29. Uma confissão inquietante

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— Você não vai acreditar no que eu vi na sala do papai...

— Quem se importa? — respondeu Penny com grosseria. Ela e Ben estavam junto à bancada da cozinha do chalé dos Clearwater, e a garota tinha acabado de acenar com a varinha por cima do ombro: um pão e uma faca voaram com violência por cima da mesa e se espatifaram contra a parede, e Ben teve que se abaixar rapidamente a tempo de não ser atingido.

— Ei, também não precisa...

— Viu só o que você fez? — a garota reclamou irritada, guardando a varinha com raiva. — Olha, eu não quero saber, está legal? Seja lá o que for, não me interessa.

Ela deu as costas e saiu. A neve passava voando pela janela da cozinha; Penny estava tão séria e aborrecida que Ben nem se arriscou a comentar sobre a carta anônima que recebera. Gustavo tinha ido passar o Natal na casa da mãe dele, o que claramente demonstrava que ele estava evitando qualquer tipo de encontro com o sr. Clearwater. O rapaz só regressou ao chalé poucos dias depois do Ano-Novo, quando Ben agradeceu por se livrar dessa Penny rabugenta e aparatou juntamente com o seu pai rumo a Hogsmeade para voltar a Hogwarts.

Eles caminharam pesadamente pela estrada coberta de neve até avistarem os javalis alados acima dos dois altos pilares nos portões da escola. Passaram pela revista habitual do zelador Filch e entraram; o sr. Clearwater seguiu para a sua sala, enquanto Ben se dirigiu à Torre da Corvinal, subiu a escada em espiral e bateu na porta uma vez.

— O que veio primeiro, a fênix ou a chama? — falou a aldraba em forma de águia.

— Essa é fácil — disse Ben confiante. — Foi a fênix.

— Não — respondeu.

— Está de brincadeira! Tudo bem, então foi a chama.

— Pense um pouco mais.

O garoto olhou bem para a águia, apertou os olhos e disse com raiva:

— Eu te odeio.

A porta se abriu. Kevin espiou para o lado de fora, mas, em vez de deixar o colega passar, foi ele quem saiu, fechando a porta por trás dele.

— Kevin, por que você fez isso? — Ben levou as mãos à cabeça, perplexo.

— Imaginei que você estivesse aqui — o garoto respondeu com simplicidade. — Quero te mostrar uma coisa que eu descobri na Sala Precisa.

— Tem que ser agora?

— A menos que você tenha algo para fazer...

O garoto olhou pelas janelas do corredor; o Sol já estava se pondo nos terrenos da escola cobertos por uma alta camada de neve.

— Está bem — ele disse, e os dois seguiram caminhando.

Todos os alunos de Hogwarts tinham permissão para circular nos corredores até as nove horas; mesmo assim, Kevin não parava de olhar para os lados, nervoso, enquanto se dirigiam ao sétimo andar.

— Teve um bom Natal? — ele quebrou o silêncio um tempo depois, parecendo preocupado.

— Nada mau. Acho que preferia ter ficado em Hogwarts, mas em todo caso... Bom, chegamos.

Tinham parado em frente a um trecho de parede lisa defronte à enorme tapeçaria que retratava a insensata tentativa de Barnabás, o Amalucado, ensinar balé aos trasgos. Kevin fechou os olhos e se concentrou; ele murmurou alguma coisa, os punhos fechados contra os lábios quando fixou o olhar em frente.

A porta da sala surgiu e eles entraram. A Sala Precisa estava iluminada com tochas reluzentes; as paredes estavam cobertas com cortinas e, no lugar de cadeiras, havia grandes almofadas de seda no chão.

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora