- está vivo!- afirmei em um sussurro ainda estática.- Quésia - Karol falou chegando perto de mim - está sangrando amiga - falou preocupada e eu olhei pra baixo vendo a poça de sangue que se formou.
Voltei a olhar pra ele e todos olhavam pra mim assustados, não estava doendo, nem um pouco, não comparado a dor do meu coração.
- por que fez isso comigo?- perguntei alto dessa vez olhando pra ele.
- do que está falando ? - perguntou me olhando confuso.
- do que eu estou falando ? - praticamente gritei - você sumiu, me deixou acreditar que morreu por 6 anos - falei e sai de onde eu tava desviando dos cacos e fui até ele.
- tem noção do quanto eu sofri nesses últimos anos? O quanto de coisa que eu tive que aguentar quieta? O tanto de dor que eu senti?- gritei chorando cada vez mais.
- eu também sofri - ele gritou e eu me assustei - você não tem ideia do quanto eu sofri como um inválido sem poder voltar pra vocês - falou e eu neguei secando minhas lágrimas.
- esse sofrimento teria um fim se tivesse voltado antes - falei e ele fechou os olhos e respirou fundo.
- como eu voltaria para vocês em uma cadeira de rodas?- perguntou mais calmo.
- eu preferia mil vezes ter você em uma cadeira de rodas do que não te ter comigo - falei e subi para o quarto de hóspedes.
Fechei a porta e me sentei na cama tentando acalmar minha respiração.
Ele acha mesmo que pode voltar depois de esse tempo como se nada tivesse acontecido e eu receberia ele assim de braços abertos ?. Ouvi baterem não porta e mandei entrar imaginando ser uma das meninas, mas pra minha surpresa quem entrou foi o mesmo cara que estava com o Rick.
- oi, sou o Roberto- falou fechando a porta atrás dele - eu sou enfermeiro, vim ver seu pé - falou apontando pro meu pé e eu me lembrei que algum caco do prato dele ter cortado.
- nem está doendo na verdade, está tudo bem - falei e ele foi em direção ao banheiro.
Fiquei um segundos sem entender e ouvi o barulho de água corrente, ele voltou com a toalha de mão molhada e se ajoelhou na minha frente.
- a culpa foi minha sabe?- começou a falar e pegou meu pé limpando com a toalha - eu fui pago pra me livrar do corpo dele, mas não consegui. Eu levei ele pra cidade da minha tia e cuidei dele por todos esses anos, e nunca incentivei ele a voltar pra cá, apenas agora que achamos um bom tratamento, mas nunca toquei no assunto- continuo falando sem me olhar.
- eu ajudei ele com as ligações, deixei que usasse meu insta pra falar com você - falou e eu me lembrei do homem que me chamou no insta uns dias atrás - mas nunca falei com ele sobre voltar, eu fui egoísta e só a companhia dele me bastava, então eu que te devo desculpas - falou e finalmente me olhou.
- você é ...- comecei a minha pergunta e ele riu me interrompendo.
- sim, eu sou- falou e eu soltei um "uau" - sei que não foi fácil pra você, mas pra ele também não foi, só tenta entender ta ?- falou se colocando de pé.
- você cortou apenas o mindinho, é normal ele sangrar bastante - falou e eu senti.
- pensa bem e tenta entender ele, vou falar com ele também - falou e saiu do quarto.
Deitei o dorso na cama e fitei o teto, nada vai ser fácil daqui pra frente. Levantei e fui até o banheiro, liguei o chuveirinho e lavei meus pés e voltei pro quarto.
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Louco Pra Voltar {2º Temp} [CONCLUÍDO]
General Fiction2º temporada de Não sou tão bom assim "Você é minha droga vicia Todo dia quero Me libertar aos poucos da melancolia Vivo no limite sempre Sei que você não entende O quanto é difícil viver dez anos a frente" A saudade é um sentimento que nunca vai e...