15. O diário em branco

84 11 102
                                    

Os dias quentes de verão estavam acabando, mas o Sol ainda brilhava fortemente sobre Londres quando chegou o dia do aniversário de Penny. A única coisa que ela queria, entretanto, era poder ter ao menos um pouco de privacidade com Gustavo; fazia tempo que eles não conseguiam ficar a sós, e o sr. Clearwater cada vez mais demonstrava que não estava disposto a colaborar.

Era uma frustração gigantesca para Penny falar com Gustavo sempre que ele aparecia no escritório do Profeta Diário e ter que agir como se não o conhecesse. Tudo bem que ela agora podia vê-lo com mais frequência, mas não era disso que se tratava... Estava com saudades dele, de estar com ele, dos momentos românticos que viveram — mas ela sabia que esses momentos eram cada vez mais difíceis de acontecer.

Na hora do almoço, Gustavo resolveu fazer uma pequena surpresa: ele ficou aguardando-a ao lado de fora da redação, então aparatou juntamente com Penny num parque um pouco mais afastado e tirou de dentro do bolso das vestes um livro pequeno, que tinha uma capa dura e preta. Penny viu na mesma hora que era um daqueles livros sem nada que vendiam na Floreios e Borrões.

— Encontrei esse diário e pensei que seria útil para nós — explicou Gustavo. — Ele é enfeitiçado para replicar tudo o que for escrito no par, que está comigo; então sempre que você quiser falar comigo, basta escrever nele, e tudo o que você escrever aparecerá na minha réplica e vice-versa. Assim conseguiremos trocar mensagens à distância sempre que for preciso.

Penny olhou do diário para o rapaz com uma expressão maravilhada.

— Ah, Gustavo, você é o melhor namorado do mundo!

Ela atirou-se em seu pescoço, e ele lhe deu um beijo nos lábios... Então, pôde se dar conta do quanto estava sentindo falta dos beijos dele, da boca dele roçando suavemente o seu rosto, e o desejo de estar junto com ele chegou a um nível que ela não estava sabendo lidar.

— Eu quero que você venha à minha casa hoje — ela disse.

— O seu pai não vai achar ruim?

— O meu pai não pode continuar me tratando assim; nós somos adultos! Hoje é meu aniversário e o Edu está lá em casa; ele não pode implicar comigo. Você podia passar no escritório depois do expediente, o meu pai não foi trabalhar. Teve que trazer o Ben ao Beco Diagonal porque tinha que, você sabe, comprar umas coisas para ele...

— Certo; eu só não quero causar problemas com o seu pai. Posso passar na redação para te buscar depois do expediente, então?

— Sim; quero estar junto com você durante a conversa. O meu pai vai ter que entender dessa vez.

Ela respirou fundo; embora não gostasse nada de ter que admitir, seu maior medo na atualidade era o de ter que enfrentar o pai. Mesmo que ela soubesse que já estava mais do que na hora do sr. Clearwater entender que ela já podia tomar as suas próprias decisões, alguma coisa lhe dizia que ele jamais aceitaria que a filha estivesse disposta a ficar com um lobisomem.

Às cinco da tarde, o rapaz veio buscá-la, como prometera. Eles deram as mãos e desaparataram, aparecendo um segundo depois diante da casa dos Clearwater em Godric’s Hollow. Gustavo passou pela porta e olhou ao redor. Era uma casa formidável; logo na entrada, havia uma sala de visitas grande e iluminada, com um sofá enorme e convidativo, uma poltrona e uma mesa de centro agrupados ao redor de um círculo de luz que era projetado por um lustre suspenso. Tinha também uma lareira, e uma das paredes laterais era revestida de livros. Ao lado da mesa de jantar havia a entrada para a cozinha e, ao fundo, uma porta de madeira que dava para a varanda. A maior preocupação deles, entretanto, era se o sr. Clearwater se mostraria amigável com a visita.

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora