TRINTA

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Um suspiro carregado de alívio saltitou dos lábios carnudos dela, ele era tão semelhante a respiração de uma criança que ainda não conhecia o mundo real, e que tem como ponto de vista um mundo de dragões, princesas e biscoito no fim da tarde, era apaziguador. Sendo assim, aquele seria o sentimento que nenhum ricaço poderia pagar, tampouco vendê-lo. Era único, belo e raro. A grama debaixo do corpo dela fazia ela adormecer mais pesadamente, enquanto o sol durante aquela tarde parecia mais quente, e consequentemente acabou despertando a garota de seu sono, que abriu os olhos e observou tudo com admiração, ela via um paraíso no seu próprio olhar. O efeito de olhar aquela área brilhante, quente e esverdeada, despertava dentro de sua mente tantas memórias boas, tanto riso, ela poderia estar brilhando mais intensamente que próprio sol se fosse possível naquele momento, e foi durante aquele instante que sentiu algo fisgando sua mão, e só então ela precisou se virar.

O rosto que lhe encarava, também parecia tão brilhante quanto ela, e muito familiar.

— Peter? — ela questionou, olhando profundamente para ele. — Por quê estamos aqui? Por quê está segurando minha mão?

— Eu não quero te deixar sozinha. —  respondeu convicto, apertando sua mão contra a dela. Ela assentiu, aceitando a situação, e se confortando com a força do aperto de Peter, e se aproximou dele, descansando sua cabeça encima do peito do garoto.

— Você não queria me deixar sozinha, ou....

— Eu também não quero ficar sozinho, eu acho que preciso de você... — aquela confissão assustou a menina, que estava começando a pensar racionalmente.

O quê ela estava fazendo ali, a princípio?

A brusca mudança de pensamentos, consequentemente roubou a paz da menina, e sua respiração que antes que era calma e rica, já não se parecia mais a mesma. Ela sentia seus medos e traumas tomarem conta dela, tudo num curto período de tempo. Enquanto isso, os olhos castanhos de Parker não paravam de encará-la, contrastando com ela enquanto deleitava-se de uma tranquilidade finissíma, que ela já não tinha mais.

O quê está pensando, Arabella? --- ele perguntou, tomando o rosto de Arya com suas mãos, deixando a ponta de seus dedos dedilhar nas bochechas proeminentes da garota.

— Eu-eu não... não sei! — quando ela disse isso, um estrondoso trovão tomou conta do ambiente, fazendo ela tremer, e logo diante dela surgiu a chuva, que era mais uma tempestade gélida caindo na cabeça da garota do que um simples relento, que transformou o belo paraíso que ela habitava num lugar tenebroso e triste, e para piorar mais, sua companhia já não estava mais descansando ao seu lado, ela agora estava sozinha, enquanto sentia a falta do toque que Peter havia deixado em sua mão. Seu olhar então parou na sua mão direita, aquela que ele segurou com tanta firmeza, e se arrepiou, quando percebeu que na sua pele haviam restos de sangue respingando de sua pele, e viu também que havia mais vermelho na outra, assim como percebeu olhando para o seu corpo a que suas vestes de cor branca estavam manchadas por um forte tom escarlate, contrastando com a delicadeza que o branco trazia. Ela se pôs de pé, em meio a tempestade acima dela, e se apavorou com a cena em que era protegonista.

Ela então gritou, deixando sair de sua boca um som estridente, enquanto conseguir sentir suas mãos sujas tremerem.

E foi assim, no seu mais profundo desespero, que ela voltou a sua consciência.

Gritando.

Tudo que enxergava era apenas branco, seus olhos chegavam arder com a predominância da cor que parecia apelativa demais para ela, e quando decidiu se mexer, sentiu uma pontada forte em um de seus braços, e se assustou ao perceber que a responsável por isso era uma agulha espetada na sua pele. Ela estava em um quarto de hospital, e não estava conseguindo arranjar faculdades suficientes mentais para compreender ou se recordar do porquê havia parado ali do nada.

REPUTATION | SPIDER MANOnde histórias criam vida. Descubra agora