- já pode começar a falar filha - minha mãe falou.Olhei pros meus pais, o Cauã, minha sogra e minha vó que estavam me olhando e esperando eu começar a falar a uns 10 minutos.
- há um ano e meio mais ou menos eu venho recebendo umas ligações - falei ainda perdida por onde começar - a pessoa do outro lado nunca falava nada- continuei a falar e vi os olhares confusos sobre mim.
- a onde quer chegar com isso ?- minha sogra perguntou e eu vi nos olhos dela que ela já sabia do que se tratava.
- Rickelme está vivo - falei na lata e fechei os olhos.
O silêncio que estava na sala era com toda certeza mega constrangedor, abri os olhos e vi minha sogra chorando em um abraço com a minha vó, meus pais em choque e meu filho não estava mais aqui.
- cadê o Cauã ?- perguntei me levantando e meu pai olhou para as escadas.
Subi as escadas e vi a porta do quarto dele fechada, bati na porta e ele demorou pra responder.
- filho- falei e ouvi um soluço que cortou meu coração.
- não quero falar com você - falou abafado.
- filho por favor, abri aqui pra mãe - falei já sentindo as lágrimas descer.
A última coisa que eu quero era magoar ele.
- você não é minha mãe - ele gritou e eu me assustei.
Eu sei que essa é a verdade, mas nunca pensei que isso doeria tanto.
- desculpa Cauã - falei com a voz embargada e me afastei da porta.
Assim que virei as costas ouvi a porta abrindo e senti o choque do corpo dele contra o meu e seus braços me abraçando.
- desculpa mãe, não quis dizer isso - falou abraçado contra minhas costas - a senhora mentiu pra mim, é isso ta doendo - falou e eu me virei pra ele com uma certa dificuldade e me abaixei.
- eu não menti pra você - falei e ele me interrompeu.
- mas ele ta vivo, eu achei esse tempo todo que não tinha mais um pai e ele tava vivo - falou entre os soluços.
- eu descobri ontem, eu não sabia disso até ontem- falei abraçada a ele - eu não menti pra você - sussurrei.
- eu te amo mãe, me desculpa - falou e eu apenas assenti.
Me sentei no chão e ele ficou no meu colo como um bebê, passei as mãos pelos cachinhos dele e sequei as lágrimas dele.
- você não nasceu de mim, mas desde que coloquei os olhos em você eu te amo e eu deixei tudo de lado pra cuidar de você e não me arrependo nem um pouco disso - falei e ele me olhava atento - você é meu filho independente de ter saído de mim ou não, e eu te amo mais que tudo nesse mundo e vou ficar do seu lado sempre - terminei de falar e dei um beijo na testa dele.
- eu te amo mãe - ele repetiu e eu assenti sorrindo.
- seu pai vai precisar se você, ele está em uma cadeira de rodas e está muito mal com isso, ele vai precisar de todo seu amor - falei e ele me olhou assustado - sei que está chateado com ele, mas antes temos que dar nosso apoio e nosso amor a ele - falei e ele assentiu.
- eu quero ver ele - falou e eu assenti.
- quero que descanse hoje, amanhã vamos resolver isso - falei e ele assentiu e encostou a cabeça no meu peito e fechou os olhos.
Ficamos assim por um tempo e eu senti a respiração dele leve, foi um sacrifício levantar com ele, mas eu consegui e coloquei ele na minha cama.
Desci e encontrei todos da mesma forma, minha sogra me olhou e veio até mim com os braços abertos, recebi o abraço dela de bom grado.
- como ele está? Você viu ele ?- perguntou e eu assenti.
- ele está em uma cadeira de rodas- falei em um sussurro.
- por isso ele não voltou, deve está se sentindo muito mal - falou e eu assenti.
Depois de muito chororô e eu explicar o pouco que eu sabia sobre a volta dele, todos foram dormir e eu fiquei na sala ainda pensando no que seria daqui pra frente.
Peguei meu celular e vi que já passava da meia noite, mas decidi jogar na sorte e liguei para o mesmo número que ele me mandou mensagem.
Demorou um pouco, mas ele atendeu.
- oi, aconteceu alguma coisa?- perguntou e eu neguei.
- não, só queria te avisar que eu contei - falei e ficou um silêncio do outro lado.
- como ele ficou ?- perguntou parecendo apreensivo.
- ele ta magoado, mas eu expliquei tudo pra ele - falei omitindo boa parte.
- olha Quésia, sei que passei muito tempo fora - falou e eu senti as lágrimas querendo descer de novo - mas eu ainda te conheço muito bem, o que aconteceu?- perguntou e eu sequei meus olhos.
- ele achou que eu menti, disse que eu não sou a mãe dele, o que não é mentira mas - comecei a falar e ele me interrompeu.
- você é sim a mãe dele, sabe muito bem disso - falou e eu suspirei.
- sua mãe está aqui - falei ele demorou pra responder de novo - ela está feliz por você estar bem - completei.
- eu não estou bem. - falou grosso.
- vai mais ficar, vamos ir atrás de um tratamento - falei esperançosa.
- sobre isso que temos que conversar, eu estou conseguindo mexer os pés, tenho uma consulta marcada pra semana que vem na Rede Sarah - falou e eu sorri.
- isso é ótimo, podemos ir com você. - falei animada e não tive respostas - isso se você quiser, é claro - falei mais baixo dessa vez.
- temos que conversar- falou e eu suspirei.
- tem algum perigo você vir aqui amanhã ?- perguntei mordendo os lábios.
- não, me manda o endereço por mensagem depois. - falou.
Nos despedimos rápido e ele desligou, fechei os olhos e encostei a cabeça no encosto do sofá e pensei sobre tudo isso.
Eu ainda estou muito magoada por ele ter escolhido ficar longe, mas eu amo esse homem mais que tudo.
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Louco Pra Voltar {2º Temp} [CONCLUÍDO]
General Fiction2º temporada de Não sou tão bom assim "Você é minha droga vicia Todo dia quero Me libertar aos poucos da melancolia Vivo no limite sempre Sei que você não entende O quanto é difícil viver dez anos a frente" A saudade é um sentimento que nunca vai e...