3. Inglaterra versus Brasil

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Apesar de ter escapado desta vez, Penélope não podia agradecer ao seu irmão Ben por, mais uma vez, não ter revelado ao pai sobre o namoro com Percy. Por mais que ela estivesse realmente agradecida por isso — e não era sempre que podia contar com a ajuda do irmão —, já estava lhe devendo alguns favores e, se ela o conhecia bem, esse era um dos que ele faria questão de cobrar. Ou pior: ele poderia muito bem usar isso contra ela para ameaçá-la pelo resto da vida, e nunca mais ela teria sossego.

Talvez o garoto nem imaginasse o quanto a havia ajudado desta vez; além de não revelar o segredo, Ben ainda conseguiu uma coisa que ultimamente era bem difícil de acontecer: fazer seu pai ficar de bom humor. O sr. Clearwater sempre foi conhecido por ser rígido; Penny não queria nem imaginar a reação dele ao descobrir que sua filha andava namorando às escondidas. Era por isso que ela queria tanto que Percy viesse logo falar com ele; era melhor que seu pai ficasse sabendo a verdade por ele do que pela boca de qualquer outra pessoa.

Mas Percy, pelo visto, estava mesmo preocupado com outra coisa; mesmo depois de Penny ter lhe mandado um convite especial para ele ir acompanhá-la no jogo de abertura da Copa Mundial de Quadribol entre Inglaterra e Brasil, o garoto deixou claramente transparecer em sua resposta qual dos seus problemas era a sua maior preocupação:

Penny,

Agradeço o seu convite, mas você sabe muito bem que eu não posso acompanhá-la nos jogos de quadribol. Como eu já disse, estou encaminhado para ingressar no Ministério e, na próxima segunda-feira, terei uma entrevista com o chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia; há muito trabalho neste departamento no momento por conta das providências para a Copa Mundial.

Como você pode ver, o meu emprego no Ministério já está praticamente garantido. Só o que me incomoda é essa sua desconfiança de que eu não vá falar com o seu pai; eu vou fazer isso, mas, no momento, tenho que me focar em minha maior prioridade, que com certeza não é pedir você em casamento.

Se você confiar em mim, tudo vai acontecer no tempo certo, então não adianta ficar me fazendo convites para esses encontros forçados com o seu pai.

Atenciosamente, Percy.

A garota terminou de ler a carta, amassou o pergaminho com raiva e o atirou na lareira. Não entendia por que Percy tinha tanto medo de seu pai; afinal, ele era um poço de bondade quando estava de bom humor. O que ela não aguentava mais era ter que mentir para ele.

Mas não havia outra maneira; no dia do jogo de abertura da Copa ela teve que mentir mais uma vez, e disse que a sua companhia não apareceu porque todos os seus amigos estavam viajando.

— Todos eles? — estranhou o sr. Clearwater. — Bom, então vamos nós mesmos. — Ele consultou o relógio. — Vamos, não podemos perder o horário da Chave de Portal.

O sr. Clearwater, Penny e Ben saíram de casa e foram a pé em direção a uma colina próxima, onde uma velha chaleira aguardava para transportá-los.

— E por que temos que usar uma Chave de Portal? — questionou Ben, olhando desanimado para o objeto. — A Penny não passou no exame de aparatação?

— Claro que passou — respondeu o sr. Clearwater. — É você quem ainda não tem permissão para aparatar.

— Eu podia muito bem fazer uma aparatação acompanhada — sugeriu o garoto. — Caso você não saiba, eu já tenho quinze anos.

— Nada disso; regras são regras — decretou o sr. Clearwater. — Venham, só precisamos tocar a Chave de Portal para iniciar a viagem. — Todos se acomodaram ao redor da chaleira. — Estão todos seguros? — O sr. Clearwater olhou para os filhos, que concordaram. — Agora é só esperar...

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora