5. A reviravolta

125 25 199
                                    

Vários dias se passaram depois da chegada da confirmação da reprova de Penny no teste admissional para o Gringotes, mas o clima ainda era de tristeza na casa dos Clearwater. Penny não teve mais coragem de tocar nesse assunto - e em nenhum outro - com a sua família. Ela bem sabia que nada havia mudado em sua vida: não tinha conseguido o emprego dos sonhos, continuava dependendo da boa vontade de Ben, e o seu namoro com Percy continuava a ser escondido.

Aliás, ela já não sabia se podia continuar chamando aquilo de "namoro". Percy não havia mandado resposta alguma sobre a sua carta. Por um lado, ela até entendia a posição do rapaz; certamente ele também não tinha conseguido o tão sonhado emprego no Ministério e, assim como ela, perdera completamente as esperanças de um dia poder fazer algo útil na vida.

O sr. Clearwater evitou o máximo que pôde relembrar a filha do seu fracasso no teste admissional. Mas, na véspera do terceiro jogo da Inglaterra, Penny resolveu quebrar o silêncio — ela ainda dependia do bom humor do pai para contar a ele o seu pequeno segredo. Então ela aproveitou o momento em que o sr. Clearwater estava mais tranquilo lendo o exemplar do Profeta Diário, sentou-se ao lado dele e arriscou:

— O senhor deve estar desapontado comigo, não é, pai?

— Desapontado, não — respondeu o sr. Clearwater sem sorrir. — Sei que o teste não é fácil, muitos bruxos extremamente bem preparados não conseguem passar na primeira vez. O que pretende fazer agora?

— Eu vou me preparar para prestar o exame novamente no ano que vem. Nenhuma outra carreira me interessa que não seja no Gringotes.

— Um ano em casa, se preparando — analisou o sr. Clearwater. — Só espero que não seja um ano perdido...

— Prometo que não vou decepcionar — Penny decretou convincente. — E eu também vou aproveitar para me aprimorar um pouco mais nas tarefas de casa, aprender uns feitiços domésticos... É sempre bom saber essas coisas, não?

— Sim — observou o sr. Clearwater vagamente, repousando o jornal sobre o colo. — A sua mãe nunca trabalhou fora, mas era uma excelente dona de casa. Aliás, você bem que podia começar a me acompanhar aos eventos no Ministério da Magia; os meus colegas sempre levam as esposas, e como eu não tenho uma...

— Eu ficaria honrada — agradeceu Penny.

— Bom, então que tal me ajudar com os preparativos para o jogo de amanhã? Será a Inglaterra contra a Transilvânia — disse o sr. Clearwater. — Nós vamos acampar desta vez, eu já pensei em todos os detalhes, mas é bom você me ajudar para ir se acostumando.

— Ah, que bom! — Penny deu um sorrisinho sem graça; não sabia por que achava isso estranho, mas tinha a ligeira impressão de que o seu pai não havia ficado exatamente satisfeito com a conversa.

༺༻

Penélope teve a sensação de que seu pai havia passado a noite na cozinha quando se levantou no dia seguinte, acordada pelo batuque de copos e pratos.

— Bem na hora! — exclamou o sr. Clearwater para a filha, quando a viu descer as escadas.

Ben também estava acordado, e conversava com o pai num tom bem mais preocupado que o de costume:

— É sério, pai, é melhor o senhor não ir — dizia o garoto. — Não é óbvio? Primeiro, o senhor torceu pela Inglaterra no jogo contra o Brasil, e a Inglaterra perdeu; depois, torceu pela Penny para passar no teste admissional...

— Você quer parar com essa bobagem? — o sr. Clearwater o interrompeu irritado.

— Depois, Gales e Escócia desclassificados! — insistiu o garoto. — Você não percebe pai? Você é pé frio!

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora