A Força Mais Poderosa

24. A volta do Fictícia

As férias de Gustavo teriam sido muito menos desagradáveis se não fossem os casos de desaparecimentos, acidentes estranhos e até mortes que passaram a ser noticiadas com frequência Profeta Diário. Por vezes, a sra. Branstone usava essas notícias para tentar convencer o filho a permanecer com ela em Ballycastle, sem ao menos desconfiar que, para ele, isso poderia significar até a morte; há alguns meses, o sr. Clearwater o fizera jurar, por meio de um Voto Perpétuo, que protegeria Penny enquanto ele não pudesse lhe fazer companhia.

Gustavo obviamente não tocou nesse assunto com a mãe, e só permaneceu na casa dela nas semanas seguintes porque não tinha mais onde ficar — já haviam começado a desconfiar dele no Caldeirão Furado, e a casa de Penny, com o pai e o irmão dela durante as férias, não era uma opção.

Mas, ao final da segunda semana de agosto, após o período da Lua cheia, ele decidiu que não podia mais permanecer na casa da mãe; com a notícia do desaparecimento do sr. Olivaras e do sr. Florean Fortescue, ambos no Beco Diagonal, ficou claro para ele que devia voltar ao trabalho o mais rápido possível para ficar mais perto de Penny, que afinal podia estar correndo perigo. No sábado pela manhã, ele se despediu da mãe e partiu para Londres rumo ao Beco Diagonal, apesar da sra. Branstone parecer muito tensa à hora do café.

Quando finalmente chegou ao Caldeirão Furado, estranhou ao ver o estabelecimento completamente vazio. Apenas Tom, o estalajadeiro enrugado e sem dentes, estava no bar, organizando umas garrafas nas prateleiras atrás do balcão. Ele ergueu a cabeça quando o rapaz entrou e, antes que pudesse falar, Gustavo disse:

— Olá, Tom. Será que eu poderia ficar por aqui umas duas semanas? Prometo que não vou me prolongar.

O bruxo enxugou as mãos, olhando-o assustado.

— Não temos vagas — ele respondeu apressado.

Gustavo deu uma olhada para o corredor onde ficavam os quartos. Todas as portas estavam abertas, o que indicava que não havia nenhum hóspede — mas não adiantava muito argumentar quando se era um lobisomem à procura de abrigo.

Ele recolocou a mochila nas costas e foi direto ao escritório do Profeta Diário para falar com Barnabás Cuffe, seu chefe e editor do jornal. O dia estava nublado e escuro, e Gustavo percebeu que o Beco Diagonal estava bem diferente; grandes cartazes do Ministério da Magia contendo alertas de segurança cobriam as vitrines de quase todas as lojas, além de outros com fotos animadas em preto e branco dos Comensais da Morte que ainda estavam foragidos. Algumas vitrines estavam fechadas com tábuas, inclusive a da Sorveteria Florean Fortescue. Gustavo chegou ao pé da escadaria de mármore da redação do Profeta Diário e surpreendeu-se ao encontrar Penny, a sua namorada, saindo do escritório em pleno fim de semana.

— Penny, está tudo bem? — indagou ele. — Você está trabalhando aos sábados também?

— Às vezes até aos domingos — ela respondeu cansada. — Estão me pagando as horas-extras, mas por hoje já estou de saída.

Gustavo decidiu então deixar a conversa com Cuffe para depois. Ele e Penny deram as mãos e foram andando pelo Beco Diagonal, passando em frente a várias barracas que haviam surgido ao longo da rua.

— Que bom que você veio — disse Penny. — Chegou na hora certa; eu estava indo para a loja de logros que foi inaugurada há algumas semanas. O Ben foi convidado para tocar lá com os amigos dele e eu não queria ir sozinha porque, bom, você sabe, a loja é dos gêmeos Weasley e parece que eles não gostam muito de mim...

— Mas por que alguém não gostaria de você? — estranhou Gustavo.

— Para falar a verdade, acho que nenhum dos irmãos do Percy jamais gostou de mim. Até tentei fazer amizade com a Gina, mas não rolou. Mas os gêmeos... eles grudaram chicletes de baba-bola no meu cabelo na época em que eu e o Percy namorávamos, só porque eu tinha dado uma advertência neles. Merecida, se quer saber...