— É o seguinte — disse Gustavo a Ben, de volta ao quarto do Caldeirão Furado. — Vou deixar você em Ballycastle junto com os demais. Quando você chegar à casa da minha mãe, avise a Penny que eu irei procurar um lugar para nós ficarmos e depois volto para buscá-la.
— E por que você mesmo não fala com ela? — contestou o garoto. — A casa é sua; se alguém tiver que ir, é você. Eu posso me virar.
— Ah, vai mesmo se virar sem varinha! Você tem que ficar junto com os outros, num lugar seguro!
— Sim, um lugar que vai deixar de ser seguro depois que a sua mãe estiver dando guarida a tantos caras marcados! Eu estou sendo ameaçado de morte, esqueceu?
Gustavo bufou inconformado. Passou a mão pelo rosto e se sentou, correndo o olhar pelo quarto como se estivesse procurando nas paredes a melhor resposta para dizer.
— Você não entende — ele disse por fim. — Eu não posso voltar para casa. É época de Lua cheia, e eu mandei o seu pai para lá, mandei o Edu para lá... Não quero que mais ninguém me descubra.
Houve uma pequena pausa inoportuna e constrangedora, então Ben falou com ar de quem estava determinado a convencer alguém a mudar de ideia:
— Você os ajudou a fugir, ofereceu um abrigo para eles. Ainda assim acha que eles vão ficar contra você?
— Acho — respondeu Gustavo, colocando-se repentinamente em pé. — Será que você não percebeu? Ninguém gosta de lobisomens: nem o Ministério, nem os Comensais da Morte, nem os bruxos, nem os trouxas e nem os próprios lobisomens! Às vezes acho que teria sido melhor se eu tivesse morrido...
— Não fale assim! — repreendeu-o Ben. — Nem todo o mundo acha que todos os lobisomens são horríveis. Você mesmo disse que a Penny sabia que você era um lobisomem...
— A Penny é a única pessoa que me dá valor — Gustavo explicou com a voz embargada. — Por isso ela é tão importante para mim. Eu gostaria de ter condições de oferecer algo melhor a ela, mas estou para sempre preso nesta maldição!
Ele tornou a se sentar, soluçando; estava esfregando o rosto e os cabelos com as mãos, parecia descontrolado.
— Só... só para deixar claro — disse Ben. — Você quer me deixar na casa da sua mãe e ficar aqui sozinho para se transformar?
— Não posso ficar aqui — respondeu Gustavo, enxugando os olhos. — Vou para Hogsmeade. A Casa dos Gritos é o único lugar onde eu posso me transformar, além da casa da minha mãe. Tem o porão da casa do seu pai também, mas não tem como ir para lá.
— Então vou com você para Hogsmeade — decidiu Ben. — Fico hospedado em algum lugar por lá. Estou sem a minha varinha, devo ficar junto com alguém que tenha uma.
Gustavo hesitou; ele enxugou o rosto com as mãos com força e soltou um suspiro profundo. Não tinha outra opção senão ir à Casa dos Gritos, mas também não podia deixar para trás um bruxo sem varinha, principalmente se ele fosse o irmão de sua noiva e estivesse mesmo sendo ameaçado de morte.
— Eu realmente preciso avisar a Penny — falou Gustavo. — Se você concordasse comigo ao menos desta vez, facilitaria muito as coisas para mim.
— Certo; então você pretende se mudar com a Penny para outro lugar e deixar a sua mãe abrigando três foragidos na casa dela, que nem ao menos são da família? Tem certeza de que ela vai concordar com isso?
Gustavo soltou um breve suspiro; em nenhum momento havia lhe passado pela cabeça qual seria a reação da sua mãe, e agora tinha acabado de chegar à conclusão de que provavelmente não seria nada positiva. Não queria admitir a derrota, mas não conseguia ao menos pensar num plano melhor. Parou de falar, seu olhar se fixou na mochila, como se tentasse encontrar nela alguma solução.
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A Força Mais Poderosa
FanfictionCom o término das aulas em Hogwarts, o namoro entre Penélope Clearwater e Percy Weasley também chegou ao fim. Porém, quando menos espera, a jovem bruxa se vê novamente apaixonada e torce para que os seus sentimentos sejam correspondidos - até descob...