8. O evento nada secreto

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— E então? — perguntou o sr. Clearwater ao encontrar a filha. — Como foi o primeiro dia de trabalho?

— Foi muito bom — respondeu Penny animada. — Mais fácil do que imaginei. E o editor gostou muito de mim; já ganhei até um ponto positivo com ele...

Ela se lembrou de Gustavo e a sua animação logo se transformou num semblante preocupado; o seu sorriso e gentileza não saíam da sua cabeça. Talvez não estivesse acostumada com alguém sendo gentil, ou com alguém que estivesse disposto a escutar...

Penny esperou para reencontrar Gustavo no dia seguinte, mas ele não apareceu. E nem no próximo, nem no outro, embora as suas fotos continuassem a ser publicadas no Profeta Diário. Aliás, o maior contato que a jovem passou a ter com ele foi por meio das fotos que eram publicadas no jornal junto com as matérias de Rita. Mas até isso havia cessado na última semana de agosto; entre um comentário e outro da jornalista, ela acabou descobrindo que Gustavo estava doente.

O fato foi que Penny não conseguia parar de pensar nele. Queria poder conversar mais; estava mesmo precisando de alguém para conversar, e ele tinha sido tão atencioso...

Só para deixá-la ainda mais ansiosa, o último domingo de agosto amanheceu muito chuvoso e ela não saiu de casa, nem para o jardim. A chuva batia com força nas janelas de sua sala de estar; a garota se encostou a uma janela e ficou por muito tempo olhando os pingos de chuva que escorriam pelo vidro, pensativa... Ela só queria poder falar com Gustavo de novo, queria a companhia dele, e não conseguia entender por que ele não pensava da mesma maneira. Ela chegou a imaginar que foi um erro ter dito que o seu pai era um chefe de Departamento, isso devia ter deixado o rapaz intimidado...

Estava tão distraída que nem reparou a hora em que Ben se aproximou dela, fazendo companhia.

— Penny, eu sinceramente acho que você não devia mais ficar assim por causa do Percy — disse o garoto.

— Não; não é por causa dele que eu estou assim. Aliás, eu nem me lembrava mais dele, francamente!

— Ah, bom... Não imaginei que você gostasse tanto de olhar a chuva pela janela... Eu te conheço, Penny; o que foi que fez você ficar assim?

— Ah, Ben, você não vai entender... — Ela suspirou. — Sabe, eu conheci uma pessoa superlegal no trabalho; é um fotógrafo que trabalha para o Profeta. Conversei com ele só uma vez, e ele foi tão gentil comigo... Só que depois disso ele nunca mais apareceu, e eu fico pensando no que pode ter acontecido...

— Isso é fácil de descobrir — disse Ben. — Talvez ele não tenha achado você tão legal assim...

Penny olhou para ele, incrédula.

— Qual é o seu problema, hein? — disparou ela. — Eu tento conversar com você, mas parece que você só fica satisfeito quando é para ser chato e irritante comigo! Por que você não tenta ao menos uma vez na vida ser como o Gustavo, educado, atencioso e gentil?

— Ele só faz isso porque está com segundas intenções!

— E eu vou adorar se for verdade! — Penny exclamou sem perceber; Ben se boquiabriu. — Por que você não aproveita e cresce também? Daí começa a se interessar por garotas e me deixa em paz!

Sem dizer mais nada, a garota se levantou e foi para o seu quarto, e não falou com Ben pelo resto do dia.

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A chuva forte continuava a cair no primeiro dia de setembro. Como era o dia do início das aulas em Hogwarts, todos os Clearwater se levantaram praticamente no mesmo horário, às sete da manhã.

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora