32• ☠️

362 76 117
                                    

Autora: Oimin95
Beta: sopejuun

☠️•Votem e comentem•☠️


Há muito anos atrás, existia uma criança, um menino, pequeno e gordinho. Uma criança com um destino imutável, fadado a uma vida única e inalterável.

Essa criança que cresceu vestindo-se de ouro nos sapatos e pérolas de jade nas roupas, nunca experimentou ou experimentaria um não, uma frustração ou sermão.

O filho do imperador, foi criado no conforto do dinheiro e do poder, cercado de desejos realizados e escravos para serem mandados, uma criança com responsabilidades imensas nas mãos e que sequer sabia o mínimo sobre os próprios cidadãos.

Nasceu com síndrome de Deus e com o passar dos anos nada mudou, permaneceu ali sem crescer, em um mundo colorido onde tudo e todos agiam da forma que queria. Não desejava aprender sobre economia e ninguém insistia, não queria estudar sobre seu povo e seus pais proibiam qualquer um de obrigá-lo a se sentar na frente de um livro contra a sua vontade.

Sempre lhe foi dado o que queria, sem que as consequências caíssem sobre seus ombros.

Mas um dia o destino lhe provocou e o testou, tirou-lhe o pai e depois a mãe. E o que lhe restava agora sem sua família?

Um imenso império como herança.

Uma coroa pesada que sempre desejou carregar e agora finalmente a colocaria sobre a cabeça.

Estava realizado, feliz, deleitando-se da glória e do estupor. Desejava estar no trono desde a primeira vez que o viu e agora poderia desfrutá-lo. Mas para a infelicidade do povo, sua felicidade durou pouco tempo.

As festas, o dinheiro e as concubinas, tudo ia se esvaindo quando os velhos da corte começaram a cobrar-lhe responsabilidade e integridade, quando o fardo de um reinado caiu sobre sua cabeça onde dessa vez descobriu o real peso de uma coroa.

Por exigência, tentou ser um bom rei, apesar de si mesmo, mas por mais crescido que estivesse agora, ainda havia congelado em sua mente infantil, preservando apenas as piores partes; fricote, teimosia, mimo, autoritarismo, imediatismo...

Por isso, quando a responsabilidade chegou, quando o povo reclamou de fome e sede, quando precisavam de teto e controle, ele não quis arcar com isso por muito tempo. Entediado, sua resposta começou a ser única e solene. Assim como quando criança, sempre descartaria aquilo que não queria, seja uma bola, seja uma pipa, seja uma vida.

No começo os membros do conselho da corte, do governo e todos aqueles que tinham alguma autoridade tentavam intervir, pois não se podia matar uma população inteira só porque está dando trabalho, por isso consentiram a execução de pequenos ratos, indivíduos sem importância ou valor algum.

Mas isso foi um completo erro, pois o imperador tomou um gosto ainda maior pelo sabor do pavor, pelo aroma de sangue e a textura da morte.

Com o tempo, ano após ano, este menino adulto se sentava em um belo trono sob uma montanha construída com sangue, cadáveres e ossos. Ricos, pobres, deixaram de lhe importar no final, tudo era fugaz demais.

O povo, já cansado de tanto rezar, pedindo que este homem miserável morresse, resolveram implorar ao inferno. Clamaram pela ajuda de um demônio, uma criatura qualquer que viesse e fizesse o trabalho que os céus se recusaram.

Após muito pedir, oferecer e barganhar, o demônio aceitou o ofício. E em poucos dias tiveram a notícia de que o imperador fora assassinado e que sua cabeça enfeitava os muros do palácio.

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora