Com a partida de Alexia e de Gustavo, restou a Ben somente esperar pelo regresso de ao menos um dos dois. Sem uma varinha e um intérprete, tudo o que pôde fazer foi comprar uns burritos e aguardar, semana após semana, que alguém viesse ao seu encontro.
Após a Lua Cheia seguinte, porém, quando ele já estava começando a perder as esperanças, recebeu a visita de Gustavo, o rosto magro e o semblante cansado; parecia que não trocava de roupa havia dias.
— Você voltou — disse Ben, constatando o óbvio. — Pensei que eu tivesse sido abandonado.
— Pensei que você estivesse com a Alexia — o rapaz respondeu com simplicidade.
— Ela foi embora. Não quis fazer parte da missão depois de descobrir a verdade.
Gustavo largou a mochila em cima da cama e se sentou exausto, coçando o queixo no ponto onde a sua barba recém-crescida começava a incomodá-lo.
— Agora você entende como é se sentir incapaz diante de uma situação que você não pode mudar? — disse ele.
Ben abaixou a cabeça e assentiu. Depois, sentou-se ao lado de Gustavo e perguntou:
— Por onde você esteve?
— Estive tentando falar com a Penny. — O rapaz suspirou. — Mas eu não estava conseguindo conjurar um Patrono e, quando finalmente consegui, eu não sabia o que dizer... Tenho certeza de que ela está precisando de mim; eu preciso voltar para casa o quanto antes...
— Está brincando? — retrucou Ben. — Eu não cheguei até aqui para desistir. Logo eu, que passei a vida inteira ouvindo da minha própria família que eu não tinha talento e que eu deveria estudar para trabalhar no Gringotes se quisesse ser alguém na vida?
Gustavo inspirou profundamente e sacudiu a cabeça. Não tinha forças para argumentar e já não aguentava mais essa situação de estar numa viagem inútil e interminável buscando algo que não existia.
— Você não quer ir embora — disse Ben, antes que Gustavo pudesse falar. — Você quer se livrar da maldição, você sempre quis isso.
— Não tem como me livrar da maldição! — exclamou o rapaz. — Tenho que aceitar isso. Eu quero voltar à minha vida normal; a Penny está esperando por mim! Ponha isso na sua cabeça: não existe cura!
— Ou será que ainda ninguém intentou encontrar uma cura? — indagou Ben, ao que Gustavo quase arrancou tufos dos próprios cabelos, indignado. — Não custa nada procurar mais um pouco; quem sabe até já encontramos? Quem sabe se o intento não está por aí, pairando no ar, ao alcance de todos... como sempre esteve. Eu até consegui uma gema do cristal de uma serpente chifruda do rio! Se isso não tiver algum significado, sinceramente eu não sei mais o que tem.
Com um nó na garganta, Gustavo fechou os olhos e sacudiu a cabeça mais uma vez. Obviamente não concordava com o garoto, mas... e se ele tivesse razão? E se a lógica dele estivesse correta; agora que eles já tinham encontrado um objeto mágico, só faltava descobrir uma maneira de fazê-lo funcionar... Mesmo que nunca ninguém tivesse feito isso antes; se disso dependesse a sua liberdade, o que custava tentar?
Ele se imaginou voltando à sua antiga vida... Quem era ele? Apenas um desgraçado de um lobisomem que nem ao menos tinha onde morar; tinha deixado a noiva grávida e em situação de perigo, tudo para partir numa viagem fracassada... E agora reapareceria meses depois dizendo que nada do que tinha feito deu certo, e que a viagem servira apenas para confirmar a sua incompetência e a sua burrice...
— Um mês — o rapaz concordou afinal, apertando os olhos com os dedos, sem acreditar no que estava fazendo. — Ou talvez, menos. Deixe o cristal comigo; vamos fazer alguns testes. Se nada acontecer, nós voltamos.
![](https://img.wattpad.com/cover/273610406-288-k188939.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Força Mais Poderosa
FanficCom o término das aulas em Hogwarts, o namoro entre Penélope Clearwater e Percy Weasley também chegou ao fim. Porém, quando menos espera, a jovem bruxa se vê novamente apaixonada e torce para que os seus sentimentos sejam correspondidos - até descob...