo, mas precisava ter certeza para poder te contar - olhei para Taehyung, que também tinha um olhar de indignação. Meu coração falhou algumas batidas imaginando no que poderia acontecer. Será que ele faria o mesmo que fez com Jimin?

- Cale a boca, porra! Acha que essas desculpas colam comigo? - Ele atirou para o teto, deixando-me completamente assustada. - Uma pena que não possa fazer nada com você, mas o seu maldito pai vai pagar tudo. Namjoon, quero que leve ela de volta para o quarto e a tranque lá. Não quero ninguém entrando lá dentro, fora uma empregada para deixar água e comida - ele deu as ordens sem ao menos desviar o olhar do meu.

Antes que Namjoon me levantasse, eu me ergui e segui na frente. Realmente não queria vê-lo nunca mais depois daquilo. Seria melhor ficar no quarto do que ter que encará-lo.

Seul, Coréia do Sul - 11:05 a.m.

Jungkook

- Não acredito nisso - Taehyung se aproximou de Jungkook, sussurrando.

- Ela não é nenhuma santa, Taehyung. O pai dela não é flor que se cheire, ela também pode ser podre - Disse Jungkook, encarando Jimin, que olhava para o nada, mas tinha certeza de que prestava atenção na minha conversa.

- Ela não tem nada a ver comigo - disse Jimin. Me aproximei, apontando a arma para a bochecha alheia e encarando no fundo dos olhos raivosos do inimigo. Era claro que, no fundo, eu via medo.

- Quem mandou você falar alguma coisa? - Vi ele rir, meu maxilar travou pela falta de respeito. Odiava quando as pessoas não viam a gravidade da situação e ousavam me desafiar.

- Ela é mais burra do que pensei. Acha que Yoongi já não tinha tudo planejado? Encontrei ela no parque e logo estávamos trocando o número. Devia tomar cuidado com sua esposa, ou irão roubá-la de você - pus o meu dedo no gatilho, pensando se seria uma boa coisa atirar e matá-lo de vez, mas claro que não seria.

Não conseguia imaginar Jane com outro homem, seja fodendo ou sendo sequestrada. Todo esse tempo que ela está aqui, e dessa forma eu senti uma leve mudança na minha vida. Eu entendo que não sou bom para ela e que não conversamos tanto, mas nossas conversas e nossa única transa foram o suficiente para me deixar em alerta.

- Acha que irei acreditar em você? - Voltei a perguntar, o cabelo do loiro já tinha vestígios de sangue.

- Devia acreditar na sua esposa. Já ouviu falar que se não confia com quem dorme, não confia em mais ninguém? - Disse ele, ainda com aquele sorrisinho de canto.

Bati o cano da arma no canto da sua boca grande, vendo descer sangue dali, da pele machucada tentando expulsar todo o sofrimento. O maldito não soltava um gemido sequer.

- Eu não durmo com ela, desgraçado.

Coloquei uma fita na boca do mesmo, impedindo-o de falar mais qualquer merda, no canto do quarto cinza e observando aquele homem amarrado, sendo o braço direito do meu maior inimigo.

Por que eu me sentia culpado? Por que um leve sentimento de culpa fazia questão de tomar minha mente e fazer meus pensamentos voltarem para a mulher que, neste momento, estava trancada no quarto com uma mancha enorme no rosto?

- Jungkook, você já avisou que vai ao racha. Mas tem certeza de que vai conceder o desejo do Yoongi e levar a Jane? - Hoseok disse no meu ouvido.

Não planejava levá-la. Nunca acaba em algo bom. Gera briga e droga pesada, com ações que ela claramente não está acostumada.

Contudo, eu faria questão de mostrar a Min Yoongi que também voltaria com tudo nas provocações contra ele. Porque começando a guerra, só há um vencedor, e nesta vida, ou saímos ganhando ou morremos sem nenhum crédito.