25. O Clube do Slugue

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A atípica tarde enevoada de verão passou despercebida para um anoitecer frio e nebuloso, até que únicas luzes vistas das janelas da loja de logros eram os olhos vivos e azuis de uma coruja das neves encarapitada no estreito peitoril, que observava o movimento dos fregueses pela grossa vidraça. Somente quando todos deixaram a loja foi que a banda pôde se retirar também. Lauren se despediu dos amigos e acompanhou o seu pai, que já a estava aguardando. Os demais integrantes permaneceram juntos conversando, e foi nessa hora que Penny se aproximou de Gustavo pela última vez, para se despedir.

— Você vem? — indagou ela, já aguardando a resposta negativa.

Gustavo a olhou conformado.

— O Edu está ficando na sua casa de novo, não é? — perguntou ele.

— Sim, mas a Alexia e o Kevin também vieram desta vez. Eles têm se reunido com mais frequência, agora que estão gravando para a Rádio.

— Posso acompanhá-los, sim, se você achar que é muito complicado andar por aí com essa turma...

— Que nada — Penny riu sem graça. — As pessoas estão mais preocupadas com o Harry Potter e toda aquela baboseira de “o Eleito” que o Profeta inventou.

— Acho que é melhor eu ir à sua casa apenas quando começarem as aulas, então. Já tem gente demais lá.

Conforme Penny havia previsto, tanto a saída do Beco Diagonal quanto a viagem para Godric’s Hollow aconteceram sem maiores incidentes. Ben e seus amigos passaram grande parte das últimas semanas de férias organizando as malas, e só saíam de vez em quando para resolver os assuntos com a RRB.

A manhã do dia primeiro de setembro transcorreu mais tranquila do que o imaginado. Quando Gustavo chegou à casa de Penny para se alojar, encontrou tudo à espera: o sr. Clearwater, Ben, Edu, Alexia e Kevin com seus respectivos malões já estavam prontos para tomar o trem na estação de Godric’s Hollow até Londres.

Vários aurores do Ministério, muito sérios e vestindo trajes de trouxas, estavam espalhados pela estação King’s Cross aguardando para escoltar os alunos até a plataforma nove e meia. Somente depois que todos cruzaram a barreira entre as plataformas nove e dez foi que eles se viram livres de toda aquela comitiva e puderam embarcar no expresso de Hogwarts, que já havia começado a soltar fumaça sobre a multidão.

— Bom, tenho que ir ao carro dos professores — disse o sr. Clearwater. — Nem vou dizer a vocês procurarem lugares; estão cansados de fazer isso.

Alexia logo se juntou ao seu habitual grupo de amigas. Ben, Edu e Kevin olharam ao redor; havia um considerável número de bocas abertas e olhares de curiosidade na direção da entrada da plataforma entre os alunos que estavam aguardando para embarcar.

— Estão olhando para nós — Edu cochichou esperançoso.

— Não, Edu; estão olhando para eles — Ben apontou com a cabeça para a direção da barreira que Harry Potter havia acabado de cruzar juntamente com Hermione Granger e os irmãos Rony e Gina Weasley. — Vamos procurar um compartimento vazio.

— Não posso — respondeu o garoto. — Prometi me encontrar com a Lauren. Vejo vocês depois.

— Ah, é; me esqueci.

Ben e Kevin embarcaram os malões e atravessaram o corredor cheio de gente à procura de lugares. Por fim, encontraram um compartimento onde havia apenas um aluno da Corvinal, Marcos Belby, da mesma turma que Ben.

— Olá, Marcos! Podemos nos sentar aqui?

Belby, que era magro e nervoso, sorriu tenso, o que os garotos interpretaram como um sim.

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