39. A rota mais improvável

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Como não houve acordo entre os dois rapazes sobre a questão de que Ben fosse a Ballycastle para que Gustavo arranjasse outro lugar onde pudesse se transformar, eles aparataram juntos em Hogsmeade no dia seguinte. Gustavo deixou a varinha com Ben para que ele a usasse em caso de necessidade e, enquanto o garoto foi procurar uma hospedagem, ele, que já não dispunha de tanto dinheiro do que sobrou das suas economias, foi para a Casa dos Gritos e ficou lá até o dia seguinte à transformação. 

Sem poder mais permanecer no lugar devido ao desconforto e à falta de mantimentos, no início da tarde de quinta-feira a fome já o incomodava tanto que ele foi procurar por Ben no pub onde ele estava hospedado; por sorte, chegou bem a tempo de ser convidado para o almoço.

— Sente-se. Você está com uma cara péssima! Há quanto tempo não come? — perguntou Ben, oferecendo-lhe um empadão de carne.

Com a boca entufada, Gustavo foi incapaz de responder, embora se sentisse bem mais animado e até esperançoso depois de forrar o estômago.

— Vamos ao que interessa — prosseguiu Ben. — Não posso falar muito aqui, pode haver olheiros onde não imaginamos...

Gustavo concordou com um leve aceno de cabeça, apesar do pub aparentar estar praticamente vazio.

— ... embora não tenha havido grandes mudanças desde que saímos de Londres. Parece que o Ministério resolveu abafar o caso sobre o que aconteceu no dia em que o meu pai conseguiu escapar; basicamente o foco deles continua sendo os nascidos trouxas. Harry Potter segue foragido, e Rabastan Lestrange continua montando guarda em Godric’s Hollow, embora ele não pareça ser muito esperto.

— Você esteve em Godric’s Hollow? — perguntou Gustavo, tapando a boca enquanto mastigava.

— Sim, e ele entrou na casa de novo, consegui estuporá-lo de novo e desaparatei. Eu devia ter roubado a varinha dele! — exclamou Ben, estapeando a própria testa. — Bom, não entendo por que ele não se muda para lá de uma vez. Pelo menos deu tempo de pegar umas coisas que vão nos servir na viagem para o México.

— Ah, não comece com essa maluquice de novo! — protestou Gustavo. — Você sabe que eu tenho mais o que fazer; preciso encontrar um lugar onde eu possa levar a Penny e desafogar a casa da minha mãe!

— Imaginei que você fosse dizer isso. Mas eu não tenho nada a perder aqui, estou decidido a fazer essa viagem.

— Sem a Alexia eu não vou a lugar algum — retorquiu Gustavo, na esperança de que, com esse argumento, pudesse desestabilizar o garoto novamente.

— Certo — respondeu Ben. — Esse foi o único pedido que você me fez, e eu pensei bem e resolvi acatar. Marquei de falar com ela amanhã de manhã, isso se ela concordar em vir até a casa de chá da Madame Puddifoot.

— Eu não estou acreditando nisso! — exclamou Gustavo, esfregando o rosto. — Não temos nem recursos para uma viagem dessas! Onde vamos ficar, o que vamos comer? Onde vamos arrumar dinheiro?

Ele esperava trazê-lo de volta à realidade; pensou que Ben fosse se dar por vencido, que ele fosse ficar sem resposta e acabasse chegando à conclusão de que a viagem era inviável, ou então que ele pudesse ao menos atrasar os planos do garoto. O que ele não esperava é que Ben fosse fazer uma cara de satisfeito e abrir um sorriso.

— Por acaso conheço um lugar em Londres onde tem um monte de dinheiro. Já ouviu falar no Gringotes?

— Está pensando em roubar o Banco?

— Somos pagos para tocar na rádio — respondeu Ben. — E eu já estive no Banco e acho que peguei o suficiente.

Gustavo sacudiu a cabeça; obviamente percebia falhas no raciocínio do garoto e estava determinado a fazê-lo desistir. 

A Força Mais PoderosaOnde histórias criam vida. Descubra agora