32. A coruja acaçapada - Parte 1

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Conforme os dias foram passando, Gustavo e Penélope ficavam cada vez mais ansiosos com o retorno do sr. Clearwater de Hogwarts. Precisavam esclarecer com ele a necessidade de saírem do chalé de Godric’s Hollow e esperavam que ele aceitasse a proposta de emprestar o dinheiro para que eles pudessem comprar uma casa e recomeçar a vida. 

O maior impasse disso era que Gustavo achava que já estava na hora de contar ao sr. Clearwater sobre a sua licantropia — uma vez que eles agora precisavam dos favores do sogro, e não havia outra maneira de contar a ele que fora dispensado do Profeta Diário sem mencionar essa informação —, mas Penny simplesmente achava que nada disso era necessário. Aliás, a garota tinha a certeza de que o pai se recusaria emprestar o ouro caso tomasse conhecimento de que ela estava prestes a ir viver com um lobisomem desempregado, e a maior preocupação dela no momento era sair daquela casa, pois era a vida de Gustavo que estava em risco.

Enquanto os dois não chegavam a um acordo (embora Gustavo acreditasse que poderia convencer Penny a contar a verdade, enquanto ela se mostrava irredutível), o interesse pelo jogo final da temporada de quadribol em Hogwarts aumentava a cada dia. A Corvinal era a favorita: apenas uma derrota por uma diferença de trezentos pontos tiraria deles o primeiro lugar — o que era uma tarefa difícil para o time adversário, a Grifinória.

Poucos dias antes da partida, toda a escola ficou sabendo que Harry Potter, que atualmente era o capitão da equipe da Grifinória, havia se envolvido num incidente grave com Draco Malfoy e conseguiu provocar a sua própria suspensão do jogo final. A equipe da Corvinal ficou eufórica; não havia quem não notasse o ar de felicidade que tomou conta dos corvinos quando chegou a manhã de sábado, o dia da partida, ao ver Harry dar as costas à massa de estudantes que saíam para os gramados.

Foi em meio aos ruídos da multidão que saía da Torre Oeste e se dirigia ao estádio que Miguel Corner, o capitão da Corvinal, veio andando na direção contrária aos estudantes e encurralou Ben no meio do corredor.

— Preciso que você jogue como goleiro!

— Quê...? — exclamou Ben atordoado. Por cima do ombro do garoto, ele viu Kevin seguir cabisbaixo em direção ao campo, sem acompanhar ninguém. Alexia, pelo contrário, ergueu a cabeça e ia pisando firme, de mau humor; Edu e Lauren no mínimo já deviam estar no estádio há tempos. — O que houve com o Antônio?

— Furúnculos — explicou Corner. — Está na ala hospitalar. Acho que alguém da Grifinória lançou uma azaração contra ele; eles vivem fazendo isso, principalmente agora que estão em desvantagem. Não duvido nada que tenha sido a Gina...

— Mas você quer mesmo que eu jogue a final? Eu nem participei dos treinos nesta temporada!

— Não tem problema, eu confio em você. Você é o melhor goleiro que eu já vi jogar nesta equipe. Sem contar que eles estão sem o Potter e a Firebolt dele; a nossa vitória está garantida, basta você não levar trinta gols. Agora ande, vá se trocar; vamos entrar em dez minutos.

Um pouco atordoado, Ben convocou a sua Nimbus 2001 e se dirigiu ao vestiário com o restante do time para vestir os uniformes de quadribol. Era certo que ele havia se oferecido para jogar como goleiro, mas ele precisava ter treinado ao menos um dia antes da partida... Fazia um tempo que não voava, e já carregava um histórico de derrotas contra a Grifinória em suas atuações. Tudo bem que parte de seu fracasso se devia a Alicia Spinnet; o garoto tinha uma queda inexplicável por ela desde o quarto ano, mas agora ela já havia se formado e não estava mais no time — o que significava que nada podia tirar a sua concentração.

Torcendo para que a intuição otimista de Miguel Corner estivesse certa, ele calçou as luvas e saiu para o estádio juntamente com o time, vestindo o uniforme de quadribol que realçava ainda mais o azul dos seus olhos.

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