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Oimin95
sopejuun

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As botas finas e gastas esmagavam a lama sob seus pés e o som de passos molhados podia ser ouvido pelas pequenas ruelas que compunham a cidade cinzenta, no canto velho e decrépito, esquecido pela capital.

Eram passos rápidos, afobados e sem estabilidade alguma. Era uma corrida tangente e desesperada em direção a lugar nenhum.

Os moradores locais não se davam ao trabalho de lhe virar o olhar ou de abrir suas janelas, afinal; se alguém corre à noite, não lhe ofereça seus produtos.

E Taemin corria o mais rápido que podia sobre a lama molhada que pavimentava as ruas e sujava a entrada das casas. Seus músculos ainda doíam do espancamento recente, mas não tanto quanto seu peito.

Estava com medo e por mais que esse sentimento seja recorrente em demasia, não podia se acostumar, não queria se acostumar com a sensação de pavor que assolava sua alma e que perseguia sua carne como se fosse uma presa única e imaculada.

Mas como poderia expulsar isso se tudo ao seu redor conspira ao contrário?

Quando as paredes escuras, de uma madeira desconhecida a seus olhos, pareciam se mover e o sufocar a cada passo que dava em direção ao fim da neblina?

Quando tudo que via durante os últimos cinco dias era a certeza de que, mais uma vez, foi abandonado pela sua única âncora?

Jimin o havia deixado naquela estalagem, lhe entregado aos cuidados de uma mulher de sorriso gentil, que sequer falava sua língua e simplesmente desapareceu. O abandonou sem pretextos, apenas com uma promessa de vingança e nada mais.

Ele sabia que isso iria acontecer, sabia que seria deixado quando o capitão descobrisse quem ele realmente era, sua história, sua verdadeira forma.Sua própria mãe não ficou, preferiu a morte ao ter que conviver com um filho podre e sujo. Taemin sabe que pode ser difícil, mas ele sempre se esforçou para preservar, se dedicaria a deixar isso o menos complicado possível, mas não, ela simplesmente virou as costas e o deixou nas mãos daquele homem que só sabia se alimentar.

Por que seria diferente com Jimin?Não era da sua família, era só um marujo fraco e inútil, não havia porquês para ele ficar depois de ver...

Mas no fundo de Taemin brilhava uma esperança genuína, de que a confiança depositada em Jimin não seria desperdiçada.

Quando ele o abraçou sem nojo, quando lhe prometeu cuidado, sua alma sorriu e teve a esperança de finalmente poder ter algo para sorrir.

Ninguém nunca havia o abraçado após presenciar seu estado tão deplorável, mas Jimin o fez. Sua mãe chorou, se deprimiu, se culpou e nunca mais o olhou. Era como se ele fosse feio demais para merecer um olhar.

Mas Jimin o levou a um lugar que julgou ser seguro com pessoas de confiança, lhe avisou que teria que ficar um tempo fora. Mas... Do mesmo jeito... como poderia lidar com isso?As pessoas eram de confiança para o capitão, não para o Flor do Campo.

Todos os dias ele temia o horário em que a mulher entraria trazendo comida, pois sabia que ela iria tocá-lo, que pediria para tirar suas roupas para examinar seus machucados. Mas era difícil, impossível, não queria, não podia.

O toque o dava aflição, o olhar avaliador o deixaria desesperado. Fosse com boas ou com más intenções, ainda sim, doeria.

Doía tanto ao ponto de se tornar insuportável permanecer naquele lugar, por isso fugiu. Não podia, não confiava em ninguém, precisava sair, precisava de alguém para lhe acolher, queria...

Isca para peixeOnde histórias criam vida. Descubra agora